O que é pecado?




Introdução

Muita gente pergunta para mim: Isso é ou não é pecado? Aquela pessoa é mais pecadora do que a outra? Esse pecado é maior do que aquele? Por que esse bebê já é considerado pecador? Por que todos somos pecadores? Por que o bem que quero fazer eu não faço? O que é pecado?

A definição mais comum para pecado é “infringir normas divinas”. I João 3:4 afirma isso: “Todo aquele que pratica o pecado transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei”. Com base nesse e outros textos, o teólogo Millard Erickson definiu pecado como “qualquer falta de conformidade, ativa ou passiva com a lei moral de Deus. Semelhantemente, o teólogo Wayne Grudem define pecado como “deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza”. Perceba que a ênfase dessas definições de pecado recai sobre “conformidade com a lei” e sobre a idéia de que há uma autoridade legisladora suprema.

Diante disso, como traduzir o conceito bíblico de pecado para a atual geração pós-moderna? Para muitos, o conceito de pecado não faz o menor sentido nem diferença. Isso acontece porque temos alguns pressupostos filosóficos, culturais e religiosos impreguinados na mentalidade pós-moderna que impedem a absorção do conceito de pecado como transgressão à lei de Deus. Vejamos esses pressupostos:

1. Rejeição à autoridade legisladora: A geração pós-moderna absorveu uma mentalidade avessa a toda e qualquer autoridade legisladora. O ditado popular sugere que toda lei foi feita para se desobedecer. Há um espírito de rebelião na natureza humana e no comportamento da sociedade que rejeita normas, leis, regras civis e, principalmente, religiosas. A cultura religiosa popular desenhou um Deus autoritário e ditador de condutas morais com alto padrão de exigência. Para você ter uma idéia, no interior do Nordeste, todo evangélico é aquele que entrou para a "lei dos crentes". Isso acontece porque a religiosidade cristã produziu uma teologia moral de causa e efeito que resume a relação com Deus exclusivamente em obedecer às regras de Deus para ser premiado; ou, se desobedecer, ser castigado. Dessa forma, como falar de pecado para uma geração que rejeita ditaduras morais e religiosas e enxerga Deus como um legislador autoritário?

2. Relativização da verdade: Uma vez rejeitando as legislações impostas, a geração pós-moderna absorveu também uma mentalidade que relativiza valores morais, éticos e religiosos. Agora há um descaso com qualquer autoridade externa ao individuo. Quando falamos que isso ou aquilo é pecado, logo somos interrogados: “Quem é você para dizer o que é certo ou errado?” Agora, a verdade é produzida pela jurisdição interior de cada individuo. E a verdade deixa de ser absoluta para ser relativizada por cada um. Em resumo, nossa geração vive o adágio popular de que cada cabeça tem sua sentença. Exemplo: As práticas de roubar, mentir, adulterar e matar podem não ser consideradas pecados em determinadas ocasiões. Todo mundo concorda que roubar é pecado, mas que roubar de nosso governo corrupto não é pecado. Sempre ouvimos isso: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Todo mundo concorda que mentir é pecado, mas mentir para preservar o emprego não é pecado. Todo mundo concorda que adulterar é pecado, mas se apaixonar por outra pessoa quando o casamento está em crise é uma boa saída para apimentar e valorizar a relação conjugal. Todo mundo concorda que matar é pecado, mas matar o pedófilo que estuprou e matou a menininha de sete anos não é pecado. Assim, os fins justificam o pecado e relativizam a verdade. Em outras palavras, para algo ser pecado é preciso que seja um crime hediondo que extrapole a consciência mais depravada. E mesmo assim, tem gente que discorda disso.

A rejeição da autoridade legisladora e a relativização da verdade exigem uma revisão do conceito de pecado. Se observarmos o comportamento social, cultural e religioso vamos perceber que a definição do que é pecado sofre metamorfoses com o passar dos tempos.

Nas décadas das famílias tradicionais no Brasil era absurdo falar em e com homossexuais; hoje, isso é considerado crime de homofobia. E isso influencia a educação sexual ensinada pelos pais aos seus filhos. Luis Fernando Veríssimo demonstra essa mentalidade quando desenhou uma tira da Família Brasil na qual o avô pergunta à neta grávida se o bebê seria homem ou mulher, ao que ela respondeu com naturalidade: “Não sei, vai escolher quando crescer”.

