Jesus: A chave hermenêutica

"Cristo é o Mestre, as Escrituras são apenas o servo. A verdadeira prova a submeter todos os Livros é ver se eles operam a vontade de Cristo ou não. Nenhum Livro que não prega Cristo pode ser apostólico, muito embora sejam Pedro ou Paulo seu autor. E nenhum Livro que prega a Cristo pode deixar de ser apostólico, sejam seus autores Judas, Ananias, Pilatos ou Herodes" — Martinho Lutero



É mais simples que pensar. Basta olhar para Jesus. Veja como Ele tratou a vida, as pessoas, a religião, os políticos, os pobres, os ricos, os doentes, os parias, os segregados, os esquecidos, os seres proibidos, os publicanos, as meretrizes, os santarrões, e o que mais você quiser...

Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e Nele estão TODOS os tesouros da sabedoria e do conhecimento.

O resto, meu irmão, é invenção de quem não quer lidar com Deus, consigo mesmo e com gente e prefere lidar com letras.

A Deus/Verdade não existe como Explicação, mas tão somente como Encarnação.

A Verdade Absoluta só pode ser vivida, não pensada.

Todo pensamento acerca dela decorre da experiência; ou seja: do processo de encarnação.

Assim, para enxergar a Verdade tem-se que vê-la na Única Vida na qual ela habitou cheia de Graça, e também tem-se que vivê-la.

E o Verbo se fez carne...

Por isto é que posso discernir a Verdade em Jesus, mas ainda assim só posso discernir se eu mesmo a experimentar na vida.

A Verdade que vejo em Jesus, Encarnada Nele — eu mesmo tenho que conhecer na minha própria vida/encarnação, que é o único estado de existência que eu tive até hoje.

Quando vejo Jesus, vejo a Verdade.

Quando vivo sabendo que Ele é a Verdade, mesmo que minha existência não encarne toda a Verdade que vejo em Nele, até nos meus movimentos contra ela, eu a conheço; visto que não tenho mais como não conhecê-la, mesmo que a negasse.

Foi assim com Pedro. Ele conheceu a Verdade em Jesus, e teve que experimentá-la em si mesmo. E, provavelmente, o dia no qual ele negou Jesus, tenha sido um dia, para ele, de muito mais verdade que a noite da Transfiguração.

Assim, Jesus é a chave hermenêutica para se discernir a Palavra, mas mesmo assim, eu só a conhecerei como Verdade, se eu mesmo a provar na minha carne; e isto é o que acontece quando a gente anda no Caminho; e assim é também mesmo quando a gente tropeça.

Desse modo, a Encarnação é a chave hermenêutica, mas essa chave tem que abrir antes o meu coração. E isto só acontece no encontro entre a Verdade e a Vida. Ora, tal encontro só se dá no Caminho e no caminhar...

Por fim eu lhe digo que este site é um exemplo de como se deve ler a Palavra somente a partir de Jesus, da Encarnação.

A primeira vez que expressei essa noção por escrito foi no meu livro "Seguir Jesus: o mais fascinante projeto de vida". Se puder leia. Está no site.



Nele, em Quem a Palavra está explicada em gestos, modos, atitudes, palavra e espírito,


Caio

Copacabana

Terça-feira, 23 de setembro de 2003 - 17:56

O que você pensa sobre o aborto?


Grande Amigo e irmão na fé, Caio Fabio.

Abraços e beijos no coração!

Nestes últimos dias um assunto veio em destaque nacionalmente: o estupro de uma criança de nove anos pelo padrasto em Pernambuco.

Os médicos ao examinarem a criança, descobriram a gravidez de gêmeos. Por esta razão, eles orientaram a mãe da criança e aos familiares que deveria fazer-se o aborto por ser uma gravidez de risco; ou seja: este menino poderia vir a óbito em conseqüência da gravidez.

O aborto foi autorizado pela mãe e assim os médicos o fizeram. Logo em seguida, ao tomar conhecimento, o bispo de Olinda, Dom José Sobrinho, excomungou todos (médicos e parentes da criança) com exceção da menina.

Diversas vezes você já se posicionou sobre o assunto, inclusive já comentou sobre o aborto pós-parto, ou seja, crianças abandonadas depois de geradas onde os exemplos estão em ruas, avenidas e praças do nosso País.

Sei que estou sendo um pouco prolixo, mas percebo, Caio, que os evangélicos ainda estão em cima do muro, não dão respostas firmes, decididas e com fundamentos e convicções de fé bíblica.

