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Olha o tamanho dessa cobra!



Olha que impressionante! Essa cobra enorme foi encontrada pelo IBAMA quando estava prestes a atacar uma pessoa. Agora fique em silêncio, aumente o volume e preste atenção no chiado que essa cobra faz. O chiado parece um choro de uma criança para atrair suas vítimas. Depois você me fala o que achou do vídeo.

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O que Jesus diria sobre o caso Isabella?


Quem não tem acompanhado o caso Isabella? A mídia nos tem bombardeado há mais de 1 mês com esse caso, acompanhando cada passo desse trágico e misterioso assassinato de uma menina de 5 anos jogada do 6º andar de um prédio. Segundo as notícias que recebemos da mídia, a polícia tem provas suficientes para indiciar o pai e a madrasta de Isabella por homicídio qualificado, mas os advogados do casal trabalham na hipótese de uma terceira pessoa no local do crime que teria assassinado a menina. E do jeito que a mídia conduz as notícias - interpretando o caso e nos induzindo a condenar o casal – houve uma comoção nacional fazendo a população se autojustificar dando seu veredito com sede de vingança e ódio.

Diante disso, o que Jesus diria sobre o caso Isabella? Em Mateus 5:21-26 lemos Jesus interpretando o espírito do mandamento “não matarás”. Jesus nos alerta que, para os religiosos, a interpretação desse mandamento reduzia o homicídio à morte física. Assim como nós, os religiosos enchiam seus corações de justiça própria – porque nunca mataram fisicamente ninguém - apontando o dedo condenatório na cara dos homicidas. Além disso, a maior motivação do coração dos religiosos em não matar ninguém fisicamente era o medo e a culpa de “quem matar estará sujeito a julgamento”. Então, o jeito dos religiosos reprimirem o homicídio era a punição. Mas esse tipo de repressão produz uma mudança falsa de fora para dentro.  

Ao se deparar com esse quadro de interpretação da letra da lei, Jesus chega e acaba com essa incorreta versão religiosa da lei, interpretando e cumprindo o espírito da lei do jeito da vontade de Deus. Ao fazer isso, Jesus revela e desnuda o coração pecador do homem para transformá-lo verdadeiramente de dentro para fora. Jesus nos ensina que o homicídio é criado dentro do coração pecador antes de ser consumado de fato pelas mãos. E assim, todos nós, sem exceção, somos homicidas pela natureza de nosso coração pecaminoso.


Diante disso, Jesus diz que existem três maneiras de matar o próximo: (1) A ira mata – “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento...” Este é o sentimento de ira que leva ao ódio. 2) A ofensa mata – “...e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal...” Esta é a ira expressa em violência verbal. (3) O desprezo mata – “e quem lhe chama: Tolo, estará sujeito ao fogo do inferno”. ( “Tolo” é o termo aramaico para desprezo, indiferença). Esta é a ira que exclui o próximo e cruza os braços deixando-o morrer agonizando de dor. Em resumo, Jesus diz que a ira, a ofensa e o desprezo matam a alma do próximo da mesma forma de quem mata o outro fisicamente. Porque, para Jesus, “de dentro, do coração dos homens, é que procedem os...homicídios...” (Mc 7:21) quando excluímos o próximo da nossa vida ao ferir o seu coração com ira, ofensa e desprezo. Com isso, Jesus nos diz: Atire a primeira pedra no casal Nardoni quem nunca jogou alguém do 6º andar de nossas vidas. Ao ouvir essas palavras de Jesus, entendo que em muitos momentos nossa ira, ofensa e desprezo jogam muitas pessoas do 6º andar de nossas vidas.

Assim, ouso dizer que somos a terceira pessoa do caso Isabella quando nos justificamos ao condenar o casal com ódio e vingança. E ainda, quando nos esquecemos que, segundo Jesus, somos tão homicidas quanto quem joga uma criança do 6º andar. Perceba como Jesus nos leva a sondar nosso próprio coração para enxergarmos a nossa natureza pecaminosa de homicidas em potencial e nossa extrema carência de sua graça redentora.


É nesse momento que a graça de Cristo surge ao indicar uma solução para te libertar das grades do homicídio: (1) Se você tem jogado fora algumas pessoas da sua vida “deixe perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então voltando, faze a tua oferta” (Mt 5:24), porque sem reconciliação com teu irmão não há verdadeira adoração. (2) Ou se você é quem está sendo jogado fora da vida dos outros, “vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.” (Mt 18:15). Ou seja, Jesus deseja a ressurreição daqueles que matam e/ou morrem na guerra dos relacionamentos. Cristo chama tanto o ofendido quanto ao ofensor a vencer o orgulho, tomando, cada um, a iniciativa de mostrar a outra face do perdão com a reconciliação. Ofereça o perdão que você recebeu de Deus perdoando e reconciliando-se com seu próximo. Imite a Cristo dizendo: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que estão fazendo” (Lc 23:34). Não deixe a reconciliação para amanhã se você pode fazer hoje. Amanhã pode ser tarde demais.


JAIRO FILHO

OBS: Texto escrito em 2008. 

O reitor e o maltrapilho

Eis aqui a história do reitor da maior universidade do mundo. Ele está acima de qualquer suspeita por ser o mais conceituado, sábio, justo, irrepreensível e amoroso reitor de todos os tempos. É conhecido como um mestre por excelência – sua metodologia pedagógica é regeneradora e metamórfica. É conhecido por transformar indivíduos anônimos em pessoas conhecidas, maltrapilhos ambulantes em doutores do saber e da vida. Ele é o reitor da Universidade da Vida.

Essa universidade é muito concorrida. Todos querem matricular-se para viver nela. Muitos estudiosos tentam entrar por meio de todo tipo de esforço próprio. Fazem grupos de estudos rigorosos, são disciplinados, inteligentes, dominam o saber, buscam conhecimento o tempo todo. Muitos desses nerds, com sua suposta sabedoria, ofenderam o Reitor quando se intitularam mais sábios do que ele, se rebelando contra sua vontade e achando conhecedores do bem e do mal. Esses peritos do saber do bem e do mal sempre são reprovados no vestibular. Com isso, ninguém jamais consegue ser aprovado. A cada reprovação, uma decepção, um mistério a ser desvendado e um grito de injustiça é engolido seco pelos nerd's reprovados. Assim, ninguém consegue por si mesmo passar na Universidade da Vida para estudar aos pés do reitor, mestre da vida, mesmo que passem a vida toda estudando.
Pois, é impossível alcançar o alto índice de sabedoria do Reitor e ser aprovado em todas as perguntas com sua própria sabedoria. Enfim, ninguém consegue ser aprovado no vestibular por meio de seu próprio esforço acadêmico, nem seu currículo escolar, nem com sua própria sabedoria.
 

Mas um dia aconteceu algo absurdo e sem lógica. O amoroso reitor se revela: Sai de sua sala à procura de novos alunos. Para o espanto de todos, ele passa a conviver no meio de pobres, mendigos, analfabetos, marginais, ignorantes e loucos, a fim de matriculá-los na sua universidade da vida.

Ao sair de sua sala, o mestre dos mestres encontra um cenário de ignorância intelectual, violência lingüística, analfabetismo moral e pobreza de espírito. Sua compaixão se manifesta enquanto vê e toca em pessoas alienadas do saber. E decide matricular todos os loucos e analfabetos em sua universidade, por amor de seu nome. Mas, a partir dessa decisão, surge um dilema: Somente poderia entrar na Universidade da Vida quem passou merecidamente no seu vestibular. E isto é justo. É justiça. E agora, como fazer justiça?

O reitor, então, chama seu único filho e o desafia a estudar muito, no lugar de todos aqueles pobres de espírito. Seu filho, voluntariamente por amor ao seu pai e aos analfabetos maltrapilhos e débil mentais, começa sua jornada de estudos diários durante 33 longos anos de muito sofrimento mental e renúncia, solucionando problemas complicados e quase delirando nos labirintos do saber.

Até que chega o grande dia do vestibular. A concorrência é grande. Muitos chegam animados ao local da prova. Dentre a concorrência existem nerds, PhD’s e uma forte torcida contra o filho do reitor. Todos eles com inveja, reclamando seus direitos perante suposta injustiça.

O cartão de inscrição do vestibular do filho do reitor indica o prédio Calvário e a carteira com o formato de cruz como sendo o lugar para fazer tão terrível prova. Após longas horas de sofrimento mental, emocional e espiritual, o filho do Reitor conclui a prova, mas seu corpo se esgota, ultrapassando seus limites. Três dias depois, sai à lista dos aprovados. Todos correm ansiosos pra ver o resultado. Mas, para o espanto de todos, o único que foi aprovado com nota máxima foi o filho do reitor.

Após a aprovação de seu filho, o reitor vai ao encontro dos analfabetos e ignorantes. De uma maneira especial encontra um maltrapilho sujo, imoral, com sérias debilidades mentais, analfabeto e entrega o diploma de doutorado da Universidade da Vida. Esse maltrapilho, sem entender nada, olha pra si mesmo e diz que não merece tal diploma porque não estudou nada e nunca teria condições de passar nesse vestibular. O reitor, com um olhar de amor e justiça, diz que esse diploma foi conquistado pelo seu único filho quando foi aprovado no calvário, em seu lugar. O Reitor diz que este diploma é do seu filho, mas que está sendo entregue a todos aqueles que reconhecem que nunca poderão passar no vestibular por si mesmos. O reitor diz: “Agora, maltrapilho, torna-te o que tu és: um doutor. Você tem a vida toda para se tornar no doutor que você já é.” Então, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração constrangido, aquele maltrapilho, confiando na suficiência da aprovação do filho do reitor como único e suficiente meio para entrar na Universidade da Vida, recebe o diploma e responde ao convite para matricular-se na Universidade da Vida.

A partir daí, o reitor e o maltrapilho começam a andar juntos e acontece a grande transformação. As aulas transformam o maltrapilho num ser humano digno e decente, com sede do conhecimento e amor pelo reitor. Enquanto passa a vida aprendendo, aquele homem maltrapilho sempre se lembra de que sua identidade foi marcada pelo reitor. Em resposta a essa bolsa de estudo e ao diploma recebido, o maltrapilho se dedica ao máximo para se tornar no que já é: um doutor.

Assim é o evangelho da graça de Deus. O diploma da salvação é conquistado unicamente por Jesus no vestibular da cruz. É dado imerecidamente para os maltrapilhos analfabetos e recebido com fé para transformá-los a cada dia no que já são: PhD salvos e santos. Receba a graça da salvação e durante toda a tua vida, torna-te o que tu és.

