O Evangelho nas Escrituras

Só conhecerei a Palavra como Verdade, se eu mesmo a provar...

Jesus, a Chave que abre as Escrituras

"Cristo é o Mestre, as Escrituras são apenas o servo. A verdadeira prova a submeter todos os Livros é ver se eles operam a vontade de Cristo ou não. Nenhum Livro que não prega Cristo pode ser apostólico, muito embora sejam Pedro ou Paulo seu autor. E nenhum Livro que prega a Cristo pode deixar de ser apostólico, sejam seus autores Judas, Ananias, Pilatos ou Herodes". Martinho Lutero

Os evangelhos são narrativas históricas das ações e acontecimentos relacionados a Jesus, bem como de Suas Palavras. O Evangelho, todavia, é um espírito. Os evangelhos são o corpo. O Evangelho é o espírito no corpo.

Para muitos, os evangelhos são apenas narrativas. Para outros, eles são palavras inspiradas. Para muito mais gente ainda, eles são apenas palavras mágicas. E para a maioria, eles são somente os quatro primeiros livros do Novo Testamento, sendo, portanto, parte da Bíblia Sagrada.

Todavia, o Evangelho é espírito e vida. Deus é espírito, e, portanto, Suas palavras são espírito e vida, pois carregam o poder da Verdade Absoluta e produz vida onde quer que cheguem.

Para melhor entender, suponha que os evangelhos não tivessem sido escritos. Decerto, sabemos que ainda assim, haveria um Evangelho a ser anunciado até os confins da Terra como Boa Notícia, visto ser o Evangelho um espírito, e não um livro.

Assim, o espírito do Evangelho é só uma forma de expressar-se acerca da Essência da Palavra. É a Plenitude da Revelação. Trata-se da forma de interpretação bíblica que olha para Jesus Cristo como a Chave Hermenêutica dessa Revelação.

De modo algum se está dizendo aqui que só Jesus interessa na Bíblia, mas, por outro lado, nada interessa senão a partir Dele e nada é Palavra de Deus se não for compatível com Ele, por mais ‘bíblico’ e ‘teológico’ que seja!

Leio a Bíblia a partir de Jesus e não Jesus a partir da Bíblia. Assim, meus livros não são considerados “teológicos” pelos teólogos, posto que nesses escritos raramente haja uma designação hermenêutica teologicamente aceitável; e nem tampouco há neles sistematizações que busquem o fechamento lógico de qualquer pacote de pensamento.

Isso porque creio que Jesus – que é Deus Manifesto entre nós – abre as Escrituras para nós. Cristo é a síntese das Escrituras e o Espírito da Graça é o agente hermenêutico que me aproxima do texto com a fé de que encontrarei a Palavra.

É a partir daí, então, que se interpreta a Antiga Aliança, os Profetas e todo o Novo Testamento. Isso porque Ele é a Palavra! A Encarnação Absoluta Dela, o Verbo Vivo de Deus, cheio de Graça e Verdade! E as próprias palavras de Jesus só podem ser entendidas se tiverem sua concreção no Evangelho vivido por Jesus de Nazaré.

Veja o livro de Atos dos Apóstolos: é um livro de atos, de ações. Mas sabemos que os únicos atos absolutos e irretocáveis feitos na Terra são os Atos de Jesus. Portanto, há Evangelho em Atos, mas o Atos não é o Evangelho. Digo isto porque se os critérios de Jesus forem aplicados aos atos dos apóstolos, os próprios apóstolos serão sempre relativizados.

Quando lemos os Atos, não se lê o Evangelho da Graça — esse só está plenificado em Jesus —, mas a tentativa humana de começar a viver conforme a fé em Jesus. E, em tal processo, há acertos, erros, equívocos, ação do Espírito, infantilidades, ambigüidades, milagres, diferenças, medos, ousadias, coragens maravilhosas, dúvidas atrozes, e todas as demais coisas concernentes aos homens que vivem no Caminho. Assim, o livro dos Atos Apostólicos é um livro de história, e não quer ser visto como o Evangelho.

A tentativa infantil de dizer que a igreja é o Corpo de Cristo - e logo, Cristo estava agindo como antes agira, só que agora em Seu Corpo Comunitário - é bela, mas não é verdadeira como valor absoluto. O Pedro que recebeu a revelação é o mesmo que recebeu a repreensão: Arreda, Satanás (Mt 16).

Em Jesus está toda a revelação e toda a referência para se julgar e entender o que quer que pretenda ser canônico. Onde o ‘espírito do Evangelho’ está presente, aí há o que levar para a alma e para a vida. No mais, vejo registros históricos da infância da fé e da consciência permeando toda a Escritura.

O exercício não é difícil: Basta olhar para Jesus, fazendo um caminho de observação. Deve-se perguntar: Qual o significado das falas e dos ensinos de Jesus para o próprio Jesus? E a resposta é uma só: Veja como Ele tratou a vida, a religião, os políticos, os pobres, os ricos, os doentes, os párias, os segregados, os esquecidos, os seres proibidos, os publicanos, as meretrizes, os santarrões, e tudo e todos. Conferindo uma coisa com a outra, ficamos livres da construção de dois seres irreconciliáveis: o Jesus que viveu cheio de amor e graça e o Jesus que ensinou coisas que só os intérpretes autorizados conseguem "captar".

Desse modo, então, não se faz jamais uma interpretação textual que não coincida com o comportamento e com a atitude de Jesus na dinâmica de seus movimentos e encontros narrados.

Assim, eu confiro tudo com o espírito de Jesus, conforme o Evangelho. Só assim Jesus não fica esquizofrênico ante os nossos sentidos: o que Ele disse, Ele viveu; e o que Ele viveu, é o que Ele disse.

“Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e Nele estão TODOS os tesouros da sabedoria e do conhecimento.”


“Ele é o resplendor da glória do Pai e a expressão EXATA do Seu Ser, sustentando todas as coisas pela Palavra de Seu poder!”

Olhe para Ele, e tudo fica interpretado! O resto, irmãos, é invenção de quem não quer lidar com gente e prefere lidar com letras.

E a leitura do Antigo Testamento?

“Eis aí vêm dias... em que firmarei Nova Aliança...: Na mente (não mais em tábuas), lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, eles serão o meu povo (...) Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.” Grito do Profeta Jeremias – 31. 31-34

Após tais exercícios devocionais sob o Novo Testamento, muitos me endereçam questões de perplexidade e confusão relacionadas aos conteúdos do Velho Testamento.

Mas estou certo de que esse conflito nem Paulo e nem o escritor de Hebreus tinham, por exemplo. Digo isto porque Paulo recorre ao Antigo Testamento, aos salmos, e aos profetas, a fim de mostrar que aquela “Fase Humana” havia ficado sepultada em Jesus; e que, conforme as mesmas Escrituras, em Cristo começaria uma nova consciência, não como mandamentos de exterioridades, mas como percepção fundada no amor, na justiça e na verdade — tudo isto inscrito e gravado no coração.