Gostaria muitíssimo, se possível, você voltasse a falar sobre o assunto, já que este acontecimento vem sendo discutido, principalmente agora, diante deste fato que caiu como uma bomba no meio Católico.

Sei da sua posição, repito, gostaria que você apenas ampliasse o debate ou nos trouxesse mais esclarecimentos, não com o intuito de ti provocar, de maneira nenhuma.

Nele, que é antes da formação de todos os fetos.

Roberval Alves da Silva

Teresina-Piauí
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Resposta:

Mano amado: Graça e Paz!

Minha posição eu a expressei aos 28 anos de idade, em um livro intitulado “Abrindo o Jogo Sobre o Aborto”, da Editora Betania.

Praticamente em quase nada mudei em minha posição desde então.

Nunca fiz aborto e nunca ninguém que comigo tenha conversado o fez.

Ao contrário, sou dos que adotam, não dos que abortam.

Creio que quem tenha real consciência do significado da vida e do Evangelho para a vida, esse tal não tem ânimo algum para fazer ou propor um aborto.

E, além disso, sempre que vi alguém que psicologicamente era fraca demais, e que, por isto, humanamente falando, pedia para fazer um aborto, eu mesmo me ofereci para adotar ou encontrei quem o fizesse.

Creio que um aborto sempre seja um atentado contra vida; e nada o fará ser outra coisa.

As bases bíblicas e “teológicas” você as encontrará em meu livro acima citado.

O que digo, não sobre o Aborto, mas sobre o modo como se o trata, é o seguinte:

1. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, assim como sou contra o homicídio, o suicídio, o infanticídio, a pedofilia, etc. — creio que a decisão de abortar ou não é de cada pessoa; e creio que não cabe a ninguém fora do âmbito familiar, meter-se na questão, a menos que seja chamado.

2. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, julgo ser um crime contra a consciência individual que a Igreja ou o Estado legislem ou criminalizem quem quer que, pela ignorância ou pelo desespero e desamparo, assim decida fazer.

3. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, acho que tal decisão é sempre dramática para quem tem que fazer com dor e consciência; portanto, é uma coisa de cada um com Deus; e penso que quem não sente nada ao fazer, esse tal com Deus haverá de se entender.

4. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, não creio que Jesus jamais tratasse alguém que tivesse..., ou tenha feito um aborto, conforme o Bispo de Olinda [Ófeia!] o fez.

5. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, reconheço que nos dias de Jesus muitas mulheres faziam abortos, mas que, apesar disso, Ele nunca falou no assunto.

6. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, defendo que todos sejam instruídos sobre o significado da vida e das possíveis conseqüências físicas e psicológicas para a mãe em um aborto —; e que por eu mesmo ser contra o aborto, creio que tal instrução deve ser ensinada nas escolas, nas igrejas, e, sobretudo, como mídia paga pelo governo.

7. Que embora eu mesmo sendo contra o aborto, assevero que tal decisão não tem fórum para além da família e da consciência das pessoas.

Além disso, também creio que parte do problema decorre do falso moralismo que, temendo hipocritamente estimular relações sexuais, não fala dos preservativos e contraceptivos.

Assim, preferem pensar que os meninos e meninas não transam.

Então, como avestruzes, enfiam a cabeça no buraco e pensam: “Nada está acontecendo aqui dentro do buraco!”

Isto para depois perguntarem assustados e surpresos:

“Por que será que meu traseiro está cheio de bala? Lá no meu buraco eu não via nada disso acontecer. Safadeza. Encheram meu rabo de bala enquanto eu estava seguro com a cabeça no buraco”.

Se formos fazer uma estatística, possivelmente verifiquemos que a maior incidência de meninas com gravidez indesejada esteja entre as classes bem pobres e as bem religiosas.

A Religião diz para não abortar, mas não ensina a não engravidar!

Creio que o aborto deveria ser descriminalizado, ao mesmo tempo em que também creio que o Governo e as Instituições que se ocupam da Vida, deveriam investir seus esforços na prevenção da gravidez indesejada, e, também, na instrução acerca das conseqüências psicológicas e, também, das dores de consciência que um aborto provoca em quem ainda tem uma.

Portanto, no caso Pernambucano, o que se deveria era deixar que a família decidisse, e não um Bispo que não sabe nem mesmo o que seja acordar a noite toda para cuidar de gêmeos de um estupro. O Bispo deveria pedir a guarda das crianças. Era o mínimo que ele deveria fazer se é contra o aborto.