Em Cristo, o Reitor-Filho, o Filho-Reitor
Jairo Filho, o doutor-maltrapilho, o maltrapilho-doutor.

Do útero à sepultura e da sepultura ao útero



Todos nós temos uma grande certeza na vida: Nascemos de um lugar escuro - o útero materno - em meio a lágrimas e sangue; e, qualquer dia desses, nós morreremos e iremos para um outro lugar escuro - a sepultura - também em meio a lágrimas e sangue. O intervalo entre o útero e a sepultura é o espaço-temporal da história de nossas vidas. Olhando desse jeito para nossa existência efêmera, não podemos impedir chegar às perguntas: Por que vivemos? Qual o sentido para acordar e viver todos os dias? Nossa alma precisa saber o sentido de viver nesse mundo para continuar vivendo. Será que você está buscando uma razão maior para viver? Como vivemos do útero à sepultura?

Parece que a existência da grande maioria de nós é igualmente cíclica. Para muitos, o sentido da vida se resume num ciclo de nascimento, brincadeiras na infância, estudo, trabalho, namoro, casamento, filhos, família e morte. Outros seguem um estilo de vida parecido: comem, bebem, trabalham, fazem muitos amigos, buscam eventuais sensações de prazer, ficam realizados; e, no fim, tudo se acaba. Outros, mais idealistas, encontram o sentido da vida no ciclo insaciável de sonhar, planejar, lutar e realizar. Depois de realizar o que sonharam se encontram com o sentimento de que “não era bem isso que eu queria” ou “já realizei. E agora? O que eu faço mais pra continuar vivendo?” Oscar Wilde tinha razão quando afirmou que “neste mundo só há duas tragédias – uma é não conseguir o que se quer, a outra é conseguir”. Este é o retrato da insaciavel alma humana. Será que a vida se resume nas expectativas desses ciclos? Ou será que a vida tem algo mais?

Andando pela vida, percebemos pessoas que vivem apenas a rotina de uma mesma sucessão de dias sem destino nem propósito. São vidas vazias, enfadonhas, depressivas que trabalham arduamente durante a semana, ansiosas pela chegada do fim de semana ou feriados para gastar o que ganharam no trabalho curtindo picos de prazeres momentâneos. O pior é que a frustração e a insatisfação chegam em noites mal dormidas do domingo, porque nenhuma aventura alucinante tão esperada aconteceu, ou porque o que aconteceu não era bem aquilo que queria que acontecesse. E quando a semana começa, com ela vem mais uma expectativa para um novo fim de semana. Para estes, o propósito da vida se resume nas aventuras e realizações dos prazerosos fins de semana da vida. Para esse tipo de gente, a vida é infeliz não porque derramam lágrimas sem cessar, mas porque buscam anestesiar a dor do vazio existencial tentando satisfazer suas vidas com prazeres insaciáveis. Essas pessoas usam a máscara da alegria no grande público durante a semana, mas quando se encontram sozinhas em sua privacidade tem que admitir que tudo o vivem não passa de dramatização e ilusão.

É importante notar que o hedonismo curtido nos fins de semana da vida nos aliena da luta por justiça social, afasta para bem longe a idéia da doença e da morte, nos dá a impressão de que somos super homens com vida eterna aqui na terra, resume a vida numa constante celebração do funeral dos sonhos e do sentido da vida e nos traz a idéia de que estamos sozinhos e abandonados aos caprichos do destino sem nenhuma intervenção divina. A paixão narcisita pelo próprio corpo sarado e emplastificado, as baladas de fim de semana, o sexo superficial e descartável, o consumo de drogas, o vício da auto realização e bem estar, o ateísmo e o sincretismo religioso, e ainda, o consumismo capitalista nos oferecem essa impressão. Quanto mais malham e emplastificam o corpo, mais ficam insatisfeitos com o próprio corpo. Quanto mais festejam a vida, mais se enterram numa depressão existencial. Quanto mais orgasmos sentem, mais sozinhos e carentes de coração vivem. Quanto mais adrenalina e endorfina experimentam, mais ficam viciados numa droga de vida. Quanto mais céticos e religiosos são, mais certeza tem de que sua peregrinação existencial e espiritual caminha perdida e cheia de dúvidas, medo, culpa e preconceito. Quanto mais sonham, realizam e compram, mais insatisfeitos, pobres e vazios ficam. E a sensação que se tem é que do útero à sepultura tudo é inútil e em vão. É como nascer para correr atrás do vento e morrer de mãos e corações vazios. Mas será que a vida se resume a isso, ou existe um outro estilo de vida com sentido?

A Palavra de Deus, revelada nas sagradas escrituras judáico-cristã, intrepreta essa vida enfadonha, depressiva, inútil, hedonista e sem Deus como conseqüência da culpa do pecado do homem que o separou de Deus (Romanos 3.23). É por isso que do útero a sepultura a vida é sem sentido, vazia e sem destino certo. As pessoas sem Deus vivem seu estilo de vida como rebelião contra Deus, vivem uma inimizade contra Deus (Colossenses 1. 21 e Efésios 4.17), sentem um prazer ímpio de desobedecer a vontade de Deus (Romanos 1. 29-32) e, como conseqüência, andam pela vida mortas e enterradas na sepultura de seu próprio pecado (Efésios 2.1). O homem cometeu um suicídio existencial quando decidiu viver independente de Deus (Romanos 6.23.). Porque fomos criados por Deus para viver em Deus e não sem Deus. Por isso que não há vida sem Deus. Quando o homem decide viver sem ter um relacionamento com Deus, ele se perde na sua própria existência e morre sem Deus, vivendo do últero a seputura uma vida mesquinha, sem sentido, sem esperança e sem vida.

Mas a Palavra de Deus tambem nos apresenta Jesus Cristo como a único sentido para vida, sendo ele a nossa nova vida (Filipenses 1.21) e a nossa única esperanca para viver aqui e agora e lá e além por toda eternidade. Quando lemos a Biblia, encontramos a boa notícia do favor imerecido de Deus que nos ressuscita da sepultura de nossos pecados (Efésios 2.4-6) e nos faz uma nova criação (I Coríntios 5.17). Ou seja, a cruz de Cristo é a prova do amor de Deus pelos pecadores (Romanos 5.8) como ato de reconciliação (Colossenses 1.22 e Romanos 5.10 e 11), perdão dos pecados (Romanos 5.1), salvação eterna e novo estilo de vida de obediência por meio de Cristo. Quando chegamos ao pé da cruz de Cristo, nosso coração é convertido pela graça de Deus, através da fé em Jesus e arrependimento dos nossos pecados. Pela fé, Jesus Cristo passa a ser reconhecido como único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas. A partir dessa entrega, caminhamos para um novo estilo de vida onde valorizamos um relacionamento íntimo de amor com Deus por meio de Jesus Cristo, obedecemos a Deus de coração, recebemos a nova vida em Cristo por meio da fé, encontramos sentido e propósito para viver por Cristo e em Cristo (I Coríntios 5.14, 15), recebemos segurança de vida eterna com Deus (João 3.16), e recebemos a missão de viver a vida de Jesus entre as pessoas que convivemos (Atos 1.8). Assim, um relacionamento com Deus por meio de Jesus Cristo é o único jeito de viver capaz de preencher o vazio do coração daqueles que vivem nessa enfadonha sucessão de dias sem sentido nem propósito.

Quando Jesus entra em nosso coração, sentimos arrependimento pelos nossos pecados. Ou seja, o arrependimento provoca em nós uma mudança de mente, uma expansão de consciência, uma redefinição de nossos valores e prioridades, uma visão de mundo pela perspectiva de Deus, novos sentimentos, desejos, vontades, disposição, atitudes e comportamentos, uma mudança e abandono da rota do pecado para dar um giro de 180º em direção ao caminho da vida com Deus. E essa transformação do ser acontece por um processo gradual e continuo pela resto da vida na formação do caráter de Cristo em nós. Ou seja, de uma vida que valoriza a estética de um corpo sarado, em Cristo, passamos a valorizar o caráter das pessoas. De uma cosmovisão que busca exclusivamente realização individual, em Cristo, passamos a buscar justiça social. De múltiplos orgasmos pornográficos, superficiais e descartáveis, em Cristo, passamos a fazer sexo no casamento com amor e fidelidade. De corpos viciados em plásticas, regimes e na tirania da estética da moda, em Cristo, passamos a desfrutar da beleza do amor de Deus e da vida simples com as pessoas que amamos. De um consumismo desenfreado, em Cristo, passamos a viver contentes e satisfeitos em toda e qualquer situação (Filipenses 4.11-13), porque Deus é o nosso bem maior. De uma vida alienada e anestesiada pelo êxtase dos entretenimentos e hedonismos dos fins de semana da vida como fuga da realidade, em Cristo, passamos a desfrutar de todos os momentos rotineiros de nossa vida com sentido, saboreando cada detalhe da vida em pedaços deliciosos de se viver um banquete com Deus, mesmo estando no vale da sombra da morte (Salmo 23). De uma vida enterrada no vício de uma vida de droga e de uma droga de vida, em Cristo, passamos a viver libertos pela verdade (João 8.32) de uma vida em abundância (João 10.10b) da presença do amor de Deus. E de uma vida deprimida no tédio ocioso existencial, em Cristo, passamos a ter o propósito de viver em prol do Reino de Deus a serviço das pessoas. Essa é a nova vida que Deus nos oferece, em Cristo, que nos resgata da sepultura do pecado para renascer do útero de Deus.

Deus te chama da sepultura do pecado para renascer no útero de Deus. Somente em Cristo, rebemos a nova vida de desfrutar de um relacionamento íntimo de amor com Deus. Assim, se você quer se encontrar consigo mesmo, viver contente em todas as situações e circunstâncias reais da vida, encontrar o sentido de acordar todos os dias, acorde antes para encontrar o lugar do relacionamento de Deus na sua vida antes que seja tarde demais. Saia do sepultura do pecado e venha renascer do útero de Deus pela fé em Jesus Cristo. E seja perdoado para desfrutar da amizade de Jesus Cristo e viver a vida em abundância de obediência a santa vontade de Deus.

Em Cristo, o sentido da nossa vida

JAIRO FILHO

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Frases

A vida é como fumaça espiralada
que se desprende do pavio instável,
em volteios, em lufadas, em devaneios
cincunvolto,
Irrealidade fina e vã
mergulhando no vácuo.
O mesmo fim para o casebre e o palácio,
Para a prisão e o tribunal!
A mesma chama consome igualmente
Sabedoria e loucuras
Para isso mesmo é que viemos:
Ó vaidade das vaidades!