Paulo também diz que a Lei foi dada, e com ela as causalidades e seus efeitos, a fim de que se avultasse (exagerasse) a consciência do pecado em nós. O próprio Paulo revelou que a Lei era parte da infância da consciência, como já nos referimos aqui, pois nos servia de guia, de servo que pega e leva para a escola — embora, agora, já andando no Caminho pela fé, ele diga que já não se precisa mais da Lei-Babá.

Além disso, toda a argumentação do apóstolo acerca da justificação pela fé conforme o dom da Graça se fundamentava nas declarações dos salmos e dos profetas; bem como, além do que estava declarado abertamente nos Textos, Paulo interpretava também o que estava apenas implícito na leitura — e ele faz isso lendo a Escritura a partir de Jesus, e não Jesus a partir da Escritura.

Isto porque Paulo lia o Velho Testamento a partir da consciência adquirida em Jesus. Ou seja: Jesus era a “Chave Hermenêutica” de Paulo, e partir dessa Chave, Paulo interpreta Abraão, Sara e Hagar, Ismael e Isaque, Esaú e Jacó e outros — sempre com o propósito de mostrar como Jesus era o cumprimento de todas as coisas.

E foi também a partir da mesma “Chave Hermenêutica” que o escritor de Hebreus interpretou os cerimoniais e os ritos descritos nos Livros da Lei, discernindo seus símbolos, utensílios e arquiteturas.

A carta aos Hebreus chega ao ponto de dizer que Jesus era maior do que Moisés, e maior do que tudo no Velho Testamento; chamando o que era pertinente à Velha Aliança de coisa obsoleta e sem utilidade, “antiquada, envelhecida e prestes a desaparecer”. Hoje, ele diria que a Velha Aliança era chamada “velha”, dado seu prazo de validade vencido.

Assim, o que se tem no Velho Testamento, na Antiga Aliança é o seguinte:

A justificação pela fé, mediante a qual todos foram justificados, de Adão a João Batista. Hebreus 11 declara isto. E isso embora as pessoas vivessem sob “o regime da lei”, conforme Paulo. A justificação, entretanto, segundo Hebreus e Paulo (em todas as suas cartas), sempre aconteceu pela fé, e nunca pela Lei. Esta é, afinal, a tese de Paulo em Romanos e Gálatas; em especial.

A busca humana de se justificar pela Lei; pois, estava dito que aquele que desejasse se justificar pela Lei, esse teria que cumpri-la toda. E Jesus, dando continuidade aos profetas, deixou claro que tal obediência à Lei deveria ser por dentro e por fora. Mas é Davi quem diz: “Se observares iniqüidade, quem, Senhor, subsistirá?” Para então também declarar: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade”.

A declaração, especialmente fundada no Livro de Jó, de que as calamidades da vida não são absolutas quanto a determinar o juízo de Deus sobre os homens. E Jó é a prova disso. Normalmente, todo homem acaba colhendo o que planta, mesmo que isto não chegue com cara de calamidade. Muitas vezes, somente a própria pessoa sente as conseqüências. Entretanto, conforme Jó e o Eclesiastes, as calamidades não nos vêm como aplicativo absoluto de uma Lei de Causa e Efeito; e, menos ainda, têm elas o poder de justiça; pois, muitas vezes, é o homem inocente de certos males aquele que recebe as suas conseqüências; e, outras vezes, aquele que faz algo que deveria trazer um efeito negativo equivalente ao mau-causa praticado, aparentemente, sai ileso. E o que ninguém sabe é o tamanho do desmonte na alma desse ser; pois, quando não vem como mal externo (calamidade), sempre vem como mal interno (medo, solidão, angústia, designificação existencial, amargura, sofreguidão do ódio, desespero da morte, etc.).

O que não há no Velho Testamento é justificação sem Sangue. Na Antiga Aliança, a própria Lei foi sancionada com derramamento de sangue; conforme o primeiro rito de “vestimenta espiritual” praticado “por Deus” no Gênesis, quando cobriu o homem e sua mulher com as peles de um animal morto para vesti-los.

Assim, meus irmãos, no Antigo Testamento, nós tanto temos a manifestação da devoção humana de forma primitiva; assim como temos a linha mestra de indicação do Caminho, e que é uma linha carregada de sangue de bodes e de touros; até que chegou o Cordeiro, que já havia sido imolado desde antes da fundação do mundo (portanto, infinitamente anterior à Lei); e, Nele, toda a Lei — tanto os mandamentos de conduta individual e social (10 mandamentos; por exemplo) como também as leis e ritos cerimoniais — foram cumpridos; e, com isto, tudo o mais se torna obsoleto, visto que o que agora prevalece explícita e encarnadamente é o Evangelho da Nova Aliança; e Nele, a obediência é conseqüência da fé que nasce do Amor que nos amou primeiro e que se entregou por nós.

Para os que ainda são da Lei, a emoção prevalente como “motor da obediência” é o medo. Já no Caminho do Evangelho nada tem sentido se não for o amor e a gratidão aquilo que movem o ser.

Por último, quero dizer que, na existência, existe causa e efeito em tudo (na justiça legal, nas leis naturais, nas leis econômicas, nas leis físicas, nas leis relacionais, nas leis conjugais, nas leis negociais, etc.) — menos no que tange à salvação em Cristo, conforme o Evangelho.

No Evangelho, a Lei fica para o Estado na regulamentação dos vínculos sociais (Romanos 13). Mas ela, a Lei, nada tem a ver com a justiça de Deus para salvação, que salva até o condenado pela lei como fez com o ladrão ao lado de Cristo.

Assim, no tempo Antigo, temos gente tentando viver pela Lei, com toda sinceridade; temos gente fazendo de conta que guardava a Lei, com toda falsidade; e temos gente que vivia sob a Lei por fé e esperança num Amor Maior – que os absolvesse dos rigores da própria Lei que os expôs como transgressores.

Quem se dedicar a leitura atenta dos evangelhos e das inúmeras afirmações de Paulo em suas cartas, mas em especial Romanos de 9 a 11, saberá que a finalidade da Lei é Cristo.

Jesus, a chave que abre o coração

“Perguntou-Lhe Pilatos: O que é a verdade?”

Ora, conquanto Jesus seja também uma informação histórica — afinal Ele existiu, e nós não estávamos lá quando isto aconteceu; razão pela qual dependemos completamente das descrições que os evangelhos fazem de Jesus a fim de melhor discernir seu espírito —, no entanto, o discernimento de Quem Ele era, só acontece como revelação de Deus no coração.

A Verdade não existe como Explicação, mas tão somente como Encarnação. A Verdade se fez carne! É Alguém. A Verdade é uma Pessoa! Por isso, a Verdade só pode ser vivida, não pensada. Todo pensamento acerca dela decorre da experiência. A Verdade não é objeto de prosa... O Jesus do Evangelho não é para ser aceito, mas para ser conhecido. A Verdade que vejo em Jesus — Encarnada Nele — eu mesmo tenho que conhecer na minha própria encarnação, que é o único estado de existência que eu tive até hoje.

