O evangelho de Jesus e o evangelho da religião

Jesus disse no sermão do monte: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus. Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da Lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus.”

Ao ler este ensinamento de Jesus dentro do sermão do monte percebemos a diferença que Jesus faz entre religião e evangelho. Na época de Jesus os religiosos interpretavam erroneamente o espírito da Lei e a reduziam a mandamentos humanos e morais. Mas Jesus vem para dar a correta interpretação do espírito da Lei dentro do coração do homem, todo cumprimento da Lei através de sua vida obediente e morte vicária na cruz e ainda, vem para dar o verdadeiro ensino dos mandamentos de Deus.
Assim, podemos perceber algumas verdades sobre a diferença entre religião e evangelho de Jesus:

1. A RELIGIÃO ENSINA QUE DEVO OBEDECER A DEUS PARA MERECER A SALVAÇÃO. MAS O EVANGELHO DE JESUS ENSINA QUE SOU UM PECADOR SALVO PELA GRAÇA PARA SER VIVER EM SANTIFICAÇÃO OBEDECENDO A DEUS POR SUA GRAÇA.

“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef 2:8 e 9)

2. A RELIGIÃO ACRESCENTA MANDAMENTOS HUMANOS AOS ENSINAMENTOS DE DEUS PARA JULGAR, CONDENAR E DESTRUIR. MAS O EVANGELHO DE JESUS É A PALAVRA VIVA DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DE TODOS OS QUE SE APROXIMAM DE JESUS.

“...Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los.” (Mt 23:3, 4)

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu julgo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu julgo é suave e o meu fardo é leve. (Mt 11:28-30)

Paulo disse que o evangelho “ é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê...”

3. A RELIGIÃO DESTRÓI A VIDA PARA PRIORIZAR A OBEDIÊNCIA AO MANDAMENTO HUMANO. MAS O EVANGELHO DE JESUS PRODUZ VIDA COMO OBEDIÊNCIA A PALAVRA DE DEUS.
“Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu teve piedade dele...Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? Aquele que teve misericórdia dele”, respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: ‘Vá e faça o mesmo’. (Lc 10:31,32, 33, 36, 37)

“Naquela ocasião Jesus passou pelas lavouras de cereal no sábado. Seus discípulos estavam com fome e começaram a colher espigas para comê-las. Os fariseus, vendo aquilo, lhe disseram: ‘Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido no sábado”.

Ele respondeu: ’Vocês não leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e junto com os seus companheiros, comeu os pães da Presença, o que não lhes era permitido fazer, mas apenas aos sacerdotes. Ou vocês não leram na Lei que, no sábado, os sacerdotes no templo profanam esse dia e, contudo, ficam sem culpa? Eu lhes digo que aqui está o que é maior do que o templo. Se vocês soubessem o que significam estas palavras: ’Desejo misericórdia, não sacrifícios’, não teriam condenado inocentes. Pois o Filho do homem é Senhor do sábado”.

Saindo daquele lugar, dirigiu-se à sinagoga deles, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. Procurando um motivo para acusar Jesus, eles lhe perguntaram: ‘É permitido curar no sábado’?

Ele lhes respondeu: ‘Qual de vocês, se tiver uma ovelha e ela cair num buraco no sábado, não irá pega-la e tira-la de lá? Quando mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é permitido fazer o bem no sábado’.

Então ele disse ao homem: ‘Estenda a mão’. Ele a estendeu, e ela foi restaurada, e ficou boa como a outra.” (Mt12:1-14)

4. A RELIGIÃO DIMINUI OS MANDAMENTOS DE DEUS A REPUTAÇÃO EXTERIOR. MAS O EVANGELHO DE JESUS DESNUDA O CORAÇÃO PECADOR DO HOMEM PARA TRANSFORMÁ-LO DE DENTRO PARA FORA.
“Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens... Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados; bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês; por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade”. (Mt 23:27 e 28)

“E continuou: ‘O que sai do homem é que o torna impuro. Pois do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro’”. (Mc 7:20-23)

5. A RELIGIÃO ENSINA A OBEDIÊNCIA MOTIVADA POR MEDO, CULPA, CASTIGO E PRÊMIO. MAS O EVANGELHO DE JESUS ENSINA A OBEDIÊNCIA MOTIVADA PELO AMOR LIVRE E INCONDICIONAL.