Adultério sempre foi visto como pecado grave tanto pela religião cristã como pela ética e a moral da sociedade laica. Mas com o passar dos tempos, alguns casais encontraram a jutificativa, a permissão e a solução para o ciúme e o adultério: swing, troca de casais. Há um acordo entre os cônjuges para não haver ciúmes. É a promoção do sexo pelo sexo. E com isso, o swing deixa de ser mais uma aberração sexual e para ser apenas mais uma opção sexual de relacionamentos. E quem discordar disso é considerado preconceituoso. 

Há um exemplo de adultério no cinema. O filme "Titanic" mescla uma história real de naufrágio com uma aventura romântica. O roteiro mistura uma tragédia com um adultério. E quase ninguém percebe isso. A personagem Rose tem um noivado em crise com um homem rico e chato. Nesse cenário, aparece o lindo e aventureiro Jack conquistando e transando com a Rose. Resumindo: O autor desse filme conduz todo espectador a torcer pela aventura romantica de adultério entre Jack e Rose. Pior ainda: Muitos queriam estar no navio exatamente no lugar dos dois. Nesse caso, aprendemos que adultério não é pecado.

Antes, não ser virgem era motivo de discriminação; hoje é o contrário. Surgiu recentemente uma propaganda na TV que mostrava uma avó com sua neta no restaurante. A avó censura sua neta por usar chinelos no restaurante. A neta prontamente responde que ela não usava simples chinelos, mas sandálias que combinavam com ambientes chiques; e logo em seguida, a neta cesura a avó por ser atrasada e não ser tão moderninha como ela. Em seguida, aparece um ator galã no restaurante. As duas olham para ele com admiração. A avó sugere para neta arrumar um galã como aquele ator. A neta, imaginando que a avó está pensando em casamento, responde que acha chato casar com homem famoso. A avó prontamente responde: “Mas quem falou em casamento? Eu to falando de sexo.” A neta suspira surpreendida com a resposta e escuta ainda a avó dizer: “Depois eu ainda sou a atrasada?” Perceba a mensagem da propaganda: Usar as sandálias é ser tão moderno quanto alguém que faz sexo casual. O que era um tabu há alguns anos, agora vira sinônimo de modernidade. Assim, hoje quem não faz e curte um “affair” é careta atrasado e retrógado. Os valores éticos e morais da sexualidade em nossa cultura estão se invertendo cada vez mais. O que era imoral, agora é moralmente aceito com naturalidade. E o que era errado vira certo.

Espero estar errado, mas do jeito que a carruagem está andando, suspeito que, com o passar do tempo, os pedófilos deixem de ser vistos como criminosos e conquistem sua vez e voz  de aprovação na mídia. Será que no futuro iremos achar normal um homem de 50 anos transar apaixonado por uma menina de 8 anos?

Semelhantemente, os valores religiosos também seguem esse mesmo rumo. Muita gente não sabe que os orgãos sacralizados no início da igreja protestante evangélica no Brasil eram usados em cabarés nos USA. As igrejas do passado abominavam instrumentos musicais de corda e percussão, mas hoje estes instrumentos já estão sacralizados.

Acompanhar músicas agitadas batendo palmas era trazer o mundo para dentro da igreja. Praticar esportes eram práticas pecaminosas e mundanas que deveriam ser evitadas pelos crentes. Hoje tem igreja-templo que é quadra de esporte durante a semana e no domingo é templo religioso.

A dança sempre foi um grande pecado capital para a cultura evangélica. Era considerada mundana demais para ser aceita e praticada. Hoje, uma igreja que não dança com suas coreografias é uma igreja morta.

Para você ter uma idéia, há, em nossos dias, forró evangélico que reúnem casais para dançar nos cultos. Para os crentes, antigamente, a televisão era a imagem da besta. Hoje, os crentes não saem da frente da TV nem da TV. E quem é besta é quem não usa a TV para falar da sua igreja.

No passado, a moça que usava calça, maiô ou biquíni era considerada vulgar onde quer que fosse. E a mulher evangélica que usasse maquiagem ou andasse na moda era vista como pecadora, mas hoje há desfile de modas nas igrejas com modelos profissionais cristãs.

Na década de trinta um homem de respeito usava chapéu, boina, boné. Hoje, o chapéu ou boné na igreja é considerado desrespeito a Deus. O homem de terno e gravata sempre foi visto como homem santo e mais espiritual do que outros. Um homem sem terno e gravata era proibido de pregar de púlpito em algumas igrejas. Hoje, terno e gravata está virando sinônimo daqueles que participam das máfias do colarinho branco em Brasília.

Em 1982, houve uma campanha de oração no Brasil contra a primeira edição do Rock in Rio. Na sua terceira versão em 2001, um grupo gospel, Oficina G3, participou da abertura desse evento.