Foi assim com Pedro. Ele conheceu a Verdade em Jesus, e teve que experimentá-la em si mesmo. E, provavelmente, o dia no qual ele negou a Jesus, tenha sido um dia de muito mais verdade que a noite da Transfiguração.

Portanto, é preciso que cada um conheça Jesus e Sua Palavra, para si mesmo. É preciso que cada um aprenda a Ter sua própria consciência em fé, a fim de viver a Palavra por si mesmo.

Em resumo, a Encarnação é a chave hermenêutica do conhecimento bíblico, mas essa chave tem que abrir antes o meu coração. E isto só acontece no encontro entre a Verdade e a Vida.

Ora, tal encontro só se dá no Caminho, e é a isso que chamamos Consciência do Evangelho. Por isso, aproveito-me deste trabalho para propor um exercício pessoal libertador:

Quero convidá-lo a pegar os evangelhos e relê-los como se fosse a primeira vez, e faça-o como se nunca tivesse ouvido nenhuma interpretação deles. Pois, assim fazendo, você logo saberá que o que eu digo é apenas uma Nova Repetição do que não muda nunca, pois quando se tenta mudá-lo, nunca é para o bem, pois, trata-se daquilo que é eterno: o Evangelho.

A necessidade de escrever a mensagem de Jesus veio do afastamento cada vez maior da sua fonte histórica - o próprio Jesus de Nazaré (Lucas 1:1-4; João 20:30-31). Em meados de 70 D.C., já não vivia a quase totalidade das "testemunhas oculares" do Senhor ressuscitado (Lucas 1:2; 1 Cor 15:3-8). Esse distanciamento cronológico entre Jesus e as comunidades só poderia ser vencido pela palavra escrita. E assim se formaram as duas grandes coleções ou "corpus" das Cartas de Paulo e dos Evangelhos.

Depois, eu gostaria de enfatizar a necessidade de ler o Novo Testamento na ordem cronológica da mais provável seqüência de sua produção: 1ª. e 2ª. Tessalonicenses; Gálatas, Efésios, 1ª. e 2ª. Coríntios, e Romanos; Colossenses, Filemom; Filipenses, 1ª. e 2ª. Timóteo e Tito; 1ª. Pedro; Marcos; Mateus; Hebreus; Lucas; Atos; Tiago, Judas, 1ª,2ª. e 3ª. João; o evangelho de João, 2ª. Pedro; e Apocalipse.

Como alerta, devo dizer que o primeiro inimigo a ser vencido no estudo bíblico é o pré-condicionamento na interpretação.

Então, meu querido, soda cáustica na cabeça, uma boa chacoalhada, limpeza, e início de leitura pessoal e aberta para a Palavra e para o Espírito. Então você verá que começará a surgir o Jesus real das páginas dos evangelhos! Experimente!

Que a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos.

Caio Fábio - www.caiofabio.com

Onde está Deus quando estou sofrendo?

Onde está Deus quando estou sofrendo? Onde está Deus na vida dos pais que tem filhos que nasceram com algum tipo de deficiência física? Onde está Deus na vida de quem foi vítima de adultério? Onde está Deus na vida de quem faliu nos negócios? Onde está Deus na vida de quem sobrevive por meio de aparelhos no hospital? Onde está Deus na vida de quem sofreu acidente e sobrevive paralítico? Onde está Deus na crise do casamento? Onde está Deus na vida dos pais que tem filhos rebeldes e saíram de casa? Onde está Deus na vida daquela mãe que tem o filho desaparecido? Onde está Deus na vida de quem foi seqüestrado? Onde está Deus quando alguém é vítima das ciladas do Diabo? Onde está Deus na vida de quem sofre depressão ou transtorno bipolar? Onde está Deus na vida de quem perdeu tudo num terremoto, incêndio, alagamento ou acidente? Enfim: Onde está Deus na vida de quem perdeu família, bens, status social e saúde? Onde está Deus na vida de Jó? Onde está Deus quando você está sofrendo uma dor insuportável? Fazemos essas perguntas toda vez que o sofrimento assalta nosso coração de surpresa. Essa é a pergunta da fé em busca da presença de Deus na dor.

Onde está Deus na história de Jó? Parece que Deus está de braços cruzados, inerte, ausente e apático; porque foi enganado, manipulado e derrotado pelas suspeitas cínicas do Diabo, uma vez que o cenário que Jó enxerga é solidão, abandono e rejeição extrema. A sensação que temos é que bem na hora em que Jó mais precisava de seu socorro, Deus some e o abandona sozinho, ferido, pobre, enlutado, deprimido, desiludido com sua própria fé e absolutamente despido de tudo e de todos. Parece que Deus se esconde de propósito, enquanto observa Jó agonizando de dor e ouvindo seus gemidos de desespero, reclamando e se defendendo das acusações inflamadas de seus amigos. E além do mais, o sofrimento de Jó é somatizado pela crise de fé de saber que está agonizando de dor, carente, solitário e procurando no escuro Aquele a quem consagrou toda a sua vida por toda vida.

Será que podemos continuar confiando em Deus quando não o encontramos em nosso sofrimento? Como é que um Deus que diz ser nosso Pai amoroso e nos deixa órfãos no momento em que mais precisamos dele? Nessas horas, somos assaltados pela dor da traição. Por que Deus não age com poder, milagres extraordinários e maravilhas na minha vida da mesma forma que fazia nas Escrituras? Penso que nessa hora os ateus têm vantagem sobre nós, porque somente quem é ateu não se decepciona com Deus, pois nada esperam de Deus. Mas quem se entregou aos cuidados de Deus, espera sempre a sua ação, manifestação e intervenção. Por isso, essas perguntas são feitas pela fé de quem está à beira de se sentir traído e decepcionado com Deus.

Assim, entendo que o sofrimento nos leva a repensar sobre o lugar de Deus em nossa vida. O resultado dessa busca por Deus no meio da dor é uma crise de fé que abala toda nossa devoção e piedade. Pois entendo que o sofrimento é o cenário do processo de amadurecimento da fé que passa por crises, angústia mental, incertezas, dúvidas, desespero, tensão, drama e fortes emoções. Na verdade, o sofrimento revela que não existe super-crente cheio de fé o tempo todo. O sofrimento revela nossa fragilidade e carência como parte integrante de amadurecimento de fé. Penso que o livro de Jó nos ensina que Deus está presente no sofrimento para ser mais conhecido, à medida que nós conhecemos nosso próprio coração, mesmo quando nossos sentidos estão doloridos pelo sofrimento inexplicável.

Diante da crise de fé que assalta o coração de quem sofre, quero compartilhar, a partir do livro de Jó, alguns atributos de Deus que podem nos ajudar a ver, interpretar e reagir à dor no sofrimento. Agora é hora de mudar o foco: de olhar somente para nossa ferida e agora também olhar para o Deus de nossa vida. Assim, quero lembrar a sua fé alguns atributos de Deus que a história de Jó nos apresenta a partir do diálogo entre Deus e Satanás e sua conexão com o restante do drama da história.