“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos...Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele...Vocês serão meus amigos, se fizerem o que lhes ordeno.” (Jo 14:15, 21 e 15:14)


Em Cristo, o evangelho da graça

Jairo Filho

Discernindo a Idolatria

INTRODUÇÃO

Os dois primeiros mandamentos do Senhor Deus nos ensinam: “Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor, sou teu Deus...” (Ex 20:3-5). Jesus Cristo aplica esses mandamentos - quando foi tentado pelo Diabo a adorá-lo em troca dos reinos desse mundo sem o sacrifício da cruz - quando diz: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto”. (Mt 4:10). Em outra ocasião, Jesus resume a lei e os escritos dos profetas em: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”. (Mt 22:37). Percebemos que Jesus cumpre toda a lei em adorar a Deus em toda sua vida como o único, exclusivo, suficiente e verdadeiro Deus. Partindo do exemplo de Jesus, devemos discernir as mais diversas e sutis expressões de nossa idolatria.

A etimologia da palavra Idolatria tem origem nas palavras: Eidolon (imagem) + latreia (culto) = Culto à imagem. Quando sabemos disso, geralmente, nos vem à mente a imagem de homens primatas selvagens rastejando em volta de um poste-ídolo, estátuas com faces cruéis, danças religiosas com sacerdotes fazendo sacrifícios de animais, romarias em busca de padroeiros, gente subindo e descendo escadas para pagar promessas e etc. Mas creio ser necessário ir mais fundo nessa questão para discernir as sutis expressões de idolatria em nosso meio, porque percebo que a cultura popular evangélica tem muita idolatria impregnada em sua religiosidade.

Para começo de conversa, levanto a tese de que idolatria é tudo que substitui o lugar de Deus no coração. Ídolo é tudo aquilo que nega o senhorio de Cristo em nossa vida.

Aprofundando e definindo esse tema, vejamos as mais sutis expressões de idolatria:

1. IDOLATRIA É REDUZIR DEUS A SER O MAIOR DE TODOS OS DEUSES. O primeiro mandamento, “não terás outros deuses além de mim” (Ex 20:3), é uma afirmação de que não existem outros deuses. Na verdade, os outros deuses são fabricação da mente humana, isto é, ídolos. Toda vez que Deus é comparado com “outros deuses”, mesmo para que seja destacado como o maior e melhor, ele foi reduzido à categoria de ídolo. Na verdade, temos que saber que Deus é único. Não há outro deus além do único, verdadeiro, suficiente Deus de Jesus Cristo. E isto basta. Pois, “a vida eterna é esta: que te conheçam a ti o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste”. (Jo 17:3).

2. IDOLATRIA É REDUZIR DEUS A MATÉRIA. Quando Deus é confinado aos limites de imagens, locais, pessoas, rituais, símbolos, seres ou qualquer medida estamos desonrando Deus, obscurecendo sua glória de nós. E, além disso, qualquer imagem material de Deus é enganosa, pois projeta falsas idéias a respeito do caráter de Deus. Não podemos esquecer que Deus é Espírito Eterno (Jo 4: 24, Jó 36:26, Sl 90:2, Ap 1:8). Assim, nossa adoração a Deus acontece verdadeiramente em espírito; pois, Deus não tem tamanho ou dimensão espacial, e está presente em cada ponto do espaço com a plenitude do seu ser. “Deus não habita em santuários feitos por mãos humanas...não devemos pensar que Deus é semelhante a uma escultura de ouro, prata ou pedra, feita pela arte e imaginação do homem” (Atos 17:24 e 29).

3. IDOLATRIA É REDUZIR DEUS A SEMELHANÇAS HUMANAS. Deus tanto nos proíbe moldar imagens de esculturas concretas de Deus, como também nos proíbe criar mentalmente imagens de Deus. Quando relaciono Deus a um papai noel (presenteia quem merece), a uma noiva interesseira (ama para ter dinheiro), a um ditador político (quer dominar o mundo a força), a um garçom (é pago para nos servir), a um bote salva vida (existe, mas esperamos nunca ter que usa-lo. E só usamos quando estamos correndo perigo), a um pai (pode ser semelhante a muitos que conhecemos: tirano, castigador, carrasco, mimado, imbecil, domável, ausente, falso etc), aos mais diversos tipos de pessoas (justa, santa, piedosa, milagreiro, sacerdote, intercessor). Diante disso, não podemos esquecer que Deus é amor. E o amor de Deus é revelado pela pessoa de Cristo e em sua obra na cruz. Nada além de Cristo pode ser comparado exatamente à semelhança das criaturas humanas. A única expressão exata de Deus é Jesus, pois é “a imagem do Deus invisível” (Cl 1:15) e o Verbo – que é Deus – “tornou-se carne e habitou entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do pai, cheio de graça e verdade”. (Jo 1:14). Deus é Jesus.

