A fé deformadora da barganha

Toda fé religiosa tem o poder de nos conduzir a práticas muito distantes do comportamento de fé de Jesus. Neste sentido, quero falar hoje que toda fé religiosa tenta reduzir Deus exclusivamente a um grande poder impessoal numa relação de negociação.

Muitas vezes a fé “cristã” é equivalente a toda e qualquer religião (no sentido de ir ao templo só para usar Deus quando necessário). Exemplo: imagine um casal em processo de divórcio. A mulher tem um amante e quer se livrar do marido. E o marido quer a esposa de volta custe o que custar. Cada um dos dois procura separadamente um líder religioso para que possa realizar seus desejos opostos. E o líder cristão propõe para cada um dos cônjuges um contrato de fé: faça um sacrifício de fé para merecer e receber o milagre desejado, sem levar em conta o que Deus aprova ou reprova no caso do casal. Cada um faz o sacrifício no templo entregando ofertas em dinheiro, participando de rituais, fazendo orações, freqüentando cultos e etc. É dito que se for feito o sacrifício é inevitável que Deus realize o pedido. Assim, cada um faz sua parte. O casal faz o sacrifício e Deus é obrigado a responder. Disso, surge a fé de barganha.

A fé de barganha é usada exclusivamente como a tentativa de instrumentalização e manipulação do poder de Deus. A fé de barganha proposta pelo líder religioso pode “amarrar” uma união amorosa, bem como desfazê-la, sem fazer juízo moral de valores sobre o caso do casal. Ele é pago pelo casal por seus serviços religiosos sem consultar a vontade moral de Deus. Assim, o pedido do casal e o serviço do líder religioso demonstram a busca do poder divino solicitado independente da vontade de Deus.

Nesse sentido, tem gente que pede a Deus para furar uma fila ou passar numa prova colando. Há crentes que pedem a Deus para lucrar com muita vantagem na venda de seu carro batido sem o comprador perceber. Já soube de gente agradecendo a Deus, porque conseguiu se livrar de uma multa de trânsito, quando molhou a mão dos policiais. Tem marido que ora pedindo a Deus livramento do flagrante de adultério, quando está no motel com a amante. Tem crente pedindo a Deus para matar seu vizinho. Soube de crentes invejosos e cheios de cobiça pedindo a Deus que tire o colega do emprego, quebre o carro novo do vizinho, ou termine o namoro ou casamento da pessoa cobiçada.

Será que esse tipo de fé, que reduz Deus apenas a um grande poder impessoal, foi ensinada, usada e aprovada por Jesus? Jesus diria que isso é a fé idólatra, pois reduz Deus a ser igual a qualquer “um deus”, quando o relacionamento com Deus é reduzido a experimentar o poder de Deus sem consultar sua vontade sobre nossas vidas. Isso é atribuir a Deus um poder neutro, e, portanto, despersonalizá-lo de seu caráter, sua soberania e santa vontade moral sobre nós. Esta é a fé deformadora, além da forma e da fôrma da justa medida da Palavra de Jesus. Pois, Jesus ensinou a orar pedindo que “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade (e não a minha), assim na terra como no céu” (Mt 6:10). Jesus revela que Deus é pessoalmente santo e tem sua santa vontade absoluta estabelecida em sua Palavra para nós.

Em resumo, toda fé religiosa é idólatra, porque busca somente os milagres, bênçãos e o poder de Deus sem considerar o caráter de Deus que opera milagres e bênçãos com poder. A fé religiosa adora somente o poder divorciado da pessoa de Deus. A fé de Jesus busca formar discípulos que tem o caráter de Deus. A fé formadora de Jesus busca, antes de tudo, saber a opinião de Deus sobre nossos desejos e pedidos. A fé de Jesus deseja a vontade de Deus em nós. Pense nisso! E deixe de barganhar com Deus.

2 comentários:

  1. Fala jairinho... muito boa essa série sobre fé cara. Incrivel, eu tenho refletido sobre o mesmo tema mano. Muito bom. Estou com saudades de vc.

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  2. ola jairo

    mt legal o texto!
    amo Jesus, mas odeio religião

    abraçøs

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