1. DEUS É O CRIADOR DA HISTÓRIA

O drama de Jó começa após o diálogo entre Deus e Satanás. E Deus permite que Satanás seja o agente causador do sofrimento de Jó. Diante disso, surge a pergunta: Quem criou Satanás? Qual a sua origem? Respondo: Deus criou Lúcifer, e Lúcifer se transformou em Satanás. Deus criou um anjo de luz, e o anjo de luz, no exercício de sua liberdade moral, rebelou–se contra seu Criador e tornou–se Diabo. Assim, eu creio na existência do Diabo. Mas o que se entende por Diabo? C.S Lewis nos ajuda responder: “A mais comum de todas as questões a mim colocada, é se eu creio na existência do Diabo. Então, eu digo: se por Diabo você está pensando num poder em oposição a Deus, como Deus, que seja auto-existente desde a eternidade, minha resposta é não [...] Não há nenhum ser não-criado exceto Deus. Deus não tem um oposto a Ele. Nenhum ser poderia atingir maldade perfeita a fim de competir com a perfeita bondade de Deus”.

O Deus que Jó nos apresenta é o Deus que se revela como sendo o único Criador de todas as criaturas da terra, não deixando qualquer possibilidade para o politeísmo nem para o dualismo. Não há indício na Bíblia de uma ordem estranha de espíritos com um domínio rival fora do alcance do Senhor. Ou seja, não há um universo maligno, in-criado, auto-existente e auto-sustentável fora do conhecimento e alheio ao Senhor. Deus é o criador de tudo. Esse fato aponta para Cristo; pois, Cristo é o primogênito sobre toda a criação: “..porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele”. (Cl 1:16). Logo, Satanás é apenas um criatura coadjuvante, periférica e secundária na história.

2. DEUS É O TODO-PODEROSO DA HISTÓRIA

Saber que Deus é o criador de todo universo e que não existe um universo maligno desconhecido e fora do alcance de Deus, nos conduz a entender que Deus é o todo-poderoso do universo. E Jó confessa e reconhece o poder de Deus quando diz: “Bem sei que tudo podes...” (Jó 42:2).

Aplicando o poder de Deus em relação a Satanás, podemos entender que o livro de Jó nos apresenta Satanás como sendo apenas um provocador dos homens e jamais um opositor a altura de Deus. Francis Andersen nos elucida sobre a identidade e presença de Satanás na história de Jó dizendo: “A sua insolência demonstra uma mente já pervertida e longe de Deus, mas sua hostilidade não está na escala de uma potência rival. Aqui há maldade, mas não dualismo. Satanás pode ser o principal causador de confusão no universo, mas é uma mera criatura, insignificante em comparação com o Senhor. Pode fazer apenas aquilo que Deus permite que faça. Na assembléia, é mais um perturbador da ordem de que um oficial.” Ou seja, o que não se pode defender é igualdade entre Satanás e Deus. Temos que entender que Satanás é nosso inimigo e não de inimigo de Deus. Inimigo de outro é aquele que tem força semelhante. É impossível fazer qualquer tipo de comparação entre a força de Satanás e a de Deus.

O diálogo entre Deus e Satanás revela a absoluta supremacia de Deus sobre Satanás. Não podemos entender que há um duelo de dois titãs no ringue da vida lutando pela alma do mocinho num inseguro suspense e numa aposta cega e imprevisível. Mas, esse diálogo me faz olhar jamais para dois seres superiores e iguais, mas sim, apenas para Um – o supremo Deus Todo-Poderoso – e somente a ele dirigir meus gritos de angústia.

Ao ver Jó sofrendo, aparentemente, imaginamos que Satanás ganhou a “luta” e agora tem a posse da alma de Jó. Mas Deus se apresenta como todo poderoso quando limita a ação de Satanás. A presença, ação e movimento de Satanás estão limitados por uma corda firmemente segura pela mão poderosa e soberana de Deus. Perceba que Deus limita a ação de Satanás na vida de Jó ordenando: “...não estendas a tua mão contra ele...” (Jó 1:12). E ainda determina: “...poupa-lhe a vida...” (Jó:2:6). E Satanás obedece. Pois, assim como os outros anjos, ele se apresenta para dar satisfações a Deus de suas atividades na terra. Satanás tem que prestar o relatório de suas atividades na terra, e só se apresenta na história porque o Senhor Deus Todo-poderoso abre espaço para o diálogo.

Assim, a presença de Satanás na assembléia celestial demonstra sua infinita submissão e dependência como uma criatura coadjuvante nessa trama cósmica que tem o Senhor Deus Todo-Poderoso como o protagonista. Diante disso, não podemos nem subestimar nem exaltar a presença de Satanás no sofrimento dos justos. O que devemos fazer é colocar Satanás no seu devido lugar - que é debaixo da mão poderosa de Deus – na hora do sofrimento. Logo, se Satanás estiver afligindo os filhos de Deus com o sofrimento, não podemos duvidar de que o Senhor Deus Todo-Poderoso é infinitamente supremo ante ao minúsculo Satanás. “Porque eu estou bem certo de quem nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8:38, 39). Uma vez que, Cristo despojou “os principados e potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. (Cl 2:15).

3. DEUS É O SOBERANO DA HISTÓRIA
O Deus que Jó nos apresenta é Deus soberano. Jó reconhece que: “... nenhum dos teus planos pode ser impedido/frustrado”. (Jó 42:2). Isso implica dizer que Deus tem plano, agenda, métodos, modo operante de agir, estratégias, propósitos, meios, tempo, vontade que só cabem na sua mente. Isso significa que Deus realiza tudo o que ele quiser, com seus próprios meios e fins determinados e executados pela sua soberana vontade. Isso implica que muitas de nossas perguntas não terão respostas. Por exemplo: Por que Deus usa Satanás para afligir Jó? Por que Deus aceita a provocação da suspeita cínica de Satanás acerca das motivações e intenções de Jó ser obediente e justo? Deus não precisa provar nada. E por que fazer um teste num homem que é íntegro, inteiro, completo, maduro o suficiente? E por que permitir um sofrimento tão extremo na vida de um homem bom? A soberania de Deus responde com uma simples palavra: Mistério.

A confissão de fé de Westminster assim define soberania de Deus: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteradamente tudo quanto acontece... (Cap. III, 1)”. Isso implica dizer que a soberania de Deus é a manifestação da perfeição de seu ser, pela qual Ele mesmo é o Sumo bem de todas as suas criaturas. Assim, todas as decisões e ações de Deus são feitas para dar vida a todo mundo. E mediante o simples exercício de sua soberana vontade, Deus pode realizar tudo quando está presente em sua vontade e conselho. Ou seja: toda a história de Deus na tua vida tem um plano que jamais será frustrado, mesmo que nesse plano tenha dores e sofrimentos inexplicáveis.