4. IDOLATRIA É REDUZIR DEUS APENAS UM GRANDE PODER IMPESSOAL. Esse tipo de idolatria acontece quando o relacionamento com Deus é reduzido a experimentar o poder de Deus sem consultar sua vontade sobre nossas vidas. Isso é atribuir a Deus um poder neutro, e, portanto, despersonalizá-lo. Gedeon Alencar, fazendo uma analogia entre a ética neopentecostal e a candomblecista, explica e denuncia que a fé dessas religiões é usada como instrumentalização e manipulação do poder divino. Tanto um pastor como um pai de santo podem, muitas vezes, “amarrar” uma união amorosa, bem como desfazê-la, sem fazer juízo moral. Eles são pagos por seus serviços sem consultar a vontade moral de suas divindades. Isso é muito evidente no conceito de oração dos atuais evangélicos. A oração é uma busca pelo poder divino que é solicitado a ser usado independentemente da vontade de Deus. Mas, diante disso, a Bíblia nos ensina que Deus é pessoalmente santo e tem sua santa vontade absoluta estabelecida em sua Palavra. Um exemplo: Um dos ladrões ao lado da cruz de Cristo queria a salvação sem o salvador quando insultava a Jesus, dizendo: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!” (Lc 23:39). Enfim, este queria a salvação de Jesus, mas não o Salvador e Senhor Jesus. Em resumo, idolatria é somente buscar os milagres, benção e poder de Deus sem o Deus dos milagres, benção e poder. É adorar o poder divorciado da pessoa de Deus.

5. IDOLATRIA É REDUZIR DEUS A NEGOCIADOR. Quando o relacionamento com Deus é baseado em mérito e demérito de causa e efeito numa relação de barganha, troca e contrato; criamos um deus que assina um contrato-utilitarista, onde o fator determinante desse contrato passa a ser mais a força humana do que a de Deus. Assim, Deus apenas reage às atitudes humanas, podendo ser (a) manipulado pela fé humana, (b) ser culpado de não cumprir seu papel no contrato inventado pelo homem e (c) ser obrigado a compartilhar sua glória com os méritos humanos. Mas a Palavra de Deus nos ensina que Deus é soberano e cheio de graça e misericórdia. Suas atitudes de graça para com o ser humano não obedecem às atitudes de causa e efeito. Deus “não nos trata conforme as nossas iniqüidades...pois sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.” (Sl 103: 10 e 14). O Deus apresentado por Jesus é o Deus que ama aqueles que não merecem para levar ao colapso a justiça retribuitiva provocada pela lei de causa e efeito da religiosidade.

6. IDOLATRIA É REDUZIR DEUS A UM DISCUSSO RELIGIOSO. Quando Deus é transformado em objeto de discussão filosófica e teológica, para ser fazer uma anatomia divina, a fim de determinar como Deus funciona através do raciocínio humano. Assim, Deus passa a ser criação da mente humana, em detrimento de devoção, rendição, amor, submissão, mistério, encantamento diante da pessoa de Deus. Aquele que se aproxima de Deus para conhecê-lo e fazê-lo conhecido deve saber que Deus é indiscutível. Deus não cabe na mente humana. Pois, “quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11:33-36). Enfim, Deus não cabe nos compêndios teológicos. Se couber, ele não passa de um ídolo da teologia.

7. IDOLATRIA É A “EGOLATRIA” – Quando adoro a mim mesmo, numa devoção narcisista cheia de justiça própria. Jesus condena a justiça dos fariseus hipócritas que doavam esmolas, oravam e jejuavam “... a fim de serem honrados/vistos pelos outros...” (Mt 6:3) e “...orava de si para si mesmo...” (Lc 18:11). Assim, “o destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre...” (Fp 3:19). Idolatria é quando a mais íntima motivação e intenção do coração - daquele que deseja ser santo - se mascara de purpurina e néon em busca dos holofotes, palcos e aplauso da mídia religiosa. Agora, pare e pense: Você seria capaz de obedecer a Deus quando ninguém está olhando ou quando não há nenhuma recompensa?