Em se tratando de risco de vida para a mãe, creio que não haja o que discutir.

Um principio simples nesse caso é que uma vida existente e jovem é, em uma ética de escolha entre vida e vida, mais importante do que uma vida que ainda não veio a nascer.

É isto que penso!

O mais está lá no meu livreto!

Nele, que nunca abortou ninguém: nem os abortados e nem os que abortaram; posto que veja a todos com misericórdia; pois, quem não aborta como aborto, aborta como raiva, ódio, antipatia e até excomunhão, como foi o caso do aborto múltiplo que o Bispo praticou,

Caio

6 de março de 2009

Lago Norte

Brasília

DF

Fonte: www.caiofabio.com

Mostrando quem é o líder

Estava conversando com um casal amigo, que me contou o ocorrido em sua igreja de origem, no interior de São Paulo.

O pastor titular resolveu mostrar a todos quem era o líder, e como deveria ser tratado. Na frente de toda a igreja, grande em número, o referido ministro do evangelho intimou cada um de seus doze discípulos a, na presença de todos, lamber o sal que havia colocado em sua mão e, ato contínuo, seus discípulos foram até ele e, cada um, lambeu um pouco do sal na mão do ungido.

Em Goiânia, um colega me explicou o ato do sal na mão. Disse-me que é o que se faz quando se deseja colocar arreio em cavalo rebelde. Coloca-se um punhado de sal na mão, leva-o até a boca do animal e, enquanto este está comendo na mão do dono, o arreio é colocado sobre o seu dorso, sem que ele reaja.

Jesus Cristo, conta a escritura, um dia, também, resolveu mostrar quem era o líder e de que maneira ele tinha de ser imitado: “Jesus, sabendo ... que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. ” (Jo 13.2-5; 13-16)

O nobre colega, em questão deveria ler mais esse texto, aliás, ele e a turma da qual ele faz parte, que vive a dizer, tirando do contexto, o verso: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1 Sm 15.23)

Quem cometeu pecado de rebeldia, senão o líder, que usurpando a autoridade de Cristo submete seus discípulos à humilhação?

Quem cometeu pecado de rebeldia, senão o líder, que usurpando a autoridade de Cristo obriga seus discípulos a satisfazer a seus caprichos e suas decisões espúrias? Soube que na Bahia, um homem considerado como digno por seus pares, contrariando os seus valores, levou sua igreja apoiar certa candidatura para não incorrer no pecado de rebeldia em relação ao seu discipulador, que, depois de impor-lhe esse, mudou de idéia quanto a que candidato apoiar, decidindo apoiar um ímpio, sabe os céus porque razão.

Líder cristão demonstra a sua liderança lavando os pés de seus discípulos e não pedindo mais dinheiro.

Líder cristão demonstra a sua liderança amando aos seus discípulos até o fim, a ponto de dar a vida por eles, e não pedindo melhores carros e casas.

Líder cristão é exemplo do que significa ser ovelha de Cristo

Líder cristão sabe, a exemplo de Cristo, que tudo o que tem e o que precisa recebeu e receberá de Deus, sabe que veio do Senhor e para Ele vai voltar, sabe quem é, porque é e para quem é, logo, não precisa de ninguém paparicando-o, nem autenticando a sua liderança

Líder Cristão não precisa de títulos e quando os tem não os usa.

Líder cristão é servo, é isso que mostra quão próximo ele está do Senhor Jesus Cristo.

Os demais são anátemas.

Ariovaldo Ramos – www.ariovaldoramos.com.br

Sem perdão não existe amanhã

Alguém já disse que a família é o lugar dos maiores amores e dos maiores ódios. Compreensível: quem mais tem capacidade de amar, mais tem capacidade de ferir. A mão que afaga é aquela de quem ninguém se protege, e quando agride, causa dores na alma, pois toca o ponto mais profundo de nossas estruturas afetivas. Isso vale não apenas para a família nuclear: pais e filhos, mas também para as relações de amizade e parceria conjugal, por exemplo.

Em mais de vinte anos de experiência pastoral observei que poucos sofrimentos se comparam às dores próprias de relacionamentos afetivos feridos pela maldade e crueldade consciente ou inconsciente. Os males causados pelas pessoas que amamos e acreditamos que também nos amam são quase insuperáveis. O sofrimento resultado das fatalidades são acolhidos como vindos de forças cegas, aleatórias e inevitáveis. Mas a traição do cônjuge, a opressão dos pais, a ingratidão dos filhos, a rixa entre irmãos, nos chegam dos lugares menos esperados: justamente no ninho onde deveríamos estar protegidos se esconde a peçonha letal.