4. DEUS É O GOVERNADOR DA HISTÓRIA

O Deus que Jó nos apresenta exerce sua soberania como o governador do Universo. Dessa forma, Deus não age no mundo tendo reações descontroladas diante de problemas e imprevistos. Para Deus não existe a idéia de notícias inesperadas. Deus nunca é pego de surpresa para solucionar problemas. Suas mãos comandam toda a história. Cada fato que acontece na história não passa desapercebido por Deus. Com isso, Deus governa como rei soberano sobre todo o universo criado.

Jó foi pego de surpresa quando soube das seqüência de tragédias, catástrofes, mortes e perdas. Mas por incrível que parece, nada disso estava fora do olhar e do controle de Deus. Ou seja, todo drama de Jó não é fruto do acaso, da imprevisibilidade, má sorte de um destino cego e incerto, aleatoriedade inconseqüente dos fatos, carma, destino determinado e imutável. Pelo contrário, toda a história está na palma das mãos de Deus.

Não podemos esquecer que Deus tem o controle absoluto das ações de Satanás. Pois é ele quem determina seu agir na vida de Jó quando ordena: “... não estendas a tua mão contra ele...” (Jó 1:12) e “...somente poupa-lhe a vida...” (Jó:2:6). Pois a Bíblia nos diz que Deus governa sobre todos o seres humano. Deus é chamado de o “grande Rei” em (Sl 48.2), todo-poderoso (Sl 24.8), com reinado eterno (Sl 29.10) sobre toda a terra (Sl 10.16). Enfim, Deus tem o absoluto governo de tudo (I Cr 29.11,12). Nada pode frustrar e impedir a ação de seus planos (Jó 42.2). Deus é poderoso para fazer o que lhe agrada (Sl 115.3; 135.6 e Dn 4.35). Deus é soberano sobre todos os reis da terra e os mantém no seu controle (Pv 21.1; Ap 19.16; Rm 9.17; Ex 9.12,16). Não há nenhum ser humano fora do domínio poderoso de Deus. Assim, nada acontece por acaso. Ele está no controle de todos os acontecimentos da vida humana. Ele ordena e determina o curso da história antes que ela ocorra. Javé é o Senhor da história. (Dn 2.7; 4.17; Is 55.11). Assim, também Deus governa sobre todo mundo angelical. Nem o mundo invisível, nem a interferência dos anjos, demônios e Satanás na história humana ou antes da criação do mundo podem fugir do domínio soberano do Todo-Poderoso. Todos os seres invisíveis estão subordinados a cumprir os propósitos eternos do soberano Deus. Os anjos comparecem diante do trono de Javé para adorá-lo por toda eternidade (Ne 9.6; Ap 4.8-11). Por isso que os demônios e Satanás se apresentam diante do Todo-Poderoso para prestar relatório e obedecer suas ordens (Jó 1.6; 2:1). Em Jó 1.6 e 2.1, Satanás comparece ao trono do Todo-Poderoso para prestar contas de suas atividades na terra. Ele se apresenta com um servo que tem hora para chegar e para sair.

Mesmo sabendo que Satanás não é onipresente, mesmo assim, não podemos subestimar o fato que ele está ao nosso redor como o leão que busca nos tragar (I Pe 5:8). Satanás não está rodeando a terra e passeando por ela porque está ocioso, desocupado, nem fazendo turismo sem sentido e sem propósitos malignos. O Diabo espera uma brecha para agir malignamente na vida humana. Ele é nosso inimigo, ladrão, perverso, maligno, destruidor. Seu propósito é matar, roubar e destruir (Jo 10:10). Suas ciladas estão a espera daquele que estiver desatento e despreparado (Ef 6:11). Porém, não podemos entender que Satanás é sempre o único responsável pelo sofrimento de todas as pessoas e em todas as circunstâncias e histórias. Ele não está agindo no mundo de forma descontrolada. Suas atividades cruéis na terra estão limitadas ao kairós de Deus que tem o poder de amarrar e destruir Satanás no tempo em que desejar (Ap 20.2).

5. DEUS É O SENHOR DA HISTÓRIA
É interessante notar que é o Senhor, e não Satanás, quem trás a tona o caráter íntegro e a felicidade de Jó. “O Senhor disse a Satanás:’De onde você veio?’ Satanás respondeu ao Senhor: ‘De perambular pela terra e andar por ela’. Disse então o Senhor a Satanás: ‘Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal’”. (Jó 1:7,8). Logo, Deus é quem começa a história e promove todo o drama ao apresentar seu servo Jó a Satanás e a permitir-lhe que aflija a vida de Jó com perdas e danos. E também é o Deus que determina o desfecho da história de Jó. Ou seja, o mesmo Deus que começou a história é o mesmo Deus que terminará de contá-la. Mesmo não entendendo seu drama, Deus está na tua história o tempo todo e sabe o momento exato de agir.

Ilustração: Conta-se que uma bordadeira tinha seu filho sempre brincando aos seus pés enquanto bordava. Seu filho olhava para cima e não conseguia entender o trabalho de sua mãe, pois só enxergava fios e linhas desconexas e tortas. E sempre perguntava: ‘Mamãe, o que a senhora está fazendo?’ Mas, mesmo sua mãe respondendo, ele não entenderia que a necessidade de ter um emaranhado de fios e linhas no processo da costura de roupa para protegê-lo do frio. Certa vez sua a mãe colocou seu filho no colo e, enfim, seu filho olhou de cima para baixo e viu a obra de sua mãe pronta. Naquele momento, seu filho entendeu o resultado da obra das mãos de sua mãe. Assim, Deus um dia nos colocará em seu colo de amor e nos revelará como ele escreveu a história de nossa vida.

E mesmo Jó não sabendo toda a explicação da origem do sofrimento, ele conseguiu entender os planos de Deus sobre a vida. No final, quando olhamos nossa vida pela ótica de Deus, mudamos a expressão de choro para alegria e celebração.

Diante dessas verdades a cerca do caráter de Deus, a pergunta: “Onde está Deus quando estou sofrendo?” deve ser mudada para: “Onde está minha fé em Deus quando estou sofrendo?” Entendo que o sofrimento dos justos é um convite a adoração, e essa adoração vai despir nosso coração para transformá-lo. Assim, o sofrimento é usado por Deus para moldar nosso caráter. E com isso, como Deus usa o sofrimento para moldar nossa fé? E é sobre isso que vamos pensar da próxima vez.

Em Cristo, o Deus conosco.

Jairo Filho

Mensagem pregada na IPB de Imbituva no dia 24 de maio de 2009.

Quando Deus demora fazer um milagre (João 11:1-41)

Introdução:

Você já ficou alguma vez decepcionado com algo ou alguém? Imagine a decepção de acabar a energia elétrica bem na hora de ver na TV aquela jogada maravilhosa de futebol (lembra a final da copa de 94?) ou enquanto é revelado o misterioso assassino da novela (Quem matou Odete Hotman? Lembra?). Imagine o imprevisto de acabar o gás enquanto você prepara aquele almoço de domingo para toda a família, parentes e amigos. E pense no desespero de não conseguir entregar o trabalho de conclusão de curso no dia certo porque a tinta da impressora acabou. Pense na frustração de ser esquecido pela carona bem no dia e na hora da entrevista daquele emprego que iria mudar sua vida. Imagine a dor de ser traído, rejeitado e abandonado pelo nosso melhor amigo, namorada ou cônjuge que confiamos tanto. Parece que todos, uma hora ou outra, sofremos algum tipo de decepção. E parece que isso faz parte da vida. Ou tem alguém que nunca sofreu algum tipo de decepção na vida?

