Texto 1: Por que pessoas boas sofrem?

Li o relato de uma mãe dizendo que sua alegria se tornou em amargura e profunda tristeza quando deu à luz a uma menina com spina bífida, um defeito de nascimento que deixa exposta a medula vertebral. Ela relatava como as contas médicas esgotaram as economias da família e como o seu casamento ruiu quando seu marido passou a ficar ressentido com o tempo que ela devotava à filhinha enferma. À medida que o corpinho de sua filha se desintegrava, ela começou a duvidar do que antes havia crido acerca de um Deus amoroso.

Acompanhei muito de perto o drama de um casal cristão que assistia seu filho caçula sobrevivendo há 7 anos por meio de aparelhos no hospital. Era impossível, ao encontrá-los, não ver suas lágrimas e as grandes interrogações de sua crise de fé. E em 2004 o menino faleceu com apenas 12 anos.

Conheci uma mulher empresária com boas condições financeiras, piedosa, bondosa e serva do Senhor que compartilhava suas finanças em projetos missionários e assistindo amigos carentes e de baixa renda. Mas ela sofria de depressão. Ela dizia que não tinha motivos alguns para ficar deprimida. Gozava de uma boa saúde, tinha uma ótima situação financeira, tinha um excelente casamento e lindas filhas. Mas na maioria dos dias, quando acorda, ela não consegue imaginar uma única razão para continuar vivendo. Já não se importa com a vida ou com Deus. Quando ora, não se sabe se alguém está de fato ouvindo.

Fiquei impressionado quando li a história de Ricardo, um jovem cristão universitário, que conheceu a Cristo por meio de sua melhor amiga, e ela logo se tornou depois sua namorada. Ele relatou que orava sem cessar para que seus pais se reconciliassem. Mas seus pais se separaram. Quando tinha que tomar decisões importantes, ele lia a Bíblia e orava pedindo orientação. E chegou a conclusão: “Deus me orientava, mas sempre em todas às vezes eu acabei me dando mal”. Certa vez, numa entrevista de emprego, o empregador contratou outro candidato com menos qualificações, deixando Ricardo desempregado e com dívidas. Na mesma época sua noiva o largou sem dar nenhuma explicação para ficar com outro. A maior dor foi saber que ela havia tido um papel importante no seu crescimento espiritual e, no momento que ele mais precisava, o abandonou e o trocou por outro.

Testemunhei o drama do seqüestro de um casal de amigos. Em certo domingo de 2002, este casal estava cantando na igreja num culto muito especial. Relataram que neste domingo a noite, a presença de Deus estava sendo muito percebida. Mas ao saírem da igreja de volta para casa, foram abordados por quatro homens armados que interceptaram o carro do casal e os levaram para dentro de um canavial. E mulher ficou sozinha com os quatro homens armados no canavial sombrio e deserto, enquanto o marido foi mandado embora para buscar dinheiro e pagar o seqüestro. E tudo isso aconteceu imediatamente após o culto de louvor a Deus no domingo a noite.

Marina tirou a sorte grande ao casar com Marcelo, diziam as amigas com uma certa dose de inveja. Conseguiu o marido dos sonhos: bonito, rico, bom caráter, e melhor de tudo, um cristão sério. Algumas diziam que merecia: uma obediente filha de pastor, bonita, séria com Deus e dedicada na igreja. Era uma menina que estava se recuperando de um luto inesperado - seu primeiro noivo, com quem teria se casado, faleceu. Agora estava feliz. Um novo recomeço estava surgindo. Marcelo era o marido perfeito de um casamento perfeito que já durava 5 anos. Numa noite de quinta-feira, Marina desconfiou de uma mensagem deixada no celular do marido, e no domingo seguinte estava sozinha. Marcelo confessou que a traía havia mais de 3 anos com várias mulheres, e que agora estava apaixonado por uma namorada do trabalho, com quem estava se relacionando nos últimos 3 meses.

Poderia continuar contando muitas histórias como essas e a lista seria muito grande. E com certeza, você nem precisa ser um excelente observador da vida para acrescentar mais histórias. Talvez você seja um personagem de um história assim.

Mas as perguntas que não querem calar em meu coração eu deixo agora com você: Por que Deus permite que pessoas boas sofram? Onde Deus está diante de nossa dor? Deus é injusto? Por que ele não age com coerência, punindo as pessoas más e recompensando as boas? Deus está calado? Por que Deus não fala comigo quando eu mais preciso de sua orientação? Deus está escondido? Por que ele não se revela através de milagres, para calar os incrédulos? Ouvi e fiz muitas vezes esse tipo de pergunta. E você já fez perguntas assim? Você está fazendo um coro uníssono comigo agora? Ou não tem coragem de perguntar? Ou quem faz perguntas assim é incrédulo e/ou ateu? Ou um cristão íntegro e temente a Deus nunca formularia essas interrogações a Deus? Leia o livro de Jó e busque entender por que pessoas boas sofrem. Se você quiser, me acompanhe nessa leitura nos próximos textos.

Em Cristo, que nos chama a crescer na fé sem esconder nossas mais íntimas dúvidas de fé a Deus.

Jairo Filho

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