Poucas são minhas conclusões, mas enxerguei pelo menos três aspectos dessa infeliz realidade das dores do amar e ser amado. Primeiro, percebo que a consciência da mágoa e do ressentimento nos chega inesperada, de súbito, como que vindo pronta, completa, de algum lugar. Mas quando chega nos permite enxergar uma longa história de conflitos, mal entendidos, agressões veladas, palavras e comentários infelizes, atos e atitudes danosos, que foram minando a alegria da convivência, criando ambientes de estranhamento e tensões, e promovendo distâncias abissais. Quando nos percebemos longe das pessoas que amamos é que nos damos conta dos passos necessários para que a trilha do ressentimento fosse percorrida: um passo de cada vez, muitos deles pequenos e que na ocasião foram considerados irrelevantes, mas somados explicam as feridas profundas dos corações.

Outro aspecto das dores do amar e ser amado está no paradoxo das razões de cada uma das partes. Acostumados a pensar em termos da lógica cartesiana: 1 + 1 = 2 e B vem depois de A e antes de C, nos esquecemos que a vida não se encaixa nos padrões de causa e efeito do mundo das ciências exatas. Pessoas não são máquinas, emoções e sentimentos não são números, relacionamentos não são engrenagens. Imaginar que as relações afetivas podem ser enquadradas na simplicidade dos conceitos certo e errado, verdade e mentira, preto e branco é uma ingenuidade. A vida é zona cinzenta, pessoas podem estar certas e erradas ao mesmo tempo, cada uma com sua razão, e a verdade de um pode ser a mentira do outro. Os sábios ensinam que “todo ponto de vista é a vista de um ponto”, e considerando que cada pessoa tem seu ponto, as cores de cada vista serão sempre ou quase sempre diferentes. Isso me leva ao terceiro aspecto.

Justamente porque as feridas dos corações resultam de uma longa história, lida de maneiras diferentes pelas pessoas envolvidas, o exercício de passar a limpo cada passo da jornada me parece inadequado para a reconciliação. Voltar no tempo para identificar os momentos cruciais da caminhada, o que é importante para um e para outro, fazer a análise das razões de cada um, buscar acordo, pedir e outorgar perdão ponto por ponto não me parece ser a melhor estratégia para a reaproximação dos corações e cura das almas.

Estou ciente das propostas terapêuticas, especialmente aquelas que sugerem a necessidade de re–significar a história e seus momentos específicos: voltar nos eventos traumáticos e dar a eles novos sentidos. Creio também na cura pela fala. Admito que a tomada de consciência e a possibilidade de uma nova consciência produzem libertações, ou, no mínimo, alívios, que de outra maneira dificilmente nos seriam possíveis. Mas por outro lado posso testemunhar quantas vezes já assisti esse filme, e o final não foi nada feliz. Minha conclusão é simples (espero que não simplória): o que faz a diferença para a experiência do perdão não é a qualidade do processo de fazer acordos a respeito dos fatos que determinaram o distanciamento, mas a atitude dos corações que buscam a reaproximação. Em outras palavras, uma coisa é olhar para o passado com a cabeça, cada um buscando convencer o outro de sua razão, e bem diferente é olhar para o outro com o coração amoroso, com o desejo verdadeiro do abraço perdido, independentemente de quem tem ou deixa de ter razão. Abraços criam espaço para acordos, mas acordos nem sempre terminam em abraços.

Essa foi a experiência entre José e seus irmãos. Depois de longos anos de afastamento e uma triste história de competições explícitas, preferências de pai e mãe, agressões, traições e abandonos, voltam a se encontrar no Egito: a vitima em posição de poder contra seus agressores. José está diante de um dilema: fazer justiça ou abraçar. Deseja abraçar, mas não consegue deixar o passado para trás. Ao tempo em que fala com seus irmãos sai para chorar, e seu desespero é tal que todos no palácio escutam seu pranto. Mas ao final se rende: primeiro abraça e depois discute o passado. Essa é a ordem certa. Primeiro, porque os abraços revelam a atitude dos corações, mais preocupados em se aproximar do que em fazer valer seus direitos e razões. Depois, porque, no colo do abraço o passado perde força e as possibilidades de alegrias no futuro da convivência restaurada esvaziam a importância das tristezas desse passado funesto.