W. E. Henley (Of The Nothingness of Things - "Das coisas reduzidas a nada") - Citado por Michael A. Eaton no Comentário de Eclesiastes - São Paulo: Vida Nova, p. 13.

A sabedoria de viver a vida como ela é



O nome eclesiastes vem da palavra grega “eclésia” que significa igreja, assembléia, reunião. E o nome “eclesiástes” é o nome grego para o nome hebraico “qoheleth” que significa “o sábio que reune  uma assembléia para falar-lhe; ou, simplesmente, o pregador, aquele que sabe e diz o que sabe”. O qoheleth é um homem sábio, colecionador de provérbios, professor e escritor. A tradição judaica garante que cântico dos cânticos foi escrito na juventude de Salomão, enquanto que o livro de provérbios foi escrito na sua maturidade e, finalmente, em sua velhice, Salomão escreve o livro de eclesiastes. Para melhor entender o livro de Eclesiastes é necessário algumas considerações:

Realidade
O eclesiastes enxerga a vida como ela é sabendo sobre a vida real debaixo do sol. O propósito do eclesiastes é examinar a vida aqui e agora. Ele descreve e analisa o que vê. Salomão não destaca as realidades espirituais por trás de cada evento da vida; ele, simplesmente, fala dos fatos reais que acontecem debaixo do sol. Ao usar a expressão “debaixo do sol” (30 vezes), Salomão se refere ao mundo visível. O foco de seus pensamentos não são as entrelinhas, mas as linhas da realidade nua e crua como ela realmente é. O discurso do pregador descreve a vida despida de ilusão, maquiagem e escamoteamento cor de rosa. Interessante que o pregador Salomão rejeita todo e qualquer jargão decorado que tenta explicar a vida com chavões do tipo: “Deus fecha uma janela, mas abre uma porta; Deus escreve certo por linhas tortas; Deus tarda, mas não falha; Deus tem um plano para a sua vida”. Falamos isso com muita fé e entusiasmo quando as crises da vida não estão nos alcançando no momento. Porém, quando somos assaltados pela violência da dor da existência gritamos: “Por que isso foi acontecer comigo? O que eu fiz para merecer isso?” Então, nessa hora, aparece gente dizendo os mesmo chavões ditos anteriormente por nós. E logo percebemos que esses gelados provérbios religiosos não passam de "blablablá" superficiais e sem sentido, incapazes de nos consolar em nossas feridas existenciais.

Vaidade
É assim que o eclesiastes descreve a realidade da vida. Ele usa o superlativo “vaidade de vaidades”, “super vaidade”, “vaidadíssima”, "vaidade completa". Entre 1:2 e 12:8 o pregador repetirá esta declaração-chave cerca de 30 vezes como quem quer comprovar que a vida é uma vaidade. 

É necessário saber que a palavra vaidade usada pelo eclesiastes não tem nada haver com essa conotação popular de que vaidade é essa vida empavonada, cheia de ostentação, nabalesca, cheia de luxo e brilhosa. Não é esse conceito que geralmente temos de se vestir de um desejo imoderado e infundado de merecer a admiração dos outros; nem é a busca por vanglória e ostentação. Não! A palavra vaidade tem pelo menos três significados:
(1) Vaidade significa passageiro, efêmero, brevidade e transitório. A vida é como uma bolha de sabão ou fogos de artifícios, perfeitos e belos por lampejo de uma fração de segundos; sua perfeição é fugaz, surge e logo se desfaz. É como um vapor, fôlego ou sopro – é transitório, sem substância, vazio. É como o hálito solto numa manhã fria que embaça o vidro do espelho do banheiro e após um segundo se apaga a não existe mais. É nada de nada; é névoa de nada. É uma névoa que se evapora que logo se extinguirá e não mais voltará.
(2) Vaidade também significa fútil, sem sentido, absurdo ou sem significado.  A vida é vista em estado de fraqueza e desconfiança em que demonstra futilidade, vazio, oco, falta de senso, frívolo, sem valor, vão, sem produzir efeito, engano, ilusão, ridículo, bobagem, besteira, tolice. O Eclesiastes diz que nada é digno de confiança, nada é substancial; nenhum esforço de per si trará satisfação permanente; as maiores alegrias são transitórias. Recentemente, um jogador de futsal de Guarapuava-PR morreu quando deu um carrinho numa dividida de bola e escorregou num piso rachado e um pedaço de madeira perfurou sua a perna e entrou na barriga do jogador. Ao chegar ao hospital ele morre por hemorragia generalizada. Algumas semanas atrás, na cidade de Ivaí-PR, aconteceu um evento de corrida de carro. Após uma demonstração de um carro, o disco de embreagem desse carro se soltou e foi lançado direto no estômago de um menino de 10 anos que morreu na hora, caindo no chão diante da platéia assustada e boquiaberta, com todos os intestinos expostos para fora do corpo. Também soube da notícia de um homem que morreu de uma parada cardíaca enquanto dirigia seu carro em alta velocidade. Havia somente uma criança no carro, sentada no banco de trás, que testemunhou a morte desse homem, e tentou acordá-lo, abraçando o homem por trás. Com o carro em alta velocidade e descontrolado, um caminhão bateu de frente com o carro. O carro ficou todo destruído. E os corpos irreconhecíveis. O resgate achou o braço cortado da criança abraçado na cabeça decapitada do homem. Diante de tudo isso, Salomão diz: Vaidade de vaidades. Não faz o menor sentido.
(3) Vaidade ainda pode significar algo incompreensível ou enigmático. Salomão descreve a vida e seus mistérios. Mas, ele deixa claro que não é que a vida não tenha sentido, mas é impossível identificá-lo plenamente. E é por isso que não tem sentido, se não é possível identificar. Qual o significado da morte prematura de uma criança? Qual o sentido de um terremoto ou tsunami destruir toda uma cidade? O que podemos aprender com o nascimento de uma criança deficiente mental e/ou física? Salomão diz: A vida é vaidade de vaidades. Tudo é vaidade, névoa de nada, bolha de sabão.

Experiência
O eclesiastes enxerga a vida como ela é sabendo que experimentou plenamente a vida como ela é. O sábio Salomão, quando escreveu o eclesiastes, não está sentado numa biblioteca fria, embriagado com suas elucubrações teológicas e filosóficas, pesquisando bibliografias e escrevendo notas de rodapé numa tese discursiva sobre a vida. Ele não é um cientista existencial que está num laboratório esterilizado e isento das contaminações das crises da vida; nem está, imparcialmente, analisando a existência, como também não está testando suas teorias sobre a vida. O escritor do eclesiastes é alguém que viveu com toda intensidade a vida como ela é. Ele viveu de tudo e agora acha que a vida não faz sentido. Ele não fez um tratado químico e psicológico sobre a maconha, ele experimentou todas as drogas da vida e a vida de drogas. Ele não foi um teórico do capitalismo selvagem, ele foi um milionário esbanjador. Ele não foi um sexólogo, ele se deitou com todo o seu harém. Ele não foi um sonhador, ele construiu todos os seus sonhos. Ele não pedia conselhos, ele era o sábio conselheiro de todos. Ele não pedia autógrafo aos famosos, ele era a celebridade mais famosa de seu tempo. Ele não era um comentarista da vida, ele experimentou toda a vida como ela é por toda vida. E no fim, concluiu: “tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol.” (Ec 2:11b).

Pensar
O eclesiastes enxerga a vida como ela é sabendo que pensar dói. E pensar sobre a vida é, muitas vezes, sair da caixa da teologia e da jaula da religião. Tanto a teologia quanto a religião tem a ousadia de prometer resolver todas as dúvidas, questões e crises existenciais. Salomão vai se despindo da camisa de força das respostas prontas, decoradas e superficiais da religiosidade e foge para a ousadia das perguntas. Ele não tem medo de olhar para a vida como ela é e dizer que não entendeu quase nada, e que quando está quase entendendo, ele conclui que a vida como ela é não faz sentido. Assim, o convite de Salomão é pensar sobre a vida.
Pensar sobre a vida real é tirar os óculos cor de rosa que produzem ilusão sobre a vida. É não por panos quentes sobre as crises existenciais, nem varrer para debaixo do tapete do esquecimento e da ilusão as loucuras da vida. Mas, pensar dói muito. Dói porque é nadar contra a maré dos jargões religiosos. Dói porque é se decepcionar com as respostas superficiais da fé. Dói porque é uma luta interior contra antigas convicções abaladas pela vida como ela é. Dói porque nos retira da zona de conforto para o trabalho árduo da reflexão em busca de novas respostas.
Mas quem pensa sobre a vida se lança no vento da sinceridade e da transparência. Quem pensa se liberta da camisa de força da religião. Quem pensa destrói a irracionalidade, o conforto e a preguiça da superficialidade da fé. Quem pensa não enterra a vida e a fé no mar de rosas da ilusão. John Stott já nos ensinou que “crer é também pensar, é perguntar o que não sabe e verificar se as verdades aprendidas resistem a um teste mais rigoroso”. Quando nos abrimos para pensar sobre a vida aceitamos mais facilmente o mesmo convite que Deus fez a Isaías (1:18): “Venham, vamos refletir juntos”. Deus não é contra as interrogações nem a reflexão introspectiva em busca da sabedoria para viver a vida como ela é. Pensar é plantar a fé embrionária no terreno sagrado do conhecimento e regá-la com reflexões com a garantia de colher frutos de fé madura, forte e produtiva. Pensar nos torna mais humanos à medida que é destruída a irracionalidade, o medo e a incredulidade. Relaxe! A idade das trevas já foi embora e levou consigo o paradigma de que ter dúvidas sobre a fé é passível de condenação nas fogueiras da inquisição religiosa. Assim, aceite o convite do eclesiastes para pensar sobre a vida como ela é; e se libertar da superficialidade e da ilusão da vida, a fim de se aprofundar na fé que não tem medo de viver a vida como ela é.