Pensando nisso, você já se decepcionou com Deus alguma vez? Você já fez uma oração em pleno desespero, numa situação de extrema urgência e não foi atendido por Deus? Você já se sentiu abandonado por Deus quando mais precisava dele? Você já teve a impressão de que quanto mais ora, mais a situação continua estável e até mesmo piora? Você já teve a sensação de clamar por socorro e não ouvir resposta de Deus? Já se sentiu esquecido por Deus enquanto ora, como um órfão de um pai vivo? Você já se sentiu abandonado por Deus, como se Ele não se importasse com a sua vida? Você já experimentou o silêncio de Deus e a impressão de que Deus está imóvel, inerte, estável, de braços cruzados e dando às costas para nós, enquanto sofremos agonizando de dor?

Mas será que estaríamos dispostos a aceitar o silêncio de Deus? Você estaria disposto a aceitar que Deus não respondesse, nem agisse na sua vida no momento de mais aflição de sua vida? Você estaria disposto a continuar confiando em Deus, quando a tragédia já lhe atingiu, apesar de ter suplicado a ajuda do Senhor? Você estaria disposto a sofrer as conseqüências do silêncio de Deus quando a dor é insuportável? Talvez a resposta seja um “NÂO”, pois geralmente não andamos por fé, mas pelo que vemos e sentimos. Porque nossa fé é sustentada exclusivamente por milagres visíveis (leia-se: milagre é a oração atendida de acordo como foi pedida para satisfazer nossos desejos). Além do mais, carregamos a idéia de que Deus é um Deus garçom. É só estralar os dedos e ele virá com o seu cardápio de Bênçãos para nos servir. E ainda, nada ou quase nada conhecemos sobre a soberania de Deus. Não estamos acostumados a depender de alguém que não seja nós mesmos, e logo entramos em desespero.

Diante disso, creio que a incrível história da ressurreição de Lázaro (seu nome significa Deus é o meu socorro) pode nos dar uma nova perspectiva, uma nova visão da nossa realidade, uma nova disposição mental, novos valores, novos conceitos, novo comportamento, um novo tipo de pensamento e idéia sobre a situação que nos encontramos. Essa história pode nos dar uma nova postura diante das duras realidades de aflição, dor e tragédia que nos atingem. Com essa história Deus pode nos fazer enfrentar nossa ansiedade e desespero quando não há resposta pra nossas angústias. É possível mudar nossa postura diante das nossas mais trágicas realidades. É preciso deixar de andar pelo que vemos e confiarmos que a resposta de Deus pode ser, aparentemente, tardia, mas ela vem. A resposta de Deus é certa, com propósito certo e no tempo certo.

Assim, levanto a tese, baseado em João 11:1-41 de que DEUS SEMPRE AGE NAS NOSSAS VIDAS COM O FIM DE SER GLORIFICADO (Jo 11:4 e 14:13). Quando Deus está demorando a socorrer seus amados, ele está dizendo: “No meu tempo e do meu modo, farei grandes obras, milagres na sua vida para a Glória de Deus Pai”.


Diante disso, eis algumas importantes lições que Deus nos revela nessa história que podem mudar a sua vida. Essas lições dizem a respeito que é possível Deus dá uma resposta tardia; e pode, aparentemente, demorar a agir na sua vida, mas no tempo certo e da sua maneira, ele fará grandes milagres para ser glorificado.

1 - A PRIMEIRA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir nas nossas vidas é: DEUS PERMITE O SOFRIMENTO DE SEUS ADORADORES. “...Lázaro estava doente... era a mesma que derramara bálsamo perfumado sobre o Senhor e olhe enxugara os pés com os cabelos.” (v.1 e 2)

Essa história é mais uma prova de que nem todas as dores da vida são castigos de Deus. Ou seja, Deus permite que o sofrimento também alcance os justos. Vemos nesta história um trio de irmãos que são justos aos olhos de Deus: Lázaro é o amigo amado de Jesus. Maria é a adoradora que ungiu os pés de Jesus. E sua irmã Marta é a seguidora que recebeu Jesus em sua casa. Logo, percebemos uma família que ama, adora e segue Jesus sofrendo a dor da doença, da morte, da perda e do luto. E todo esse sofrimento não pode ser encarado como castigo. Aqui acaba a fórmula que ensina que só quem sofre é quem não segue Jesus. Então, pare de se sentir culpado pensando que está sofrendo por causa do castigo de Deus.

2 - A SEGUNDA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir nas nossas vidas é: DEUS NUNCA DEIXA DE NOS AMAR MESMO NO SOFRIMENTO. “Senhor, aquele a quem amas está doente.” (v.3). “Então os judeus disseram Vede como o amava” (v.36).

Jesus recebe a notícia de que “Está enfermo aquele a quem amas”. E nesta afirmação vemos que Jesus amava Lázaro, mas mesmo assim, Lázaro morreu. Enquanto ficava fraco, doente e gemia de dores era muito amado. Jesus amava a Lázaro sadio, enfermo, morto, ressuscitado, morto outra vez,e unido a Deus de uma vez para sempre na eternidade. E se não tivesse ressuscitado seria menos amado? Ah, não mesmo! Afinal, Jesus mesmo disse que estava fazendo o que fizera, apenas para que os homens cressem, e não para Lázaro se sentir mais amado. Ou seja, a morte de Lázaro não significa que Deus não o ama. O amor de Deus por nós nunca muda. Nem aumenta nem diminui. O amor de Deus por nós é suficientemente infinito, incondicional e eterno. Assim, nunca se sinta não amado por Deus quando estiver sofrendo as dores da vida. Pois nem mesmo a morte pode nos nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 83:9b). Não esqueça: Antes de você nascer, você já era esperado e amado por Jesus, e assim será para sempre.

3 - A TERCEIRA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir nas nossas vidas é: DEUS É SOBERANAMENTE PONTUAL. “Mas ao saber que ele adoecera, permaneceu ainda dois dias no lugar onde estava” (v. 6). “..alegro-me por não ter estado lá...” (v.15). “Chegando pois Jesus, viu que Lázaro estava sepultado já havia quatro dias” (v.17). “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido" (v.21 e 32).

Jesus escuta o recado: “Está enfermo aquele a quem amas”, mas intrigantemente, Ele ficou ainda 2 dias no lugar onde estava. Ou seja, se pensarmos que a mensagem (oração) levou um dia para chegar a Jesus e outro dia para que o mensageiro voltasse à Judéia, adicionando os dois dias em que Jesus permaneceu no local onde estava, é muito provável que Lázaro estivesse morto quando do recebimento da mensagem. Esses dias somados resultariam os quatro dias mencionados no verso 17. Ou seja, não há mais esperança para um milagre de cura.