Quando as pessoas decidem colocar suas mágoas sobre a mesa, devem saber que manuseiam nitroglicerina pura. As palavras explodem com muita facilidade, e podem causar mais destruição do que promover restauração. Não são poucos os que se atrevem a resolver conflitos, e no processo criam outros ainda maiores, aprofundam as feridas que tentavam curar, ou mesmo ferem novamente o que estava cicatrizado. Tudo depende do coração. O encontro é ao redor de pessoas ou de problemas? A intenção é a reconciliação entre as pessoas ou a busca de soluções para os problemas? Por exemplo, quando percebo que sua dívida para comigo afastou você de mim, vou ao seu encontro em busca do pagamento da dívida ou da reaproximação afetiva? Nem sempre as duas coisas são possíveis. Infelizmente, minha experiência mostra que a maioria das pessoas prefere o ressarcimento da dívida em detrimento do abraço, o que fatalmente resulta em morte: as pessoas morrem umas para as outras e, consequentemente, as relações morrem também. A razão é óbvia: dívidas de amor são impagáveis, e somente o perdão abre os horizontes para o futuro da comunhão. Ficar analisando o caderno onde as dívidas estão anotadas e discutindo o que é justo e injusto, quem prejudicou quem e quando, pode resultar em alguma reparação de justiça, mas isso é inútil – dívidas de amor são impagáveis.

Mas o perdão tem o dia seguinte. Os que mutuamente se perdoam e se abraçam não são mais capazes de ferir um ao outro. Ainda que desobrigados pelo perdão, farão todo o possível para reparar os danos do caminho. Mas já não buscam justiça. Buscam comunhão. Já não o fazem porque se sentem culpados e querem se justificar para si mesmos ou para quem quer que seja, mas porque se percebem amados e não têm outra alternativa senão retribuir amando. As experiências de perdão que não resultam na busca do que é justo desmerecem o perdão e esvaziam sua grandeza e seu poder de curar. Perdoar é diferente de relevar. Perdoar é afirmar o amor sobre a justiça, sem jamais sacrificar o que é justo. O perdão coloca as coisas no lugar. E nos capacita a conviver com algumas coisas que jamais voltarão ao lugar de onde não deveriam ter saído. Sem perdão não existe amanhã.

Ed René Kivitz

Prova do Líder

O reality show mais famoso do Brasil está ensinando um conceito de liderança. Explico: Confinados dentro de uma casa construída pelo alicerce de intrigas, traições, inimizades, barracos, fofocas, vinganças, partidarismos, bajulações - que são requisitos necessários para sobrevivência na casa e audiência do programa – os brothers aniquilam a irmandade e corrompem o próprio caráter em troca de fama e dinheiro. Para ganhar o prêmio final prometido e cobiçado é necessário usar todas as armas (im)possíveis. A convivência dentro da casa se mostra como uma guerra sem trégua, semelhante à vida selvagem dos animais que tem que matar para viver. E é nesse contexto que a liderança da casa surge como o prêmio mais cobiçado e a mais eficiente arma de guerra para fuzilar o adversário no paredão de execuções e continuar dentro da casa concorrendo ao prêmio final.

Ser o líder do BBB só é possível quando se ganha uma prova de resistência ou sorte. Aquele que ganha a prova do líder merece imunidade, privilégios, conforto, direito a indicar seu maior adversário ao paredão de execuções e passar mais dias na casa. Esses direitos definem o que é ser líder. Assim, ser líder é aquele que mata para viver, exclui para ser exclusivo, tem direitos e nunca deveres, é servido pela bajulação e nunca serve para não ser traído, é poderoso e nunca amoroso, vingativo e nunca reconciliador.

Esse conceito de liderança herdado pelo BBB tem sido propagado e aplicado em nossas relações. Quem não quer ser o líder dentro da sua casa? Quem não quer ter o melhor quarto, excluir quem você quiser da sua convivência, mandar e desmandar, ser adulado e bajulado, servido e querido, ter todos os desejos satisfeitos, ter todos aos seus pés e decidir o futuro da convivência na casa? Quem não quer ser o líder para ter todo o poder? A sabedoria popular já nos diz que o verdadeiro caráter de uma pessoa é conhecido quando a pessoa está no poder.

Jesus apresenta seu caráter quando nos ensina um paradigma de liderança extremamente contra a cultura desse reality show. O evangelho de João registra no capítulo 13 a prova do líder. Jesus mostra qual é a prova para saber quem é o verdadeiro líder segundo os critérios do Reino de Deus: Servir. Esta é a prova. Jesus mostra quem é o líder quando fica despido da cintura para cima, de joelhos aos pés dos seus discípulos, com uma bacia de água na mão e toalha na outra. Lavar os pés calejados, sujos, descascados, feridos, empoeirados pelos (des)caminhos da existência. Esta foi a atitude que aprovou e definiu a liderança de Jesus como o líder-servo de todos.