A sexualidade sempre foi um grande tabu no meio evangélico, a ponto de ser sempre considerada pecado. Mas, hoje, para surpresa de alguns poucos, existem igrejas a favor de todas as opções e orientações sexuais, e, até mesmo, há pastores gays ordenados.


Imagine comigo um evangélico da década de 1930 no Brasil entrando na máquina do tempo e chegando em 2009. O que ele pensaria ao ver todos os usos e costumes culturais condenados pela igreja se tornarem próprio ao ambiente de culto? Agora imagine eu e você entrando na máquina do tempo e chegando em 2050. O que será ou não será pecado nessa época?

A grande dúvida é que parece que o que é pecado hoje, amanhã não é mais. Logo, como vou saber se isso é pecado ou não? Alguém pode dizer: Hoje isso é pecado, mas espera mais um tempo que daqui a pouco não será mais pecado, e assim, você pode fazer o que você tanto deseja.Afinal, o que é pecado?

Não quero analisar todos os casos culturais e religiosos citados acima, mas quero dizer que ao mesmo tempo é positivo perceber que muitos hábitos e conceitos culturais vêm sendo reciclados com o passar do tempo, como também é negativo perceber que muitos valores morais, éticos e bíblicos absolutos estão sendo negociados e relativizados.

A conclusão que chegamos é que falar sobre pecado não se resume em cumprir ou não cumprir regras e leis religiosas. Devemos entender o significado bíblico de transgredir a lei de Deus e diferenciá-lo da transgressão às leis religiosas. As leis religiosas são mutantes com o passar do tempo, pois são fabricações da religiosidade cristã. Mas a lei de Deus é boa, absoluta e imutável, pois é legislada com a autoridade e a verdade do Deus amoroso, santo e justo (I Tm 1:8).

Mas, afinal, o que é pecado? Como eu posso traduzir a definição bíblica de pecado para a nossa sociedade contemporânea? Eis 2 aspectos sobre o pecado que formam uma definição bíblica e existencial sobre o pecado.

1. PECADO É A NATUREZA HUMANA

O pecado sou eu. Eu sou o pecado. A natureza pecaminosa é a raiz da alma humana. O pecado é um estado de ser. Pecado é uma inclinação, uma disposição interior, uma tendência natural para o mal. O ser humano é tão culpado por pecar quanto o tuberculoso é culpado de tossir. O problema já não é a tosse, mas a tuberculose. Isso inverte a idéia de que sou pecador porque peco. Na verdade, peco porque sou pecador. Desde a concepção no ventre materno, o feto humano, em desenvolvimento, é pecador. Davi afirma: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” (Sl 51:5). E Paulo nos diz que “éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2:3). Isso quer dizer que mesmo sendo um feto no ventre materno ou um religioso dormindo, que ainda não pecaram ativamente com atos externos e visíveis, ainda sim, são pecadores por natureza aos olhos de Deus.

A natureza pecaminosa do ser humano implica em dizer que cada parte de nosso ser está maculado pelo pecado – o intelecto, as emoções, o coração, o corpo. Diz Paulo: “Sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum” (Rm 7:18). Esse “bem” é o bem espiritual no tocante ao relacionamento com Deus. Além do mais, somos, por natureza, defuntos espirituais mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2:1). Até mesmo o homem religioso busca a Deus com as mais íntimas intenções e motivações maculadas pelo pecado. Em resumo: Por natureza, o homem é incapaz e impossibilitado de se chegar a Deus por si só (Rm 3:10), pois não tem desejo, iniciativa, meios nem méritos para se reconciliar com Deus. Assim, sem o milagre da obra de Cristo em nós é impossível a nossa salvação.

2. PECADO É VIVER FORA DO PROPÓSITO PELO QUAL FOMOS CRIADOS E SALVOS

A Bíblia fala que a natureza pecaminosa se expressa em atos e pensamentos. Tanto atos de roubar, mentir, adulterar ou cometer homicídio, como também pensamentos e desejos de egoísmo, ciúme, raiva, ódio, cobiça, ira, luxúria são pecados diante de Deus. Isso quer dizer que pecar não se resume exclusivamente em atos exteriores de pecado visíveis na sociedade; mas também, e principalmente, desejos impuros e malignos do coração. A espiritualidade ensinada por Jesus aponta para o pecado no coração do homem quando nos ensina: “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias”. (MT 15:19). Jesus extrapola a justiça dos fariseus - que preservavam uma santidade estética de reputação social – quando denuncia o pecado do homem dentro do coração.