Respostas
O eclesiastes enxerga a vida como ela é sabendo que não existem respostas para todas as perguntas. Na viagem do pensamento, vamos nos deparar com a certeza de que a realidade da vida é mais complexa do que nosso discernimento pode alcançar. A vida tem muitos mistérios indecifráveis que a mente humana não tem capacidade de responder. A resposta que Salomão nos ensina a dar para as nossas perguntas é “não sei”. Ele já vivia o adágio grego de Sócrates “só sei que nada sei”. Shakespeare colocou essa sabedoria na boca de Hamlet: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia” (Primeiro ato, cena cinco). Ed René kivitz, no seu mais novo livro “O livro mais mal-humorado da Bíblia”, nos ajuda a entender que nós temos a palavra revelada de Deus que é útil (II Tm 3:16) para descrever muitas “coisas importantes sobre o mundo em que vivemos e como ele deve funcionar. Por isso ela é útil. É um dos pontos em que podemos nos apoiar. Não sabemos tudo, mas sabemos o suficiente...Não é possível conhecer toda a verdade, mas é possível conhecer toda a verdade...o que desconhecemos não invalida aquilo que sabemos. O que sabemos não perde a eficácia “só” porque não sabemos tudo o que queremos saber” (p. 24).

Esperança
O eclesiastes enxerga a vida como ela é sabendo que há um Deus agindo nessa realidade aparentemente sem sentido. Por mais que o leitor seja assaltado por um desespero existencial, o livro abre espaço para perceber Deus agindo, apesar da falta de sentido da vida. Salomão, apesar do aparente caos, percebe que Deus está sobre e por trás da história da vida como ela é. A terra, o cenário da história humana, “é daquele cujos os olhos não vem sono nem de dia nem de noite” (Ec 8:16-17a). A esperança nos ajuda a reagir a nossa história de vida, interpretando a vida como ela é, com os óculos de que vêem com fé Deus trabalhando em e por sua criação. Por mais absurdo que se possa entender a vida, a história humana não é despersonalizada, escrita pelo acaso, como se obedecesse ao roteiro de uma máquina programada a cumprir sozinha suas leis de auto funcionamento. O mundo não está no caos solto no acaso. Cada elemento da criação está funcionando como foi planejada para funcionar e controlada soberanamente pelo amor e graça de Deus. Dizer que o mundo veio do acaso é como dizer que houve uma explosão no alfabeto e formou-se um dicionário e um idioma. Quando o eclesiastes diz que a vida não tem significado, significa que ele não consegue enxergar sentido, mas não significa que não há sentido. Por trás das cortinas da vida como ela é debaixo do sol, ainda há um Deus, Pai, soberano e amoroso que tem em suas mãos toda a história da humanidade.

Base
           Só podemos ler o eclesiastes com os olhos mirados em Cristo, ele é a nossa base segura para darmos um salto de fé enquanto pensamos sobre a realidade debaixo do sol juntamente com Salomão. Cristo é o verdadeiro e maior eclesiastes. “Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2:3). A encarnação de Cristo revela toda a sabedoria e todo conhecimento. Se temos o Espírito de Jesus habitando em nós para encarnarmos o evangelho de Jesus em nossa história debaixo do sol, então a sabedoria e o conhecimento de Cristo são o tesouro que está a nossa disposição para vivermos a vida como ela é. 
          Com essas considerações em mãos, vamos viajar pelos pensamentos sábios do eclesiastes de mãos dadas com a sabedoria da encarnação de Cristo para encarnarmos a vida de Cristo aqui e agora, em nossa história debaixo do sol, e viver com sabedoria a vida como ela é.
           Em Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento
Jairo Filho

Frases

"É psicologicamente impossível adorar aquilo que é completamente apreendido. O divino precisa ter algo de qualidade indefenível para manter a devoção dos homens, pois, como os franceses dizem tão bem, "um Deus definido é um deus finito". (...) A religião deve insistir que nós não conhecemos tudo sobre Deus, deve, ao mesmo tempo, insistir que o nosso conhecimento sobre Deus é verdadeiro".

BERTRAND BRASNETT. Citado em Winkie PRATNEY, A natureza e o caráter de Deus. São Paulo: Vida, 2004, p. 19.


"Não é possível conhecer toda a verdade, mas é possível conhecer a verdade". 

Ed René Kivitz, O livro mais mal humorado da Bíblia, São Paulo: Mundo Cristão, 2009, p. 24.

Karis


David Kornefield, Karis e Débora Kornefield


Acho que a frase que melhor resume a história de Karis é essa:

"Ter fé quando não há milagres é um milagre maior do que ter fé para operar milagres". Caio Fábio.

Pense nisso!
Em Cristo, 

Jairo Filho

O homem e o conhecimento - João Calvino

"A soma de quase todo nosso conhecimento - que se deve julgar de fato como verdadeiro e sólido conhecimento - se compõe de duas partes: O conhecimento de Deus e o conhecimento de nós mesmos. Como, porém, essas duas formas de conhecimento se entralaçam com muitos elos, não é fácil, entretanto, discernir qual deles vem primeiro e dá origem ao outro."

"Por outro lado, é notório que o homem jamais chega ao puro conhecimento de si mesmo, se antes não contemplar a face de Deus e, da visão de Deus, descer ao exame de si mesmo."

"O homem jamais será tangido e afetado suficientemente pelo senso de sua indignidade, se primeiro não se comparar com a majestade de Deus" (Institutas I. 1, 2, 3)

Deus chama. Deus capacita

A Vontade de Deus nunca irá levá-lo aonde a Graça Dele não possa protegê-lo.

Por que ir à igreja?

Introdução

Por que ir à igreja? Quando faço essa pergunta quero perguntar: Por que ir ao culto no templo? Por que se reunir com outras pessoas para cultuar a Deus? Qual a motivação verdadeira para sair de casa e ir cultuar a Deus com outras pessoas? Qual a motivação para priorizar na agenda semanal a adoração em comunidade? Qual a base bíblica que nos ensina a verdadeira motivação para cultuar a Deus com outras pessoas? Diante de tais perguntas, pretendo visitar esse tema com o propósito de discernir as mais íntimas motivações e intenções do coração de quem (não) vai se reunir com outras pessoas para cultuar a Deus. Este discernimento será trazido à luz dessas perguntas; e buscaremos na Palavra de Deus as motivações verdadeiras sobre cultuar a Deus juntamente com outras pessoas.

Vamos pensar sobre este tema estruturando nossa reflexão em três partes principais: (1) Porque eu não vou à igreja. Nessa parte vamos apenas descrever e avaliar as principais justificativas de quem não se reúne para cultuar a Deus. (2) Porque eu vou à igreja. Nessa parte vamos revelar as principais motivações e intenções distorcidas, enganosas e erradas de quem vai à igreja. (3) A Bíblia me motiva ir à igreja para adorar a Deus. Nessa parte vamos aprender as motivações bíblicas para cultuar a Deus em comunidade.

Parte I - Porque eu não vou à igreja

Na atual pós-modernidade, que se já se decepcionou e hoje se rebela contra toda religiosidade institucional, os vínculos religiosos estão se acabando cada vez mais rapidamente com o surgimento das múltiplas espiritualidades subjetivas, divorciadas do compromisso com qualquer instituição religiosa. Por isso, muitos perderam de vista ou ainda não enxergaram a necessidade de se reunir para adorar a Deus periodicamente e sistematicamente com compromisso de ser membro fiel de um grupo. Assim, muitos levantam algumas objeções contra a necessidade de ir à igreja. Vejamos nessa primeira parte 15 principais objeções:

1. Eu não vou à igreja porque Deus não habita em santuários feitos por mãos humanas. Esse argumento é construído com base no texto de Atos 17:24b. Muitos advogam que Deus é maior do que o templo; sendo assim, não há necessidade de ir ao templo para adorar a Deus. Geralmente, esse é o argumento dado por aqueles que rejeitam todo tipo de reunião comunitária para adorar a Deus.

2. Eu não vou à igreja porque Deus é onipresente e onisciente. Se Deus está em todo o lugar e sabe de tudo, então não é necessário sair de casa para adorar a Deus reunido com outras pessoas, uma vez que é possível adorar a Deus dentro do nosso quarto (Mt 6:6). E com isso, muitos usam o atributo da onipresença e onisciência de Deus (Sl 139:1-12) para não cultuá-lo no templo reunido com outras pessoas.

3. Eu não vou à igreja porque eu mesmo sou a igreja. Sabendo que todo salvo é templo do Espírito Santo, e, sendo assim, é a igreja de Cristo, não há necessidade de chamar o templo de igreja. E com isso, não há dever de sair de casa para adorar a Deus no templo, pois a verdadeira adoração não acontece num lugar geográfico, mas no coração, em espírito e em verdade. Assim, uma vez que o culto não deve acontecer no templo de tijolos, mas dentro de nós mesmos, o templo do Espírito Santo (I Co 6:19, 20), conclui-se que não é necessário ir à igreja.

4. Eu não vou à igreja porque não sou um fanático religioso. Um dos argumentos de destaque para não ir à igreja é aquele que nega a necessidade de freqüentar a igreja toda a semana para cultuar a Deus, sob a justificativa de não se tornar um fanático religioso. Alguns raramente vão à igreja, e quando isso acontece é para aliviar o peso da consciência religiosa, indo apenas em dias especiais como casamento e batismo. Esse argumento não nega totalmente a importância de ir à igreja, mas não enxerga a necessidade de freqüentar o culto na igreja toda semana.

5. Eu não vou à igreja porque o culto é incompreensível e irrelevante. Muitos justificam sua ausência aos cultos na igreja porque não entendem o vocabulário usado na liturgia. As músicas, orações e o sermão são expressos numa linguagem incompreensível e de difícil explicação. Sendo assim, todo o conteúdo do culto se torna irrelevante para todos os que buscam conhecer Deus e alcançar transformação pessoal. Boa parte dos sermões pregados é recheada por jargões eclesiásticos e um dialeto evangélico conhecido exclusivamente pelos iniciados. Além disso, os assuntos pregados são desconexos da vida real e da necessidade do ouvinte. Por isso, muitos não vão à igreja porque não entendem o idioma dos crentes.

6. Eu não vou à igreja porque há monotonia e tédio em todo o culto. Este argumento é levantado por aqueles que já visitaram uma igreja onde sua liturgia se parece mais com um funeral. As músicas são enfadonhas; as orações são melancólicas, desanimadas, decoradas e repetitivas; o ritmo e o tom de voz do pregador são cansativos; e assim, a reação do público é de sonolência contagiante e náusea repugnante. Todos saem do culto torturados pela tristeza e oprimidos pelo tédio, carregando o desespero de que serão obrigados a voltar na semana seguinte para continuar esse ciclo litúrgico engessado e penitente por toda a vida. Por isso, a sensação de liberdade provocada pela ausência ao culto é considerada melhor do que o tédio do culto.