A cena do lava-pés chama a minha atenção por dois motivos: Primeiro, o serviço de lavar os 24 pés acontece um pouco antes de Jesus ser preso e abandonado pelos que tiveram seus pés limpos pelo serviço do amor. Pedro e Judas que o digam. Mesmo sabendo que iria ser traído e abandonado, mesmo assim, Jesus lavou os pés dos seus aprendizes imaturos, críticos, confusos, incrédulos, frouxos, covardes, medrosos, traidores, e fugitivos até tocarem no Cristo ressurreto.

O que também me chama mais atenção no lava-pés é o que também mais intriga. Pedro rejeitou o serviço de Jesus dizendo: "Nunca lavarás os meus pés". Disse isso, julgando–se não merecedor de tal serviço, ao que recebeu como resposta de Jesus: "Se eu não os lavar, então você não terá parte comigo". A resposta é a mais absurda e extremada reação contra a cultura do líder BBB. Jesus estava ensinando que as únicas pessoas com quem podemos nos relacionar são aquelas a quem lavamos os pés. Pois convivemos com pessoas com pés sujos pelas poeiras da vida. Ninguém tem pezinho de princesa nem de cristal. Andamos por caminhos cheios de pedras. E por isso nossos pés estão machucados com os traumas da caminhada nessa existência cheias de percalços terríveis. Ou seja, se você não está disposto a servir, será impossível conviver e suportar as pessoas em suas imperfeições e crises. Você só pode se relacionar com quem quer que seja se estiver disposto a serví-las.

É exatamente isso que devemos fazer para prevenir, preservar e consertar relacionamentos: Servir. Assuma o lugar de servo e faça o que ninguém gostaria de fazer. Servir ou o fim do relacionamento. Servir ou viver enterrado no caixão soltário do seu egoísmo mesquinho. Servir ou carregar uma bagagem cheio de memórias de mágoas e tatuagens de ressentimentos profundos no coração. Servir ou matar o outro pela omissão do serviço.

Servir: Esse deve ser o critério para ser líder. Assim, o líder segundo Jesus é aquele que jamais exclui alguém de casa; antes serve para prevenir, preservar e consertar os relacionamentos, em vez de descartá-los e jogá-los fora. Sirva. Pois quem não vive para servir, não serve para viver com você.

Em síntese: somente conseguiremos nos relacionar com as pessoas a quem estivermos dispostos a lavar os pés. Servir é fazer tudo sem ambição egoísta nem por vaidade, mas sim humildemente, considerando os outros superiores a nós mesmos. Servir é cuidar não somente dos nossos interesses, mas também dos interesses dos outros. Assim, quem deseja conviver com a mesma pessoa, pela mesma estrada da vida, por longos anos, precisa saber que em alguns trechos deverá levar seu par no colo, lavar seus pés empoeirados e feridos, conduzí-lo à trilha do caminho da vida, andar no mesmo caminho, mesmo que em passos diferentes; enfim, servir, sob pena de seguir viagem sozinho, ou com uma pessoa desconhecida ao lado, cujo fim é a solidão e a morte.

Em Cristo, que veio para servir e não para ser servido.

Jairo Filho

Qual a mensagem desta foto-grafia?

Manga com Leite

Um dia um caipira chegou para a mulher e disse:

- Muié, tô indo trabaiá i só vorto di noiti.

Quando saiu de casa ao invés de ir para roça, subiu em um pé de manga e ficou escondido.

De repente aparece um negão, vai até o pé de manga e nem percebe que o caipira estava lá.

Pega uma manga e começa a chupar, pega mais uma, pega outra.., aí a mulher do caipira aparece e diz:

- Pode vir negão, ele já foi!

E o negão entra na casa do caipira.

O caipira, p*to da vida, desce da árvore, pega um facão e entra na casa. Quando ele abre a porta vê o negão se divertindo nos peitos da sua mulher, então levanta o facão e diz:

- Vai morrêêêê negão!!!

Nisso o negão saca um 38 da cintura, aponta pro caipira e diz:

- Por que eu vou morrer?

E o caipira:

- Chupô treis manga e agora tá tomando leite. Assim tu vai morrê negão, manga com leite faiz mar...