A Bíblia nos ensina que as leis de Deus expressam e revelam o caráter de Deus. Se fomos criados à imagem e semelhança de Deus, nossa plena humanidade se desenvolve quando estamos vivendo em conformidade com o Deus que expressamos e de quem derivamos. Exemplos: Se Deus é amor e perdão, não podemos ser ódio e vingança, mas devemos amar e perdoar; e por isso, matar e banir pessoas da nossa existência é pecado. Se Deus é a verdade, não podemos mentir, mas falar sempre a verdade com transparência e sinceridade. Só seremos plenamente humanos, inteiros, realizados, completos, saudáveis e equilibrados quando vivermos em conformidade com o caráter de Deus e sua natureza.

Por isso, é extremamente essencial e importante construir nossa espiritualidade olhando para Jesus. Quando olhamos para Jesus vemos o caráter de Deus. Quando olhamos para Jesus enxergamos o ser humano como Deus pretendeu que fôssemos. Dessa forma, Jesus é considerado o segundo Adão, pois ele é a inauguração de uma nova raça regenerada a partir da cruz. “Pois assim como, por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens, para a justificação que dá a vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”. (Rm 5:18, 19).

Sendo assim, o propósito de nossa vida é ser semelhante a Jesus, uma vez que Jesus é a imagem exata de Deus e é a imagem exata do ser humano como Deus pretendeu que fosse. Ou seja, Jesus nos ensina ser plenamente seres humanos quando nos ensina a viver segundo o caráter de Deus. Isto chama-se santificação. Santificação é processo contínuo de viver semelhante a Jesus. Esse processo de santificação por toda a vida é sinônimo de felicidade. Felicidade nada mais é do que viver de acordo com o propósito pelo qual fomos criados. E qual é o propósito de sermos criados? Ser semelhantes a Jesus.

Vamos ilustrar essa idéia imaginando como seria uma bola de futebol feliz. Uma bola feliz é uma bola que está funcionando de acordo com o propósito pelo qual foi criada. Ou seja, bola não foi criada para ser peça de museu, nem para servir de assento como se fosse uma cadeira, nem para bater prego como se fosse um martelo, ou costurar um tecido como se fosse uma agulha. Semelhantemente, pecar é quando funcionamos de maneira contrária ao propósito pelo qual fomos criados. Quando caminhamos na direção contrária ao propósito de nossa criação de ser semelhante a Jesus, pecamos e colhemos frustração, insatisfação, infelicidade. Quanto mais o ser humano se distancia do caminho de ser semelhante a Jesus, mais ele fica bestializado e desumano. Assim, você não foi criado para odiar, mas sim para amar. Você não foi criado para roubar, mas para compartilhar. Você não foi criado para matar, mas para gerar vidas. Você não foi criado para a carnalidade egoísta e hedonista, mas para a piedade altruísta. Você não foi criado para a soberba da vida, mas para a humildade de espírito. Você não foi criado para ser filho do inferno, mas para ser filho de Deus. Enfim, você não foi criado para viver em pecado, mas para ser humanamente santo como Jesus.

Conclusão

Concluo dizendo que pecado realmente é infringir a lei de Deus. Mas qual o significado da lei para a nossa vida? Ante de tudo, “Sabemos, porém que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo” (I Tm 1:8). Porque se alguém usa a lei de maneira inadequada, a lei é opressora, pois gera muitos crentes feridos em nome do legalismo religioso.

O reformador protestante João Calvino nos ensina que a lei tem basicamente três funções: (1) Tornar-nos indesculpáveis. Pois a lei revela a natureza pecaminosa e a nossa incapacidade de corresponder ao alto e exigente padrão de Deus de santidade e obediência. (2) Refrear a maldade humana. Pois a lei foi nos dada para conter a maldade nas relações sociais. (3) Apontar o caminho da liberdade em Cristo. Ao mesmo tempo em que a lei lembra de nossa dívida impagável e incapacidade de obedecer a Deus, a lei também aponta para o sacrifício de Cristo na Cruz. A leia nos aponta para a graça do evangelho, pois Jesus sofreu o castigo de morte pela nossa desobediência e rebelião contra Deus, como também obedeceu toda a vontade de Deus em nosso lugar. Assim, na cruz de Cristo nós temos a justiça e o amor de Deus que garantem o perdão de nossos pecados.

Sabendo que somos pecadores por natureza e, por isso, pecamos quando nos afastamos do propósito de ser semelhantes a Jesus, podemos concluir dizendo que a salvação só é pela graça de Deus (Ef 2:8,9), e sendo pela graça, somos chamados a viver libertos do pecado pela cruz de Cristo para nos consagrarmos a Deus em santidade (Rm 6:1, 2, 11-14).

Em Cristo, que nos libertou do pecado

Jairo Filho

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