7. Eu não vou à igreja porque o culto é irracional. Muitas expressões de culto em algumas igrejas causam a impressão de que os crentes são um bando de loucos e a igreja não passa de um hospício. As danças imitam passos de animais, os ritmos das músicas são frenéticos, a melodia da voz de quem ora provoca êxtase e hipnose, o sermão é gritado num berro ensurdecedor e manipulador, a reação coletiva do auditório é um emocionalismo irracional. E assim, o tal culto é uma lavagem cerebral doentia, depressiva e opressiva.

8. Eu não vou à igreja porque todos são obrigados e forçados a ir. Muitos carregam o trauma de infância de serem obrigados e forçados a ir à igreja como castigo. Muitos pais castigaram seus filhos por meio da ameaça da obrigação de ir à igreja. Muitos se sentiam reféns de seus tutores quando eram carregados algemados para o culto e ficavam encoleirados no banco da igreja, amarrados pela camisa de força do legalismo religioso, enquanto seu coração esperneava de desejos pela libertinagem. Por isso, muitos vêem hoje o culto na igreja como um presídio moral ou uma casa de tortura espiritual.

9. Eu não vou à igreja porque todos os que cultuam são pecadores hipócritas. A decepção com a igreja produz o cinismo de encarar todos os cultos como o teatro moral dos crentes hipócritas. E a maior reação de vingança contra o trauma da tortura religiosa sofrida - quando descobre que a maioria dos crentes são tarados mascarados de santos - é ter ojeriza e desprezo por cultos na igreja.

10. Eu não vou à igreja porque sou condenado por ser quem sou. Muitas pessoas se sentem pecadoras demais para ir à igreja. Exemplo: Experimente convidar um travestir para ir à sua igreja. Tenho quase certeza de que a resposta dele será: “Não vou. A igreja não vai me deixar entrar nem me receber. Sou pecador demais para ser aceito na igreja.” Muitas igrejas não estão preparadas para receber pecadores em seus cultos. O culto dessas igrejas é feito por e para pessoas religiosamente perfeitas. Seus olhares de condenação apedrejam todos os pecadores carentes da graça de Deus. A discriminação pelos pecadores rouba o lugar da graça de Deus oferecida a todos. Quem ousa entrar nesses cultos, entra num julgamento litúrgico tenso que resulta numa penitência obrigatória de disciplina e discriminação. A tristeza, o medo e o castigo fazem parte de todo o culto. E quem sai do culto, leva consigo mesmo o coração ferido pela imagem de um Deus opressor, tirano e carrasco.

11. Eu não vou à igreja porque as panelinhas da igreja me excluem. Muitas pessoas deixaram de ir à igreja porque não encontraram brechas para o encontro humano, a convivência e a amizade. A antipatia, a indiferença, o medo do diferente, a discriminação, o exclusivismo destrói uma recepção calorosa, simpática, graciosa, aconchegante, digna e amorosa de boas vindas. Acredito que a falta de relacionamentos sadios e verdadeiros seja a principal causa da ausência aos cultos e da rejeição ao convite para ir à igreja. Muitos deixam de ir à igreja porque experimentaram um cenário eclesiástico de guerrilhas políticas, rivalidades ministeriais, competições legalistas de espiritualidade, muitas intrigas de irmãos etc.

12. Eu não vou à igreja porque não concordo em dar o dízimo e a oferta em dinheiro. Outras pessoas desistem de ir à igreja decepcionadas com os apelos dos pregadores da prosperidade financeira que tem enriquecido a custa das ofertas voluntárias do povo simples, carente, inocente e cheio de fé. E com isso, todos os cultos são generalizados e qualificados no mesmo patamar.

13. Eu não vou à igreja porque nada me agrada no culto. Algumas pessoas insatisfeitas negam o convite para ir à igreja porque o culto não é atraente nem agradável aos seus critérios de avaliação litúrgica. Vejo pessoas super exigentes reclamando da arquitetura do templo, do nível social dos membros da igreja, do som, do repertório das músicas, da mensagem pregada, do tempo de duração do culto etc. Enquanto uns querem que o culto seja um show de entretenimento, outros querem que seja feito igual aos cultos tradicionais do passado. Enquanto uns querem um culto que agrade somente a si próprio, outros querem fazer um culto que agrade a todos.

14. Eu não vou à igreja porque não tenho tempo. É a justificativa dada geralmente por quem trabalha muito ou daqueles que não priorizam em suas agendas um momento para cultuar a Deus na igreja. Estas pessoas trocam o dia de adoração na igreja pelo descanso em casa ou inventam algo mais importante para fazer bem na hora do culto e usam esse pretexto para não ir à igreja.

15. Eu não vou à igreja porque eu não quero. Alguns dizem que nada no culto desperta vontade de ir à igreja. Não há um só grande motivo que os atraia para a igreja. Nada os convence de ir à igreja. Outros até são convencidos que devem se reunir para cultuar a Deus juntos, mas não priorizam em suas agendas os cultos e são atraídos por outros compromissos, ou se deixam dominar pela preguiça, ou fabricam desculpas descaradamente fajutas para disfarçar o desejo real de não ir à igreja porque, simplesmente, não querem.

Conclusão: Todas essas justificativas nos conduzem a verificar o seguinte sintoma: Além de não irem ao templo cultuar a Deus, muitos nem sequer lêem a Bíblia ou oram em casa com suas famílias e/ou amigos. Geralmente, quem dá essas justificativas nem sequer cultua a Deus sozinho em casa; assim, sua comunhão com Deus se torna cada vez mais rara, superficial e distante. Essas justificativas merecem nossa atenção e nos conduzem a rever a necessidade de aprender sobre a motivação bíblica de freqüentar o culto público.

Parte 2 - Porque eu vou à igreja


Apesar de observarmos os templos cheios de multidões, nem sempre podemos concluir que as pessoas se reúnem para cultuar a Deus com as motivações e intenções verdadeiramente bíblicas. Nessa parte vamos observar e avaliar as mais diversas motivações distorcidas e enganosas que nos levam ir à igreja. Vejamos 10 argumentos:

1. Eu vou à igreja porque sempre fui à igreja. A maioria das pessoas vai à igreja por causa da tradição familiar. Alguns pensam: “Se todo mundo vai, eu também vou. Se todo mundo vai, então eu devo ir à igreja porque é correto”. Essas pessoas foram ensinadas desde sempre a freqüentar a igreja e nunca questionaram as motivações e as necessidades de ir à igreja. Geralmente, essas pessoas são freqüentadoras assíduas e raramente faltam aos cultos. Essas pessoas estão tão acostumadas a ir à igreja que o dia de culto se tornou sagrado e sua ida à igreja é automática e mecânica. São pessoas que jamais pensam em sair da igreja, porque tal suposição é quebrar toda a tradição religiosa prendida e herdada pela famíla. Mas, quando são questionadas sobre os motivos bíblicos para ir à igreja, essas pessoas não sabem responder os motivos pelos quais os levam a sair de casa para se reunir no culto público.

2. Eu vou à igreja para preservar minha reputação religiosa. Reputação é o que eu sou quando todo mundo está me olhando. É aquilo que dizem acerca de mim. É a imagem que construo acerca do meu nome. É a fama que recebo dos que me observam. Sendo assim, alguns vão à igreja para preservar a imagem de que são freqüentadores assíduos dos cultos na igreja. E essa freqüência à igreja é o que define sua identidade religiosa. Geralmente, quando pensam em faltar o culto dizem: “O que vão pensar de mim se souberem que faltei o culto nessa semana?” Assim, para preservar seu status religioso fazem de tudo para não faltar os cultos na igreja, pois o que impede a ausência ao culto é a preocupação com a opinião dos outros. Se ninguém criticasse, acredito que muitos não iriam à igreja. 

3. Eu vou à igreja para fazer publicidade espiritual. O culto na igreja se torna uma passarela para o desfile da performance religiosa. O tom das orações, os gestuais, as expressões do corpo, as roupas, os elogios, os jargões eloqüentes do pregador, os aplausos são demonstrações da exibição pública de uma espiritualidade ego-látrica. Pessoas vão à igreja para transformar o culto numa olimpíada religiosa para marcar recordes e alcançar rankings de espiritualidade. O culto se torna uma competição de egos famintos por glória. Tem gente que vai a Escola Bíblia para transformá-la num ringue quando promove debates bíblicos e teológicos irrelevantes e abstratos. Tem gente que vai ao culto de oração para fazer seu show da fé ser visto pela mídia religiosa. Tem gente que vai ao culto de louvor para publicar suas coreografias decoradas e hipócritas através dos gestuais piedosos e expressões corporais angelicais. Geralmente, as pessoas que tem essas posturas usam o culto na igreja como ambiente para expressarem suas mais íntimas e inconscientes carências de elogios.

 4. Eu vou à igreja porque eu tenho um cargo na igreja. Tem gente que é motivada a ir à igreja por causa dos cargos na igreja. Quando há eleição para um cargo na igreja, a assiduidade ao culto aumenta para a sua campanha política. Quando já foi eleito, a pessoa vai à igreja porque é obrigada a cumprir com suas responsabilidades ministeriais a qual foi eleito. Há momentos que se não houvesse cargo na igreja, a pessoa não iria. Assim, há muitos que estão dentro do culto pela obrigação dos ossos do ofício ministerial, mas estão emocionalmente e espiritualmente longes do culto.

5.  Eu vou à igreja para ser salvo. Acredito que esse é um dos maiores motivos de tantos templos estarem cheios. As igrejas estão lotadas de gente cheia de justiça própria, querendo conquistar e comprar a salvação pela sua assiduidade ao culto. Apesar de saber que a salvação é pela graça, mediante a fé, muitos ainda internalizam e vivenciam a fé de que fora da igreja não há salvação. Assim, permanecem dentro do templo cultuando para não perder a salvação lá fora, como se a garantia da salvação estivesse na geografia do espaço sagrado do templo.  


6. Eu vou à igreja para ser abençoado. A palavra benção se tornou sinônimo de lucro, bens materiais, vantagem, prêmio. Aqui surge a assiduidade à igreja como barganha. Alguns pensam: “Vou à igreja tantas semanas para conquistar a benção que tanto desejo”. Após receberem a benção esperada, saem da igreja; e só voltam outra vez quando estão novamente em extrema necessidade. Quando são abençoados, a glória é dada a igreja; pois tem gente que testemunha que sua vida está marcada por antes e depois da freqüência à igreja.  Quando a igreja não oferece a benção desejada, a pessoa sai da igreja ou nunca mais entre nela. Essa motivação fabricado uma geração de ex membros de igreja. É trágico diagnosticar que essa motivação tem produzido portas dos fundos da igreja que expelem mais desviados para fora do que  a porta de entrada que recebe novos convertidos para dentro.