8. IDOLATRIA É CULTUAR PESSOAS. Quando o ser humano é um ídolo em nossa vida. Ex: família, amigos, líderes espirituais, ricos e famosos, professores, mestres e gurus, namorado(a), igreja, comunidade, país etc. Certa vez, Paulo e Barnabé curaram um paralítico em Listra. Quando a multidão viu o milagre, começaram a adorá-los. Mas a resposta pronta deles foi: “Nós também somos humanos como vocês....afastem-se dessas coisas vãs e voltem-se para o Deus vivo...” (Atos 14:13 e 15).

9. IDOLATRIA É “MONEYLATRIA”. Quando eu amo os meus bens e quando o dinheiro é meu patrão. Sinal de que idolatro meu dinheiro é: (a) Quando sou consumista desenfreado. (b) Quando sou pão duro e não consigo ter despreendimento de posses nem consigo compartilhar e dividir o que tenho com o próximo. (c) Quando vivo correndo atrás de mais dinheiro por estar insatisfeito e descontente com o que tenho. (d) Quando transformo Deus em instrumento, ferramenta e meio para se ganhar mais dinheiro. (e) Quando o sentido da minha vida é ser rico e milionário. Jesus considera o dinheiro uma potestade quando diz: “Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará o seu coração...Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mt 6:21 e 24). “Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos.” (ITm 6:10). Uma vez que a avareza é idolatria (Cl 3:5).


10. IDOLATRIA É TRANSFORMAR A BENÇÃO DE DEUS EM ÍDOLO. Todas as imagens que nos apegamos - porque nos dá proteção, significado e realização sem ser Deus – transformam-se em ídolos. Esses pequenos ídolos atuam com enorme poder sobre a vida humana. Muitos desses ídolos podem ser nosso status, segurança, emprego, família, amigos, sonhos, ideais, instituição, religião, dinheiro, sexo, poder. Ricardo Barbosa de Souza nos alerta: “Para muitos cristãos, o centro em torno do qual giram suas vidas não é Deus e a vontade divina, mas é seu trabalho, posição social, família, estabilidade econômica, realização profissional, etc. Quando uma ou mais destas coisas são abaladas, ou mesmo arrancadas de nós, seja a estabilidade econômica ou familiar frequentemente perguntamos: Onde está Deus? Como se Deus tivesse ido embora quando se perdem bens de grande valor. A estabilidade, os bens ou mesmo a profissão transforma-se facilmente em nossos ídolos, e Deus não passa de uma força que ora na preservação daquilo que de fato não sustenta nossa crença”.


CONCLUSÃO:
Cuidado com o veneno sutil da idolatria. Não transforme Deus num deus. Não seja um deus de si mesmo. Não adore nada nem ninguém.
A única forma de vencer a tentação da idolatria é conhecer cada vez mais a Deus e se satisfazer nele. Assim, ore: “Fizeste-nos para ti, ó Deus, e nossa alma não repousará tranqüila enquanto não repousar em ti.” (Agostinho de Hipona)


Em Cristo, nosso único e verdadeiro Deus.

Jairo Filho

Liderança não é coisa pra criança

1. O LÍDER é sempre o primeiro a pisar o território inimigo, e o último a deixar o campo de batalhas.


2. O LÍDER não deve deixar os feridos pelo meio do caminho, mas cuidar-lhe dos ferimentos, mesmo que isso pareça comprometer o avançar da batalha.


3. O LÍDER é líder de gente, não de coisas. Ele constrói relacionamentos, não prédios, ele fica no meio do povo, não atrás da mesa. Ele é uma pessoa e não um robô. Ele é um santo, não um anjo.


4. O LÍDER se preocupa em atacar o inimigo, e não ao outro. Pois, na guerra espiritual na qual está envolvido, ele bem sabe que seu adversário não é de carne e osso, e por isso, não aponta suas armas contra si mesmo.


5. O LÍDER não pode exigir o que não consegue ser ou fazer. Não deve impor sobre os ombros dos outros os fardos que ele mesmo não consegue carregar.


6. O LÍDER não pode aproveitar-se de sua posição para massacrar mentalidades mais fracas, para “entrar rasgando”, para estuprar a alma carente de tão perdida e já invadida pela vida ímpia.