Aqui Jesus revela o jeito soberano de Deus agir. Jesus indica que ele agiria no tempo estabelecido pelo Pai, e não pela urgência do pedido de uma pessoa. Ou seja, Deus age segundo o seu tempo e propósito. A ação de Deus não é manipulada pela necessidade, desespero e emergência. Isso significa que Deus nunca se atrasa e nunca se adianta. Deus não usa o nosso relógio nem nosso calendário para guiar seu tempo e agenda de administração do mundo. Deus não trabalha no nosso tempo. O Novo Testamento nos apresenta o significado de dois tempos: O Cronos (o nosso tempo) e o Kairós (o tempo de Deus agir). O salmo 90:4 nos diz que aos olhos de Deus “mil anos são como o dia de ontem que passou, como a vigília da noite”. E II Pedro 3:8 nos diz que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Em resumo: O tempo de Deus agir é diferente do nosso tempo. Isso desconstrói aquele ditado: “Deus tarda, mas não falha”. Porque Deus nunca demora agir em nossa vida. Também descontrói a idéia de que nossa oração vai apressar a ação de Deus e manipular seu poder ao nosso favor. Na verdade, quando oramos estamos nos submetendo ao tempo, vontade e propósito de Deus enquanto apredemos a nos submeter a soberana vontade de Deus e a depender dele enquanto esperamos confiantemente com fé. Portanto, creia: nunca é tarde demais para Deus começar a agir na sua vida. Enquanto há vida, há esperança, há sempre a possibilidade do milagre. Espere e verás a glória de Deus. Creia: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus...” Salmo 46:1 E 10

4 - A QUARTA LIÇÃO que Deus nos ensina para entendermos a sua aparente demora em agir em nossas vidas é: DEUS DESEJA AMADURECER A NOSSA FÉ ENQUANTO ESPERAMOS NELE. “Por vossa causa, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos até ele”. (v.15). “Mas alguns disseram: Será que ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter evitado que este homem morresse?” (v.37). “Jesus lhe respondeu: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” (v. 40) "Eu sei que sempre em ouves; mas por causa da multidão que está aqui é que assim falei, para que creiam que me enviaste”. (v.42). “Muitos dentre os judeus que tinha ido visitar Maria, vendo o que Jesus fizera, creram nele”. (v.45)

Jesus disse que estava fazendo o que fizera, apenas para que os homens cressem. Jesus demorou a chegar porque estava preparado para fazer um milagre nunca visto pelos seus discípulos, a fim de que este milagre servisse de sinal para revelar a identidade de Jesus como o Filho de Deus (Jo 20:30 e 31). Também imagino que Jesus sabia que Maria e Marta criam nele, mas Jesus queria amadurecer sua fé nele para mostrar maiores obras do que elas já viram. A demora e o silêncio de Deus se propõe fazer o crente romper em fé. Assim não desista de esperar, de crê inteiramente em Deus. Enquanto você espera, o milagre do amadurecimento da fé chega.

5 - A QUINTA LIÇÃO que Deus nos ensina nessa noite para entendermos a aparente demora de Deus em agir nas nossas vidas é: DEUS SE IDENTIFICA COM O SEU SOFRIMENTO. “...Jesus comoveu-se profundamente no espírito e, abalado...Jesus chorou”. (v.33 e 35). “Jesus, comovendo-se profundamente outra vez...” (v.38)

Jesus tinha certeza de que a doença de Lázaro não era para a morte, mas para a glória de Deus (v.4). Jesus foi ao encontro de Lázaro para despertá-lo com o milagre da ressurreição (v.11). Jesus também afirma ser ele mesmo a “Ressurreição e a vida” (25, 26) Mesmo Jesus revelando que Deus é soberano e está no controle de toda a situação, mesmo assim, ele se identifica com o seu sofrimento de sentir a dor da tragédia e a desesperança de não ter a sua oração respondida no tempo da possibilidade. Creia: Jesus está sempre sensível, interessado pela tua história e se identifica com a tua dor. Assim posso descansar na soberania de Deus, pois ele se identifica com a minha dor.

Aqui aprendemos mais uma evidência concreta da imanência de Deus. Ou seja: “Deus está presente e ativo dentro de sua criação.” Jesus revela o Emanuel, o Deus conosco. Assim, onde está Deus no sofrimento? O que podemos ter certeza é que Deus está conosco em toda a realidade de nossa existência e partilhando de todas as nossas experiências humanas. Diante dessa descoberta, a pergunta se inverte: Onde está minha fé no sofrimento? Ou: Com quem estou no sofrimento? Muitas vezes, nossos sentidos doloridos, impedem nossa fé de perceber a presença de Deus. Deus está sempre conosco, mesmo quando nossos sentidos não percebem sua presença. Não precisamos mais procurá-lo aqui ou acolá. Deus está aqui. Esta bem aqui na sua dor. Porque o próprio Deus esteve entre nós e sentiu nossas dores. Temos o Deus que se importa conosco de tal maneira que se tornou homem e morreu para nos dá vida.

A cruz é Deus em nosso sofrimento. As dores de Cristo falam que nem mesmo seus discípulos estão isentos das dores deste mundo. A encarnação de Deus não prometeu um mundo sem sofrimento. Isto nos impede de fugir do sofrimento para abraçar a dádiva da dor, como meio de graça, a fim de nos tornarmos mais parecidos com Deus. O teólogo Jürgen Moltmann disse certa vez que: “Deus não se revelou em Jesus para tirar nossas dores, mas para compartilhá-las. Em Jesus, Deus revelou-se nós como um Deus sofredor. Ele entrou em solidariedade com a humanidade”. “Jamais achei que o cristão estaria livre de sofrimento, porque o nosso Senhor sofreu. E cheguei à conclusão que ele sofreu, não para livrar-nos do sofrimento, mas para ensinar-nos a suportar o sofrimento. Pois ele sabia que não há vida sem sofrimento”.

Conclusão:

Talvez você tenha se identificado com Maria e Marta. Clamaram a Deus pedindo socorro, mas Deus resolve, aparentemente, demorar algum tempo para te atender. Ou você se identificou com Lázaro. Talvez você esteja morto (em seus projetos, emoções, família, igreja, ministério, sem forças para viver, morto espiritualmente).

Assim, diante de tudo que falamos, temos que aprender e crê que a aparente demora de Deus nos leva a ter as seguintes conclusões em nossa vida cristã.

1. Deus está sempre atento as orações dos que o amam.

2. Deus responde as nossas orações quando a resposta é para glória de Deus.

3. Deus responde as nossas aflições no tempo, no modo e no propósito determinado por Deus.

4. Deus é pontual, nunca se adianta e nunca se atrasa. Assim o tempo certo da resposta é o “tempo de Deus”.

5. A demora e o silêncio de Deus se propõem a fazer o crente romper em fé. Pois Deus deseja amadurecer a nossa fé.

6. Deus se identifica com o nosso sofrimento e assim ele é digno e soberano para receber minha confiança.

7. Só Deus detém o poder de tornar tudo possível



Em Cristo, que revelou a glória de Deus ao ser pontual e quando chorou conosco ao sentir nossas dores.