7. Eu vou à igreja porque tenho medo do castigo de Deus. O medo produz o combustível para conduzir pessoas à igreja. A imagem que muitos carregam de Deus é a de um deus ditador, tirano e carrasco. Esse deus fabricado pela mentalidade religiosa tem obrigado muita gente a ir à igreja pelo medo do castigo. Dessa forma, muitos pensam: “Se eu não for à igreja, Deus vai me castigar”. Ou ainda concluem: “Estou doente hoje porque faltei o culto da semana passada”. Assim, acredito que se não houvesse castigo do inferno, os templos estariam vazios hoje.

8. Eu vou à igreja para pagar penitência e aliviar a consciência. Para muitos, passar 1 hora dentro do templo é uma grande penitência. Alguns pagam suas promessas das barganhas feitas com Deus indo ao culto no templo. Alguns prometem: “Se Deus fizer esse milagre, eu prometo que irei a tantos cultos”. O resultado é que saem da igreja com a sensação de que estão quites com Deus, que fizeram sua parte, e sentem alívio por estarem desobrigados a fazer mais para Deus. Outros vão à igreja pouquíssimas vezes apenas para manter o vínculo com a tradição religiosa. Ou seja, tem gente que vai à igreja só em casamento, funeral, batismo, santa ceia ou para pedir perdão pelos pecados.

9. Eu vou à igreja quando há culto com entretenimento. Existe um público que só vai à igreja quando o culto tem uma programação especial, atraente, diferente, agradável ao seu paladar litúrgico. Quando há oração, leitura bíblica, adoração, pregação da Palavra de Deus, comunhão dos irmãos, o culto é tachado de chato. Muitos avaliam o culto usando muitos dos critérios de avaliação dos entretenimentos da televisão ou dos grandes eventos seculares; ou ainda, dos critérios de produção empresarial. Quando o culto é parecido com um show e/ou com um programa de televisão, as igrejas lotam; e o sucesso do culto é evidenciado e aplaudido. Dessa forma, a igreja se torna exclusivamente num clube social de entretenimento, ou num parque de diversão, ou numa festa e balada gospel. Além disso, o sucesso de um culto é avaliado pela quantidade de pessoas dentro do templo. Com isso, o culto a Deus é trocado pelo culto ao entretenimento. Ou seja, Deus é reduzido à imagem do entretenimento quando a presença de Deus é simbolizada pelo prazer da diversão, descontração do ambiente e alegria dos crentes clientes. O resultado disso é que a presença de Deus é associada sempre a presença de entretenimento. Se houver entretenimento, Deus está presente e o culto foi uma benção; caso contrário, ninguém vai numa igreja onde o deus entretenimento está ausente. E assim, aquilo que é chamado de culto vira uma baladinha gospel de idolatria ao entretenimento. 

 10. Eu vou à igreja para assistir o culto. A grande maioria das pessoas vai à igreja para ser um telespectador passivo e inerte nos cultos. Assistem calados de braços cruzados toda a programação sem nenhuma reação, envolvimento ou participação. Alguns acreditam que os pastores cultuam a Deus no lugar do povo. E assim, só vão à igreja para ver e ouvir o profissional da religião cultuar no lugar do povo. Isso seria semelhante ao personal trainer praticar exercícios físicos em seu lugar com a exigência que você fique malhado sem fazer o menor esforço. Ou, seria semelhante ao professor que deve passar no vestibular no lugar do aluno que nunca estuda. Ou ainda, seria semelhante ao farmacêutico ou médico que devem tomar o remédio no lugar do paciente enfermo com a exigência de curá-lo sem que ele tome o remédio.

Conclusão: É interessante notar que essas motivações enganosas e fora dos padrões bíblicos abrem espaço para meditarmos sobre conceito bíblico de culto e liturgia, religiosidade, justiça própria, identidade e missão da igreja, ministério e nossa visão do caráter de Deus. Agora pergunto a você: Por que você vai a igreja? Qual a motivação que te leva a sair de casa e se reunir no culto a Deus? Pense nisso! E não esqueça: Deus já sabe a resposta. Não adianta fingir.

Parte 3 - A Bíblia me motiva ir à igreja

Poucas pessoas sabem exatamente os motivos bíblicos que nos incentivam a sair de casa e promover uma reunião comunitária de adoração a Deus com os nossos irmãos em Cristo. Nessa parte vamos meditar sobre as bases bíblicas que nos induzem a ir à igreja para cultuar a Deus em comunidade. É necessário deixar bem claro que nosso objetivo aqui não é examinar exaustivamente a teologia do culto nem fazer um resgate histórico das mais diversas expressões litúrgicas na igreja cristã, como também não é produzir e descrever uma eclesiologia sistemática. Nosso objetivo é simplesmente passear panoramicamente pelas Escrituras Sagradas a fim de encontrar algumas evidências do propósito de Deus em reunir seu povo para adorá-lo e serví-lo mutuamente em amor.

1. A Bíblia me motiva ir à igreja porque fui criado para adorar a Deus por meio de relacionamentos no culto em comunidade. Isto é, a natureza humana foi criada à imagem e semelhança da trindade. O nosso único Deus é trino: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Deus é uma comunhão entre pessoas divinas, distintas e iguais ao mesmo tempo; e não existe solitariamente. Interessante notar que mesmo sendo criado por Deus e para Deus, e mesmo desfrutando da presença de Deus no Éden, o homem está só. Deus anuncia o diagnóstico da solidão humana quando disse: “Não é bom que o homem esteja só...” (Gn 2:18). Ou seja, o homem se sente só pela ausência de um ser semelhante. O homem possuía alguém acima dele – Deus – e também abaixo dele – a criação -, mas não possuía ninguém ao lado dele, como seu igual; e nessa dimensão estava sozinho. Por isso que não é bom que o homem esteja só sem alguém semelhante ao seu lado. A criação do homem seria totalmente completa quando fosse criado alguém semelhante para conviver em relacionamento com o homem. Assim, para o homem ser completo é necessário viver numa relação entre iguais. E refletirá a imagem e semelhança da trindade quando desenvolver essa unidade com o próximo e com Deus. Por isso, podemos dizer: Pessoas precisam de Deus. Pessoas precisam de pessoas. São dois lados da mesma moeda. As pessoas precisam se relacionar com pessoas para serem plenamente pessoas. Ser gente de verdade é estar junto de gente. Ninguém é chamado a viver sozinho. Ninguém é uma ilha humana. Nossa humanidade é restaurada quando há relacionamentos humanos, encontros em comunidade, reunião de pessoas em torno da pessoa e obra de Cristo. Assim, a espiritualidade em Cristo é comunitária e relacional, pois ninguém cultua a Deus sozinho sempre. Em Cristo, somos chamados a conviver com as pessoas e cultuar a Deus juntos. E a verdadeira adoração se expressa quando refletimos a imagem e semelhança de Deus em nós por meio dos cultos em comunidade.

2. A Bíblia me motiva ir à igreja porque Deus chama e reúne seu povo para adorá-lo no culto em comunidade. O Antigo Testamento nos apresenta o culto a Deus feito em e pela família na época de Adão até os Patriarcas. Caim e Abel sacrificaram (Gn 4:3, 4). Noé sacrificou após sair da arca (Gn 8:20). Jó oferecia continuamente holocaustos pela expiação dos possíveis pecados dos seus filhos (Jó 1:5). E lemos no livro de Gênesis os patriarcas cutuando a Deus com suas famílias por meio da circuncisão (Gn 17:9-14), oferecendo seus filhos em sacrificio a Deus (Gn 22:1-19), construindo marcos de adoração a Deus (Gn 28:18). Não se sabe exatamente como eram esses cultos, mas podemos dizer que suas famílias eram testemunhas desses cultos. Na época de Moisés, o povo se reunia para cultuar a Deus, mediados por sacerdotes, usando o Tabernáculo que transportava a Arca da Aliança, a habitação simbólica de Deus. Além disso, os sacerdotes traziam a Palavra de Deus, inscritas nas duas pedras, peranto o povo, para a leitura pública da Lei do Senhor. Na época de Davi até o Exílio, a adoração era de um povo como um todo no templo. Davi deu prescrições, em nome de Deus, a respeito dos corais, dos grupos instrumentais, dos sacrifícios, do serviço sacerdotal e das festas de sábado. Ou seja, a adoração acontecia no templo com todo povo reunido. Na era do Exílio, com o templo destruído, não há sacrifício nem sacerdote; disso surge a sinagoga como lugar de culto dos grupos fiéis a lei do Senhor. Na era pós-exílica, com Neemias e Esdras, o templo foi restaurado, os sacerdotes e os sacrifícios voltaram, mas a ênfase agora é colocada sobre a leitura pública e ensino da lei do Senhor. Assim, brevemente podemos perceber que todo o Antigo Testamento nos mostra Deus reunindo seu povo para adorá-lo em ajuntamentos públicos com música, oração e pregação da Palavra de Deus.