7. O LÍDER só pode indicar o caminho a seguir. Ele não pode decidir pelo outro. Ele toma pequeninos pela mão, mas não os empurra e nem força ninguém a fazer escolhas. Ele deixa as pessoas crescerem.


8. O LÍDER não convence na marra, não usa de ameaças e persuasão, não intimida criancinhas, não é um tirano. O LÍDER é capaz de ser doce, sem ser permissivo! Não é um vovô bonachão que fica distribuindo pirulitos, mas também não é um pai tão severo quanto ausente.


9. O LÍDER não fica procurando em quem bater: não sai metendo o pé em barracas, caçando orelhas para puxar, gente para envergonhar, para expor, punir, apontar o dedo. Ele não “chuta o balde”, a não ser com os cínicos, com os que vendem religião, com os que comercializam a fé, com os desconvertidos mal-intencionados.


10. O LÍDER considera o outro superior a si mesmo, ele valoriza o “insignificante”, ele honra os anônimos, ele ama os fracos, e se esforça por não escandalizá-los. Ele se faz um igual.


11. O LÍDER é mais que um diácono, mais que um ancião, ministro ou presbítero, é mais que um auto-denominado bispo ou apóstolo. Ele é um filho amado do Pai, irmão de seus irmãos, que os serve com seus dons. Serve sem procurar ser servido.


12. O LÍDER tem convicções, mas isso não significa que não possa mudar, abrir mão, repensar. O LÍDER NÃO É INFALÍVEL! Ele não tem sempre os melhores planos e conselhos (para muitos, idéias são como crianças: As nossas são sempre melhores).


13. O LÍDER pode rever seus conceitos, admitir falhas sem ter vergonha. Ele aprende com o passado, sem ficar nele. Ele olha para o futuro, mas não vive nas nuvens das ilusões infantilizadas.


14. O LÍDER deixa os outros terem idéias também, ele não é a origem de tudo, a fonte de tudo, não possui inspiração exclusiva, discernimento permanente.


15. O LÍDER, quando fala, fala a verdade. Ele é transparente, autêntico. E quando a verdade doí, ele a fala com dor. Como quem não quisesse falar, confrontar. Ele precisa expor a verdade, mas ele não faz isso pra rachar, pra quebrar de vez.


16. O LÍDER não fica cavando pecados alheios para se divertir com eles. Ele olha primeiro para dentro de si, e sonda diariamente seu coração de crente.


17. O LÍDER não pode apedrejar ninguém, salvo exceção: os líderes que não tem pecado! Esses podem castigar, “depenar” e escarniçar os pecadores.


18. O LÍDER não pode ficar preocupado com sua reputação. Ele precisa encarar com naturalidade ser alvo de críticas e pré-julgamentos. Ele precisa saber acolher, abraçar e beijar até os que, ocultamente, não retém suas línguas afiadas.


19. O LÍDER, porém, também não é escravo de seu comportamento. Ele não é um ator. O LÍDER não precisa fazer caras e bocas. Precisa ter uma só face, sem mascaramentos. Não deve ser ora sim, ora não, de acordo com a conveniência.


20. O LÍDER não precisa ter voz de líder, roupa de líder, postura de líder, olhar de líder. O LÍDER precisa ter coração de servo, vestes brancas, joelhos flexionados e olhos de compaixão.


21. O LÍDER não precisa gritar por respeito, testar a obediência, verificar o alcance de sua autoridade. Ele não precisa apresentar títulos, ostentar currículo, berrar sua posição.


22. O LÍDER não pode “chorar suas pitangas” pelos corredores, não pode se “empanelar”, fazer bico, montar fã-clube, ser parcial, tendencioso, político.


23. O LÍDER abre mão de seus direitos, raramente se defende. Ele defende sua Causa: o Reino! Ele não se glorifica. Ele glorifica seu Rei: Jesus!



24. O LÍDER não é auto-suficiente. Não é LÍDER de si mesmo. Professor de si mesmo. Pastor de si mesmo. Fã de si mesmo! Seu lema é DEPENDÊNCIA OU MORTE!


25. O LÍDER não é um super-heroí. Ele também chora, também cansa, também tem mau-humor, dias difíceis de tristeza e solidão. Ele também precisa de ombro do irmão e do colo do Pai.


26. O LÍDER precisa aprender a descansar, a parar, dar um tempo, refletir, sossegar o coração cansado, estar à sombra, retirar-se, reciclar-se, recostar-se aos pés de Mestre.