Jairo Filho

Mensagem pregada no dia 21 de maio de 2008 na IPB de Imbituva durante a série de mensagens sobre os milagres de Jesus, intitulada: À espera do meu milagre.

Eu acredito em milagres

De vez em quando alguém me pergunta se, afinal de contas, eu acredito ou não em milagres. Minha resposta é sempre a mesma, e enfática: claro que acredito em milagres. É inadmissível e absolutamente incoerente um cristão não acreditar em milagres. A questão não é acreditar ou não, mas como acreditar. Isto é, a discussão é a respeito do volume (muito ou pouco), da dinâmica (como acontece) e do propósito (por que acontece) do milagre.

A respeito do volume, acredito que os milagres não ocorrem sempre na mesma proporção em todo tempo e lugar. A história, bíblica e também da igreja, demonstra claramente períodos e contextos de maior frequência de milagres, como, por exemplo, a época de Moisés, de Elias, de Jesus e dos apóstolos. Os profetas protagonizaram poucos milagres, e João Batista, que, segundo Jesus, foi o maior dos nascidos de mulher, não realizou um milagre sequer. Também é claro que os períodos chamados de "reavivamento da igreja" são mais pródigos em milagres que o dia-a-dia comum da igreja.

Quanto à dinâmica do milagre, geralmente se crê que quanto mais cheia do Espírito Santo é uma pessoa, mais milagres será capaz de fazer. O Novo Testamento, entretanto, ensina que o milagre não é questão de plenitude do Espírito, mas de dom do Espírito. A plenitude (estar sob plena influência) do Espírito resulta na experiência do fruto do Espírito, isto é, o caráter e as virtudes de Cristo em nós, e isso é universal: toda pessoa pode experimentar. O milagre é questão de dom do Espírito, quando o Espírito Santo usa alguém para realizar algum feito extraordinário, e isso é particular, pois o Espírito usa pessoas diferentes de maneiras diferentes. Os cristãos de Corinto, por exemplo, não estavam na plenitude do Espírito, mas mesmo assim foram usados pelo Espírito para muitos sinais e milagres, isto é, nenhum dom espiritual lhes faltava.

Finalmente, em relação ao propósito dos milagres, também a Bíblia deixa claro que não se destinam ao conforto ou solução de problemas de qualquer pessoa em particular, mas sim às finalidades de Deus que soberanamente se manifesta e se revela para sinalizar seu reino (sua presença entre nós: Deus está aqui) e atrair glória para o seu nome (sua singularidade entre nós: não há outro Deus). Os milagres existem por causa de Deus, que quer demonstrar seu amor por todos, sem exceções, preferências ou méritos de quem quer que seja abençoado por sua graça.

Eu acredito em milagres. Acredito que Deus é um Deus de milagres. Mas não acredito que o milagre seja a regra a pautar o viver digno diante de Deus e dos homens. O caminho do Deus de poder é o amor. Mais pleno de Deus não é aquele que mais experimenta ou mais protagoniza milagres, mas aquele que ama, sendo capaz de enfrentar o mal, onde quer que se manifeste, e fazer o bem a todos.

Assim nos ensina o Novo Testamento: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”.

2009|Ed René Kivitz

Fonte: http://www.ibab.com.br/ed090419.html

A surpreendente novidade

Otto Maduro definiu religião como “um conjunto de discursos e práticas, referente a seres anteriores ou superiores ao ambiente natural e social, em relação aos quais os fiéis desenvolvem uma relação de dependência e obrigação” [Religião e luta de classes. Petrópolis: Vozes, 1981]. Por trás de toda experiência religiosa existe uma mesma lógica: a relação de dependência e obrigação entre os deuses e seus fiéis. Como numa espécie de contrato, as partes estão comprometidas: o fiel obedece e cumpre obrigações e o tal deus recompensa abençoando. Na lógica religiosa “não existe almoço grátis”. Outra maneira de dizer isso é afirmar que a religião está baseada na relação de méritos, que resultam em bênçãos, e deméritos, que resultam em maldições. Para que um determinado deus faça alguma coisa, os seus seguidores devem cumprir obrigações para com ele. O favor dos deuses custa caro.

Nesse sentido, o Cristianismo é o fim da religião, pois faz desmoronar a lógica da justiça retributiva. A mensagens dos apóstolos e dos cristãos chamados primitivos faz surgir no cenário religioso do mundo antigo uma novidade que até hoje ainda não foi bem compreendida. A surpreendente novidade do Cristianismo atende pelo nome de Graça de Deus. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é singular: ele não pode ser comprado. Não há nada que uma pessoa possa fazer para merecer o favor de Deus. Não há nada que uma pessoa possa fazer para atrair sobre si a ira de Deus. Essa é a essência da obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário: “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens [...] Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado (Cristo), para que nele (Cristo) nos tornássemos justiça de Deus” [2Coríntios 5.18,20].

A partir de Jesus Cristo não mais precisamos temer a ira de Deus, pois “nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo” [Romanos 8.1], e não precisamos mais barganhar com Deus para alcançar seu favor, pois “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com Ele, e de graça, todas as coisas?” [Romanos 8.32]. Libertos das obrigações em relação a Deus, estamos livres dos estreitos limites impostos pelos ritualismos e moralismos da lógica religiosa, o que nos exige responder por que, então, ainda nos dedicamos a fazer a vontade de Deus. Somente uma resposta é possível: fazemos a vontade de Deus porque a graça de Deus assemelha nosso coração ao coração de Deus. Antes, escravizados pela lógica “obedecer para receber a bênção”, fazíamos a vontade de Deus para fugir de sua ira e alcançar o seu favor. Agora, libertos pela graça, fazemos a vontade de Deus porque a ela nosso coração se afeiçoou: fomos transformados no entendimento, e passamos a considerar a vontade de Deus algo bom, perfeito e agradável [Romanos 12.1,2]. Aquele que foi alcançado pela graça, já não tem obrigação de fazer a vontade de Deus. Mas tem prazer [Salmo 1.2]. São esses os que podem dizer: “Pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi inútil” [1Coríntios 15.10].

2009|Ed René Kivitz

Fonte: http://www.ibab.com.br/ed090517.html

Teste do verdadeiro amor

Para saber quem te ama de verdade, faça o seguinte:

1 - Tranque teu cachorro e tua mulher no porta-malas do carro.

2 - Aguarde exatamente uma hora (uma hora mesmo, senão o teste não dá certo).

3 - Abra o porta-malas do carro.

4 - Veja quem estará feliz em te ver novamente.

É impressionante!

Qual a mensagem dessa foto-grafia?



Na infância de Jesus, brincando de esconde-esconde


É hoje, é possível se esconder de Deus?