3. A Bíblia me motiva ir à igreja porque Jesus reúne seus discípulos para adorar a Deus no culto em comunidade. Os evangelhos nos apresentam Jesus chamando e formando discípulos. Nesta formação podemos destacar pelo menos alguns momentos em que Jesus nos ensina a adorar a Deus em comunidade. Primeiro, quando Jesus ensina seus discípulos a orar (Mt 6:9-13). Perceba que a oração ensinada por Jesus é feita com pronomes no plural para indicar a oração em ajuntamento. Os discípulos devem se reunir para orarem juntos ao mesmo Pai que tem filhos, e seus filhos são todos irmãos da mesma família. Esta família reconhece a grandiosidade, a soberania, o reinado, a santidade, a provisão, o perdão e a proteção do Pai. Esta família é chamada a perdoar uns aos outros e a partilhar o pão com os necessitados. O segundo momento de ajuntamento solene é a ceia do Senhor (Mt 26:26-30; Mc 14:22-25; Lc 22:19-20). Jesus reúne seus discípulos para celebrarem, como irmãos da mesma família, a encenação da obra redentora da cruz por meio do vinho e do pão. Além disso, Jesus e seus discípulos cantam um hino juntos em adoração a Deus (Mt 26:30 e Mc 14:26). Terceiro, Jesus ensina o sermão do monte com a multidão e discípulos reunidos (Mt 5 a 7). O propósito de Jesus é que a multidão de ouvintes sejam discípulos que aprendam a viver juntos o evangelho do Reino de Deus. Quarto, Jesus reúne seus discípulos para ensinar lições de serviço, humildade e amor uns aos outros na encenação do lava pés (Jo 13). E no quinto momento, Jesus reúne a multidão carente de pastor, faminta e cansada para operar milagres de cura, ensinar o evangelho do Reino e dar de comer a multidão com o milagre da multiplicação de pães e peixes. Neste milagre destaca-se a maneira como Jesus entregou o milagre à muldidão. Jesus ordena a criação de grupos pequenos para transformar a multidão sem rosto numa comunidade humanamente digna e justa (Lucas 9:14). Jesus promove uma nova forma de organização do povo: em vez de uma multidão de gente se acotovelando e competindo para pegar comida, Jesus forma uma reunião de cerca de duzentas e quarenta comunidades, compostas de cinqüenta pessoas cada. E além do mais, levou a multidão ao status de companheiros que compartilham e dividem o mesmo pão; e ainda cuidam e administram para que nada se perca a fim de compartilhar com os demais necessitados em outro lugar e ocasião. Só em comunidades de servos as pessoas podem ser alcançadas e alimentadas por Jesus. Assim, a oração, a ceia do senhor, os hinos cantados, a pregação do evangelho, o serviço, a humildade, o amor e os milagres são feitos no cenário do ajuntamento dos que foram alcançados pela graça de Deus.

4. A Bíblia me motiva ir à igreja porque o Espírito Santo reúne a comunidade dos discípulos de Jesus como Igreja. Após a ascenção de Jesus, houve o derramamento definitivo do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus enquanto “estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2:1). Logo em seguida, Pedro prega para todos reunidos, e três mil aceitaram a palavra e foram batizados. E a igreja em formação se caracterizava pela comunhão. E a comunhão era o cenário para o estudo da doutrina dos apóstolos, do culto de oração, do partir do pão, do temor do Senhor, dos prodígios e sinais (Atos 2:42-47). “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum...Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus...” (Atos 2:44, 46, 47). A igreja orava reunida quando estava sendo perseguida, de tal maneira que “tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e com intrepidzez, anunciavam a palavra de Deus” (Atos 4:24 e 31). “Muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E costumavam todos reunir-se, de comum acordo, no Pórtico de Salomão” (Atos 5:12). “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cesavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo”(Atos 5:42). O Espírito Santo se manifestava no meio da igreja reunida para eleger seus obreiros (Atos 6:2 e 5; 13:1-3). Ao voltarem para Antioquia, a igreja reunida ouviu o relatório ministerial de Paulo e Barnabé (Atos 14:27). O Espírito Santo também se manifesta na liderança da igreja reunida para esclarecer a aplicação das doutrinas da Palavra de Deus (Atos 15:28). A igreja reunida é fortalecida pelo conselho bíblico dos líderes da igreja (Atos 15:30-35 e 16:4, 5). Ao voltarem para Antioquia, a igreja reunida ouviu o relatório ministerial de Paulo e Barnabé (Atos 14:27). Assim, uma igreja reunida é o cenário para a manifestação da presença, propósito e poder de Deus.

5. A Bíblia me motiva ir à igreja porque a igreja é o ajuntamento dos crentes em Jesus. A palavra igreja, no grego chama-se "ekklesia", significa reunião, congregação, assembléia do povo de Deus. Esse encontro dos discípulos de Jesus forma a igreja. Para entender isso, as Escrituras do Novo Testamento nos fornecem uma ampla variedade de metáforas e imagens que descrevem a igreja. Vejamos alguns: Paulo vê a igreja como uma família (I Tm 5:1-2; Ef 3:14; II Co 6:18). Somos, portanto, irmãos e irmãs uns dos outros na familia de Deus (Mt 12:49-50; I Jo 3:14-18). As diversas faixas etárias, homem e mulher, e graus de filiação formam a diversidade da igreja em ajuntamento. Paulo também refere-se à igreja como a noiva de Cristo (Ef 5:32; II Co 11:2) e corpo de Cristo (I Co 12:12-27; Ef 1:22-23; 4:15-16 e Cl 2:29). Surge a idéia do homem coletivo. Em Cristo, todos somos um. Deus olha para a igreja como um ser corporativo unido pela diversidade de seu povo. A igreja não é somente um novo templo para adorar a Deus; é também um novo grupo de sacerdotes, um “sacerdócio santo” que pode oferecer “sacrifícios aceitáveis a Deus” (I Pe 2:5). Há no Novo Testamento a igreja como um grupo de cristãos de qualquer tamanho, desde um pequeno grupo que ser reúne sempre em uma residência (Rm 16:5; I Co 16:19) até o conjunto de igrejas de toda uma cidade (I Co 1:2; II Co 1:1 e I Ts 1:1) ou região (Atos 9:31). Dessa forma, a igreja expressa sua identidade quando promove reuniões públicas para o culto a Deus.

6. A Bíblia me motiva ir à igreja porque o batismo e a santa ceia são ministrados no culto em comunidade. Tanto o batismo (Mt 28:19, 20 e Mc 16: 15, 16) quanto a ceia (Mt26:26-30; Mc 14:22-25; Lc 22:19-20 e I Coríntios 11:17-34) são ordenanças que Jesus deixou para a igreja. E essas ordenanças são realizadas em culto público. Primeiro, o batismo e a pública profissão de fé são cerimônias de consagração feitas publicamente para expressar que os membros da nova aliança – aqueles que receberam de Deus um novo coração (Ez 36:26-27) são membros da igreja local. O batismo e a pública profissão de fé nos identificam como membros da comunidade chamada de povo de Deus – a igreja. Além disso, a ceia do Senhor também é corporativa. Mark Denver disse que: “E tomar a ceia do Senhor é uma participação da unidade da comunhão da igreja em torno da redenção de Jesus Cristo e da proclamação de sua obra e Pessoa salvadora, por meio dos símbolos do pão e do vinho”. Assim, no batismo, a igreja celebra a entrada de mais salvos pela graça no corpo de Cristo e membros na igreja local. Na ceia, todos celebram juntos a visualização evangelística da cruz de Cristo. Tanto o batismo como a ceia do Senhor são celebrações comunitárias de adoração feitas por toda a igreja reunida.

7. A Bíblia me motiva ir à igreja porque a Palavra de Deus é ensinada no culto em comunidade. Quando a igreja se reúne para adorar é extremamente crucial a pregação da Palavra. A Bíblia é doada a todos para que se faça o livre exame das Escrituras, pois Deus fala com cada um de nós em sua Palavra. Porém, sabemos que nem todos tem condições de ler, interpretar e aplicar corretamente a Palavra de Deus. O encontro de Felipe com o Eunuco é um exemplo disso. O Eunuco não entendia às Escrituras que estava lendo; porque, como ele mesmo disse: “Como poderei entender, se alguém não me explicar?” (Atos 8:30 e 35). Por isso, devemos reconhecer que o Espírito Santo concede dons de profeta, mestre, evangelista, pastor-mestre para alguns vocacionados ao ministério da Palavra (I Co 12:8-10, 28; Ef 4:11; Rm 12:6-8). Os apóstolos são exemplos de quem recebeu esse dom. Eles enfatisaram o ensino bíblico em todas ocasiões em que a igreja estava reunida. Pedro explica toda a manifestação do Espírito Santo no Pentecoste à toda igreja reunida e aos povos de todas as nações que estavam visitando Jerusalém (Atos 2:14-36). Estevão faz um longo discurso antes de ser assasinado (Atos 7:2 – 53). Paulo pregava nas sinagogas afirmando que Jesus é o Filho de Deus (Atos 9:20). O Espírito Santo reúne Cornélio, seus parentes e amigos íntimos para ouvir a pregação de Pedro (Atos 10:24, 27). E quando ainda Pedro falava “caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra”(Atos 10:44). A Palavra de Deus foi pregada à igreja reunida quando Barnabé e Saulo foram à Antioquia. “E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão” (Atos 11:26). Paulo pregava no meio da multidão que afluia para ouvir a palavra de Deus (Atos 13:16-41 e 44). Paulo e silas pregam aos bereanos reunidos na sinagoga que “receberam a palavra com toda avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (Atos 17:11). Em Trôade, Paulo exortava os irmãos reunidos com um discurso público até romper da alva. E a ênfase do ministério de Paulo na igreja de Éfeso foi a pregação pública da Palavra (Ef 20:17-38). Dessa forma, Deus ordena aos pastores que leiam regularmente a Bíblia e a pregue na adoração pública da igreja (I Tm 4:13; II Tm 4:2). Quando um culto é centralizado na pregação da Palavra, a vida e o crescimento da igreja local acontecem naturalmente pelo poder da Palavra de Deus. Assim, a Escola Bíblia Dominical, o culto de adoração no domingo à noite, os cultos de estudo Bíblico, a classe de discipulado para novos membros; enfim, todas as programações da igreja devem ser centralizadas e baseadas na pregação da Palavra de Deus.

8. A Bíblia me ensina ir à igreja para orar com os irmãos em comunidade. O culto comunitário é o contexto onde oramos para adorar a Deus e oramos para interceder uns pelos outros. “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homens” (I Tm 2:1). Este mandamento é dado no início de um capítulo que o apóstolo Paulo instrui a Timóteo sobre a organização e a adoração corporativa. Vale lembrar que Jesus citou o profeta Isaías, ao dizer: “A minha casa será chamada casa de oração” (Mt 21:13). A Bíblia nos ensina a forma de orar (Mt 6:5-8) e o conteúdo da oração (Mt 6:9-13). Em Atos 12:12 vemos a igreja reunida orando na ocasião da prisão e libertação de Pedro da prisão (Atos 12:1-11). A oração nas reuniões da igreja é o contexto para o povo de Deus ser mais sensível a presença amorosa e a manifestação poderosa de Deus. Dessa forma, todo e qualquer culto deve ter oração; e devem ter cultos voltados especificamente para a oração. Sem oração não há culto.