27. O LÍDER precisa saber frear-se, conter impulsões, controlar a vontade de tanto falar e pouco ouvir, a ânsia por dominar, argumentar, concluir, finalizar... colocar pontos finais. Precisa deixar uma margem de espaço para o outro caminhar sem opressão.


28. O LÍDER não ama e nem é amado por causa de seu desempenho. Ele não é um ativista, não deve se preocupar em agradar a todos, mas sempre a Deus.


29. O LÍDER busca ser fiel e não bem-sucedido. Ele sabe que obedecer é melhor que sacrificar. Líderes que não obedecem a Deus não podem ser obedecidos.


30. O LÍDER sabe que essa peleja não é café-com-leite, que a guerra (War) não é um jogo. A caminhada cristã não é de mentirinha. Sabe que a Igreja não é um tabuleiro, e as vidas não são peças de um game de estratégia.

Marcelo Quintela - Fonte: www.caiofabio.com

A simplicidade profunda e esmagadora de Jesus

A cada dia mais me impressiona a simplicidade de Jesus em relação a tudo.

Ele negou-se a tratar de quase tudo o que a filosofia e a teologia tratam com avidez.

A origem do mal Ele simplesmente desprezou em qualquer que seja a explicação “metafísica”. Simplesmente disse que o mal existe. E o tratou com realidade óbvia.

O problema da dor foi por Ele tratado com as mãos, não com palavras e discursos.

As desigualdades sociais foram todas reconhecidas, mas não se o vê armando qualquer ação popular contra elas.

Seus protestos eram todos ligados à perversão do coração, mas nunca se tornavam projeto político, ou passeatas, ou bandeiras.

A “queda” não é objeto de nenhuma especulação da parte Dele. Bastava a todos ver as conseqüências dela.

Sobre a morte sua resposta foi a paz e a vida eterna.

Jamais tentou justificar o Pai de nada. Apenas disse que Ele é bom e justo.

Mandou lutar contra os poderes da hipocrisia e do desamor, mas não deu nenhuma garantia de que se os venceria na Terra.

Sua grande resposta à catástrofe humana foi a promessa de Sua vinda, e nada mais.

Nunca pediu que se estabelecesse o Reino de Deus fora do homem, mas sempre dentro dele; pois, fora, o reino, por hora, era do príncipe deste mundo.

Não buscou ninguém com poder a fim de ajudar qualquer coisa em Sua missão.

Adulto, foi ao templo apenas para pregar aquilo que acabaria com o significado do templo como lugar de culto.

Fez da vida o sagrado, e de todo homem um altar no qual Deus é servido em amor.

Chamou o dinheiro de “deus”, mas se serviu dele como simples meio.

Pagou impostos; mas nunca cobrou nada de ninguém, exceto amor ao próximo.

A morte para Ele não era mesma coisa que é para nós. Morrer não era mal. Viver mal é que era mau.

Em Seus ensinos Ele sempre parte do que existe como realidade e nega-se fazer qualquer viagem para aquém do dia de hoje.

Para Ele o mundo se explicava pelas ações dos homens, e prescindia de analises; pois, tudo era mais que óbvio.

Não teologizou sobre nada. E todas as Suas respostas aos escribas e teólogos eram feitas de questões sobre a vida e seu significado agora; e sempre relacionado ao que se tem que ser e fazer.

Quando indagado de onde vinha o “joio”, Ele simplesmente diz: “Um inimigo fez isso...” — referindo-se ao diabo.

Prega a Palavra, e não tenta controla-la.

Vê pessoas crerem, mas não tem nenhuma fixação em fazê-las suas seguidoras físicas e geográficas.

Não tem pressa, embora saiba que o mundo precisa conhecer Sua Palavra.

Cita as Escrituras sem nenhuma preocupação com autores, contextos ou momentos históricos.

Arranca certezas da Palavra baseadas em um verbo “ser” — aludindo ao fato de Deus ser Deus de vivos e não de mortos, pois, “para ele todos vivem”.

Ensina que a morte é o fundamento da vida, e tira dela o poder de matar, dando a ela a força das sementes que ao morrerem dão muito fruto.

E assim Ele vai...

E assim Nele é!

Nele, para Quem a filosofia é a vida em amor,


Caio

07/03/03

Lago Norte

Brasília

Fonte: www.caiofabio.com