09. A Bíblia me motiva ir à igreja porque a música cantada congregacionalmente é um instrumento que me conduz à adoração comunitária. Antes de tudo, temos que entender que música não é adoração, mas apenas um instrumento que nos ajuda a cantar em uníssono a nossa adoração comunitária. Também temos que entender que a adoração cantada não consiste em priorizar a satisfação pessoal do auditório, quer de nós mesmos, quer de toda a congregação, quer dos incrédulos interessados. A adoração musical no ajuntamento coletivo é um serviço de consagração, entrega e doação de nossa vida a Deus. As letras das músicas devem ser totalmente coerentes com o evangelho e nos conduzir a confessar nossa pecaminosidade, receber a graça e misericórdia de Deus, adorá-lo por sua bondade para conosco, reconhecer nossa extrema carência e depedência de Deus, responder com amor, fidelidade e santidade em toda circunstância, falar bem do caráter e das obras de Deus etc. Quando cantamos a Palavra de Deus juntos, forjamos a unidade de fé, vida e doutrina, pois nossas canções congregacionais funcionam como credos confessionais. A música cantada pela igreja em uníssono oferece linguagem bíblica e oportunidade de encorajar uns aos outros na Palavra, na fé e na adoração ao único Senhor. Isso implica que ao nos reunir estamos lembrando uns aos outros que não estamos sozinhos em nossa confissão de fé em Jesus. Quando estamos cantando juntos, evidenciamos a natureza participativa da adoração por meio da música. Como a adoração é um serviço ativo, a música congregacional nos livra de assistir ao culto como espectadores passivos. Além disso, a música congregacional nos livra e nos afasta do perigo do culto de entretenimento quando há ênfase extremanda e exclusiva nas apresentações especiais de solistas, onde a congregação só fica assistindo passivamente o show do músico. Por isso, o estilo de música escolhido no culto público deve ser a música congregacional – o canto que envolve a participação ativa de toda a congregação. Assim, deve ser usado o canto congregacional como expressão de unidade e harmonia da congregação reunida.

10. A Bíblia me motiva ir à igreja porque há reciprocidade espiritual para a edificação de toda a comunidade reunida em culto. O culto comunitário é o espaço para que todos o crentes desenvolvam a reciprocidade espiritual na edificação da fé mútua.Como? "Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais” (Ef 5:19). “Que fazer, pois irmãos? Quando vos reunis, um tem um salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele ,outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para a edificação...para todos aprenderem e serem consolados” (I Co 14:26 e 31). “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazeio-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Col 1:16, 17). Assim, o culto é a oportunidade de cada um ajudar o outro na fé e a exercer reciprocidade através do compartilhar das vidas e do serviço mútuo.

11. A Bíblia me motiva ir à igreja porque os dons do Espírito e os ministérios são desenvolvidos no culto em comunidade. O texto de I Coríntios 14 registra o ensinamento de Paulo sobre a manifestação e o uso correto dos dons do Espírito Santo durante o culto corporativo (I Co 14:23). Quando há o uso correto dos dons, os pecadores não salvos são convencidos do pecado, tornam-se vulneráveis e sensíveis a verdade a respeito de si mesmo; ou seja, eles olham para dentro do seu próprio coração e percebem a miséria pecaminosa deles mesmos. Além disso, o Espírito usa os dons do Espírito para atrair os não salvos para Deus, de tal modo que a presença de Deus é reconhecida quando exclamam: “Deus está, de fato, no meio de vós” (I Co 14:24). Assim, todo elemento do culto é feito para a edificação da igreja quando todos aprendem a Palavra e recebem a consolação do Espírito Santo. Além disso, os ministérios de serviço são criados, desenvolvidos e expressos a partir do ajuntamento dos crentes em Jesus (I Co 12:8-10, 28; Ef 4:11; Rm 12:6-8 e I Pe 4:11). Esses dons e ministérios só são conhecidos quando há ajuntamento público e convivência mútua entre os crentes da igreja. Quando reconhecemos que algumas pessoas tem certos dons e ministérios, é aberto espaço para a liderança e o serviço ministerial de alguns. É neste contexto que a igreja reunida reconhece os dons dos pastores, presbíteros, diáconos e demais obreiros e os elege para serví-los oficialmente e publicamente como detentores de autoridade em benefício de toda a igreja (Atos 6:1-7; 13:3; Fp 1:1; I Tm 4:14; I Tm 5:17-21; I Tm 3:2-5, 10; I Tm 3:8, 13; Tito 1:5; I Pe 5:2-5). Outra forma de serviço quando a igreja está reunida é a partilha e a oferta voluntária aos necessitados (Atos 2:45 e 4:32-34, II Co 8:1-5). A palavra "ekklesia", além de significar reunião, assembléia também significa "enviados para fora" (Atos 13:1-3).Isso quer dizer que o todo ajuntamento da igreja deve promover seu espalhamento pelo mundo, quando, abastecida e capacitada ministerialmente a partir de seus ajuntamentos, a igreja sai para fora do templo para servir o próximo sinalizando o Reino de Deus no mundo através dos dons do Espírito descobertos e amadurecidos nos ajuntamentos e exercidos no mundo. Assim, a igreja serve a Deus espalhada no mundo porque periodicamente se reúne para expressar sua identidade reunida ou espalhada no mundo, e ainda, se ornganizar para, unida, servir a Deus no mundo com muito mais poder.

12. A Bíblia me motiva ir à igreja para cultivar e preservar a membresia na igreja local. Não há explicitamente versículos que nos ordenem sobre a membresia da igreja local. Porém, há indícios explícitos de que havia membros conhecidos das igrejas locais citadas no Novo Testamento que nos indicam a importância de um rol de membros na igreja local. Exemplo: O caso de disciplina na igreja de Corinto presume um conhecimento público de quem pertencia a igreja e de quem não pertencia (I Co 5:12, 13). Quando Paulo disse à igreja de Corínto que readimitisse o ofensor à sua comunhão, ele declarou: “Basta-lhe a punição pela maioria” (II Co 2:6). A “maioria” citada só faz sentido no contexto de que a igreja conhece visivelmente e exatamente quem são seus membros na igreja local para distinguir entre o todo, a maioria e a menoria. Além disso, temos algumas listas de cristãos de algumas igrejas locais reconhecidos pela sua fé e obra (Rm 16:3-16; Cl 4:10-17; I Tm 5:9). A membresia da igreja local é importante para fazer distinção clara e visível entre o povo santo e o mundo perdido. Esta distinção serve para produzir um melhor testemunho corporativo da igreja para a sociedade incrédula.

13. A Bíblia me motiva ir à igreja para ser pastoreado com o discipulado contínuo e disciplina quando necessário. A igreja é a vida comunitária dos crentes em Jesus para a convivência mútua de relacionamentos e para o testemunho cristão no mundo através do serviço à sociedade incrédula. Valorizando a convivência da igreja há o discipulado. Valorizando o testemunho da santidade do cristão no mundo e a santidade de Deus na igreja, às vezes, há a necessidade de disciplina. Sabendo que cada igreja local é designado um pastor, devemos entender que cada membro deve ser pastoreado com um discipulado pessoal e contínuo. Quando somos membros de uma igreja local, há uma relação de discipulado entre o pastor e a ovelha. Assim, o pastor está ciente de que o membro é prioridade para o cuidado pastoral. E o membro abre espaço para receber a autoridade do pastor e sua vida.

14. A Bíblia me motiva ir à igreja porque a congregação reunida tem livre acesso para adorar a Deus por meio de Jesus guiado pelo Espírito Santo. O autor aos hebreus diz: “Não descuidemos os nossos deveres na igreja, nem as suas reuniões, como algumas pessoas fazem, mas animemo-nos e nos admoestemos uns aos outros, especialmente algora que o dia da sua volta está se aproximando.” (Hb 10:25). Não deixemos de nos congregar, porque, em Cristo, temos livre acesso a Deus pelo Sangue de Jesus (Hb 10:19). A igreja se reúne para estar na presença de Deus por meio de Jesus “para estimular-mos ao amor e às boas obras" (Hb 10:24b), e ainda no ajuntamento há oportunidade de encorajar uns aos outros a preservar na fé.

15. A Bíblia me motiva ir à igreja porque o amor de Deus Pai, a obra redentora de Jesus Cristo e o ministério do Espírito Santo me convocam a reunir por amor com meus irmãos em comunidade. Jesus disse que o mundo saberia que a igreja são seus discípulos quando o amor se manifestar uns pelos outros no mesmo molde do amor de Jesus por nós (Jo 13:34-35). A igreja é a comunidade dos salvos pela graça da cruz; é a comunidade da família do amor e a comunidade dos servos humildes que exercem seus dons mutuamente em favor da edificação da igreja e da sinalização do Reino de Deus no mundo. Esse é o plano de Deus em reunir seu povo e essa é a obra do Espírito Santo em edificar uma igreja que se reúne e se espalha no mundo. Na comunidade cristã reunida nós temos o compromisso de desenvolver e crescer rumo ao amadurecimento espiritual de todos os crentes “...até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus...seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo...para edificação de si mesmo em amor” (Ef 4:13-16). Quando essa verdade é experimentada desenvolvemos naturalmente a cultura do ajuntamento coletivo para o culto. Sabendo que a igreja, como corpo de Cristo, é uma entidade corporativa podemos encorajar os mesmos a priorizarem na agenda de suas vidas à frequência semanal aos cultos mais do que uma vez por semana, a desejarem a presença dos irmãos nas reuniões da igreja, a incentivá-los a descobrir seus dons e ministérios dando espaço e oportunidades para o serviço cristão, a encorajá-los a orar e aconselhar uns aos outros, e participar ativamente da liturgia do culto público.

Conclusão: Pensar sobre ajuntamento cristão para culto abre espaço para a necessidade de pensar na identidade e missão da igreja. Vale lembrar que o propósito desse estudo não é produzir ou descrever uma eclesiologia sistemática, mas, simplesmente, meditar nas bases bíblicas que me motivam a promover ajuntamento dos discípulos de Jesus para adorar a trindade e servir o próximo enquando sinaliza o Reino de Deus no mundo através de seus relacionamentos dentro e fora dos ajuntamentos. Também vale lembrar que a identidade de ser discípulo de Jesus como sua igreja transcende os ajuntamentos. O Reino de Deus é sinalizado quando há o espalhamento dos crentes em Jesus salgando toda a terra. Essa idéia é o outro lado da moeda de ser igreja. Sendo assim, devo pontuar que meu destaque nesse estudo é encontrar bases bíblicas para a promoção de ajuntamentos sadios entre os discípulos de Jesus. Releia, pense, avalie, acrescente, remova, concerte e amadureça tudo o que escrevi até agora. Também preciso de sua ajuda ser igreja e ir à igreja com você. Pois juntos, reunidos em nome de Jesus, somos a igreja.

Em Cristo, o Senhor da igreja que nos reúne como seu corpo para adoração e serviço no mundo

Jairo Filho